O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro permanece avançando, mas a composição mais desfavorável do crescimento – calcada em consumo de serviços em vez da produção de bens ou demanda por investimentos – pode frustrar as expectativas por uma recuperação mais substancial da economia à frente, avaliou Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB no Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
A atividade econômica cresceu 0,3% na passagem de outubro para novembro. O Monitor do PIB antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais.
“É frustrante, porque está perdendo fôlego. (O dado de) Dezembro não vai vir muito melhor do que isso (novembro). O PIB vai crescer 1% (em 2019), como vem crescendo, mas não sei se aponta para um crescimento de 2% a 2,5% como tem muita gente prevendo para 2020”, alertou Claudio Considera.
O resultado da economia em novembro ante outubro foi influenciado por um avanço de 0,2% no Consumo das Famílias e alta de 0,6% nas exportações. Os investimentos tiveram retração: a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) encolheu 0,8%.
Pela ótica da oferta, o PIB da agropecuária aumentou 0,7% em novembro ante outubro, enquanto os serviços avançaram 0,1%. O PIB da indústria teve elevação de 0,4%, mas a indústria de transformação recuou 0,5%.
“O consumo está fortemente baseado em serviços, o que me parece um problema, porque não têm um encadeamento tão forte assim. O consumo de bens tem encadeamento forte. Tem que haver de alguma maneira uma recuperação do investimento”, avaliou Considera.
Na comparação com novembro de 2018, a economia cresceu 1,6% em novembro de 2019. Sob a ótica da demanda, houve crescimento no Consumo das famílias (1,3%) e na FBCF (1,4%), mas recuos no Consumo do Governo (-0,9%), exportações (-9,8%) e importações (-7,5%). Pelo lado da oferta, a agropecuária cresceu 2%; a indústria, 1%; e os serviços, 1,5%.
Em termos monetários, o PIB alcançou aproximadamente R$ 6,606 trilhões de janeiro a novembro de 2019, em valores correntes.
Daniela Amorim, O Estado de S.Paulo