segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

A relação do covil do Lula (PT) e Odebrecht com a queda da mulher mais rica da África. A ascensão e a derrocada de Isabel dos Santos está umbilicalmente ligada aos escândalos de corrupção envolvendo Lula, maior ladrão da República


Isabel dos Santos, a mulher mais rica de Angola Mikhail Metzel/Getty Images

A empresária Isabel dos Santos é uma figura digna de ingressar nas páginas de livros de história contemporânea da África e do mundo. 
Com fortuna avaliada em 3,7 bilhões de dólares, a jornada da angolana que vendia frutas com a avó em feiras de Luanda, capital do país, aos 9 anos de idade, e construiu um império na área de energia e telecomunicações no país, tornando-se a mulher de negócios mais bem-sucedida de Angola, poderia ser o exemplo para a miríade de jovens em situação de miséria ao seu redor. 
Exemplo de empreendedorismo e garra? 
Não é bem assim. 
A multimilionária de 46 anos é filha de José Eduardo dos Santos, presidente mais longevo de seu país — mandou em Angola de 1979 a 2017, quando renunciou ao posto — e sua história está intimamente ligada aos recém-descobertos escândalos de corrupção. 
A cereja do bolo: três organizações brasileiras aparecem constantemente em sua biografia: BNDESOdebrecht e PT.
A partir do fim da ditadura de seu pai e com o compromisso do sucessor, João Lourenço, de combater a corrupção, o cerco se fechou contra Isabel. 
Ela é acusada de atuar como laranja de Eduardo Santos: “Estamos a viver um acerto de contas”, disse na terça-feira passada, 7, em sua conta de Twitter. 
“Para João Lourenço, a remoção definitiva do cenário política de seu antecessor e de sua família é a garantia de manter um domínio indiscutível no aparato partidário.” 
Segundo ela, nada de sua fortuna se relaciona ao fato de seu pai ter comandado o pais com mãos de ferro por décadas. 
Contudo, seu primeiro grande negócio surgiu numa licitação pública. 
Ela conquistou a concessão de uma rede de telecomunicações, a Unitel. Devido à Guerra Civil vivida pelo país, concorrentes internacionais não apareceram para o pleito, realizado em 2001. 
Desde então, Isabel conquistava parcerias com as estatais do país, fato que, diz ela, era fruto apenas de seu trabalho. 
O reconhecimento veio: em 2015, a angolana foi reconhecida pela rede britânica BBC como uma das cem mulheres mais influentes do mundo. 
O ocaso viria poucos anos depois.
No dia 30 de dezembro do ano passado, a Procuradoria-Geral da República de Angola decretou o bloqueio das contas de Isabel e seu marido, o filho de banqueiro e colecionador de arte Sindika Dokolo em quatro bancos angolanos, fora o bloqueio de ações mantidas por eles. 
A suspeita envolvendo a magnata envolve o prejuízo de mais de 1 bilhão de dólares por meio de negócios envolvendo estatais do país: a Sodiam, de exploração de diamantes; e a Sonangol, de petróleo. 
A suspeita é de que as estatais foram utilizadas para operacionalizar esquemas de corrupção. 
Em relação aos diamantes, suspeita-se de que Isabel e seu marido arquitetaram a venda de diamantes abaixo do preço de mercado para suas empresas e lucrava com a venda das pedras para joalherias. 
No caso da empresa de petróleo, Isabel é acusada de captar recursos da empresa para seus negócios e nunca ressarcir a estatal. 
Ela nega qualquer irregularidade nos negócios e atribui o bloqueio a um movimento político para desestabilizar a família Santos.
Angola, por anos, foi um país que rendeu muitos frutos para grandes organizações brasileiras. \
A Odebrecht, até 2014, era a maior empresa privada do país. 
Grande parte de seu poderio advinha aos empréstimos de 3,3 bilhões de dólares feitos pelo BNDES para fomentar as exportações da empreiteira ao país africano. \
Tudo, claro, arquitetado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme VEJA revelou após abrir a caixa-preta do banco de fomento. 
Como descoberto pela Operação Lava-Jato, durante os anos de gestão petista, os presidentes daqui e de lá conquistaram uma relação de parceria, com a anuência do BNDES. \
O petista fechou com o angolano uma série de parcerias e investimentos, com a colaboração do Clube das Empreiteiras, desmantelado pela força-tarefa, e fechavam projetos no país financiados pelo BNDES, realizados pelas empreiteiras brasileiras. \
No centro da negociata, a Odebrecht era rainha. A empresa monopolizava os acordos no país, com a anuência de Lula. 
Em contrapartida às obras conquistadas na África, a empreiteira contribuía para o Partido dos Trabalhadores. 
Do total de 489 milhões de reais em propinas pagas à alta cúpula petista entre 2009, no fim do segundo mandato de Lula, e 2014, ano em que presenteou Dilma Rousseff com a reeleição, 364 milhões vieram da Odebrecht.
Qual a relação entre Odebrecht e Isabel: a empreiteira é nada menos do que sócia da empresa de petróleo comandada por ela e detém exatos 15% da companhia. 
Em seu acordo de delação, o ex-manda-chuva da empresa Marcelo Odebrecht revelou o acerto de propinas para o PT relacionados aos contratos conquistados em Angola. 
A companhia e o partido mantiveram por anos José Eduardo dos Santos como ditador do país. 
O marqueteiro João Santana, que trabalhou nas eleições do pai de Isabel em 2012, contou em acordo de delação premiada que a empreiteira enviou 50 milhões de dólares para financiar a reeleição de Santos. 
A ascensão e queda da mulher mais rica da África está umbilicalmente conectada à empresa que um dia foi a maior companhia privada do Brasil.

Victor Irajá, Veja