segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Coerência na Marcha de Paris: Obama ausente, Netanyahu presente. A desculpa esfarrapada de Kerry e o pedido embaraçoso de Hollande

Com Blog Felipe Moura Brasil - Veja



Coerência na Marcha de Paris: Obama ausente, Netanyahu presente. A desculpa esfarrapada de Kerry para o primeiro e o pedido embaraçoso de Hollande ao segundo

I.
Obama prioridade
“Depois do terror em Paris, a prioridade de Obama é combater a islamofobia.” Será dele a Globo News?
As relações entre os EUA e a França “não se resumem a um dia ou a um momento particular”.
Esta foi a “desculpa” que o secretário de Estado americano, John Kerry, encontrou para amenizar a vergonhosa ausência de Barack Hussein Obama (e do vice Joe Biden; e do secretário de Justiça, Eric Holder) na marcha de domingo em Paris, que reuniu cerca de 1,5 milhão de pessoas na capital (3,7 em toda a França) e mais de 40 chefes de Estado e de governo, contra o terror islâmico e pela liberdade de expressão.
Eu uso o mesmo discurso quando falto as festinhas de aniversários de amigos: sabe como é, nossa amizade não se resume a um dia ou a um momento particular… – uma maneira sorrateira de dizer que eu não estava a fim de ir ou encontrei algo melhor para fazer, mas nem por isso vamos abalar as relações, não é mesmo? A diferença é que eu só represento a mim.
“É uma relação de longo prazo que é profundamente baseada em valores compartilhados, particularmente o compromisso que compartilhamos sobre a liberdade de expressão”, enrolou Kerry, em viagem à Índia. “Nenhum ato de terror jamais impedirá aqueles que estão comprometidos com a marcha da liberdade”, disse a jornalistas.
Pausa para bocejos.
Dessa vez, até a CNN lançou a pergunta “Onde estava Obama?”, espalhada pelas redes sociais. Talvez estivesse no mesmo lugar desconhecido de onde estava sendo “atualizado em tempo real” dos ataques em Bengasi, na Líbia, antes de pegar um avião para um evento de campanha em Las Vegas.
Pelo menos, sua ausência na marcha de Paris é coerente. Quando aliados da al-Qaeda mataram 4 americanos em Bengasi, incluindo o embaixador Christopher Stevens, o presidente e seus subordinados culparam um vídeo do YouTube crítico ao profeta Maomé – cujo autor foi preso por questões “oficialmente” não vinculadas à produção -, assim como energúmenos culpam agora os jornalistas e cartunistas do “Charlie Hebdo” pelos ataques de que foram vítimas.
Duas semanas após o episódio – sobre o qual escrevi dezenas de artigos -, Obama ainda disse na ONU a famigerada frase que mostrei aqui: “O futuro não pertence àqueles que difamam o profeta do Islã.” Pode isso, Arnaldo?
No enterro de um dos assassinados, o oficial Tyrone Woods, a então secretária de Estado, Hillary Clinton, por sua vez, disse ao pai da vítima que faria de tudo para pegar o autor do vídeo, enquanto o vice, Joe Biden, perguntou a este mesmo pai sobre os testículos do falecido: “Seu filho sempre teve bolas do tamanho das de bilhar?”
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E-mails revelaram depois que o governo Obama soubera desde o começo se tratar de um ataque terrorista, mas, em plena campanha de reeleição do presidente, manipulou as informações porque isto podia “ser indevidamente usado por congressistas para atacar o departamento por não ter dado atenção aos avisos”, como escreveu a porta-voz Victoria Nuland, orientando sua equipe a sumir com as menções comprometedoras de ameaça.
Questionada no Senado sobre as mentiras do governo, Hillary Clinton se saiu com a ‘pérola’: “Que diferença faz a essa altura?
Pois é. Que diferença faz se Obama não compareceu à marcha de Paris? Obama não é Charlie. Nunca foi, nem nunca será.
II.
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A fim de manter o conflito Israel-Palestina fora da demonstração de unidade dos europeus, o presidente francês François Hollande teria pedido ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para não comparecer à marcha, de acordo com o jornal israelense Haaretz. Como Netanyahu insistiu, ele teria avisado que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, compareceria também. Verdade ou não, o fato é que a luta de Israel é a luta do Ocidente, embora o Ocidente lamentavelmente se recuse a enxergar tamanha obviedade.
A mesma Europa que finge que o Hamas não é um grupo terrorista e se opõe aos israelenses em sua luta contra o terrorismo islâmico precisa aprender a tuitar #JeSuisJuif, assim como tuíta #JeSuisCharlie.
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III.
Outros comentários de domingo:
Captura de Tela 2015-01-12 às 16.15.11Captura de Tela 2015-01-12 às 16.15.03IV.
A propósito: não, ninguém no mundo sentiu falta de Dilma em Paris.