quarta-feira, 19 de abril de 2017

Todos os candidatos sabiam de acertos financeiros, diz ex-marqueteira do covil do PT

Julia Affonso e Ricardo Brandt - O Estado de São Paulo

Monica Moura, interrogada pelo juiz da Lava Jato, apontou pagamentos 'por fora' nas campanhas petistas de Marta, Haddad, Gleisi e Patrus, entre 2008 e 2012


Monica Moura e João Santana foram presos em fevereiro. Foto: Rodrigo Paiva/Reuters
Monica Moura e João Santana foram presos em fevereiro.
Foto: Rodrigo Paiva/Reuters

Ao juiz federal Sérgio Moro, na Operação Lava Jato, a empresária-delatora Monica Moura declarou que ‘todos’ os candidatos sabiam de acertos financeiros eleitorais. Monica é mulher do marqueteiro de campanhas do PT João Santana.
A delatora apontou pagamentos ‘por fora’ nas campanhas petistas de Marta Suplicy e Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo, em 2008 e 2012, respectivamente, de Gleisi Hoffmann à Prefeitura de Curitiba, em 2008, e Patrus Ananias, em Minas.
Segundo Monica, houve pagamentos não contabilizados a campanhas na Venezuela e em El Salvador.
Durante o depoimento, nesta terça-feira, 18, o magistrado questionou a delatora se os candidatos em geral tinham conhecimento desses acertos financeiros.
“Sim, todos tinham. Posso lhe dizer com segurança que todos eles sabiam dos valores exatos, de quanto estavam nos pagando e como era o pagamento”, afirmou.
Monica confessou a Moro que ‘sempre’ trabalhou com caixa 2. A delatora afirmou que ‘era uma exigência dos partidos que tivesse sempre a maior parte em caixa 2’.
João Santana foi também marqueteiro das campanhas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014). Monica cuidava da contabilidade do casal.
O casal foi interrogado em ação penal sobre lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva relacionados à obtenção, pela empreiteira Odebrecht, de contratos de afretamento de sondas com a Petrobras.
Segundo a denúncia, entre 2006 e 2015, Palocci estabeleceu com altos executivos da Odebrecht ‘um amplo e permanente esquema de corrupção’ destinado a assegurar o atendimento aos interesses do grupo empresarial na alta cúpula do governo federal.
O Ministério Público Federal aponta que no exercício dos cargos de deputado federal, ministro da Casa Civil e membro do Conselho de Administração da Petrobras, Palocci interferiu para que o edital de licitação lançado pela estatal e destinado à contratação de 21 sondas fosse formulado e publicado de forma a garantir que a Odebrecht não obtivesse apenas os contratos, mas que também firmasse tais contratos com margem de lucro pretendida.