domingo, 23 de abril de 2017

Petrobras deixa de contratar 6.000 fornecedores em três anos

Maria Cristina Frias - Folha de São Paulo


O número de empresas que vendem produtos ou prestam serviços à Petrobras caiu 22% no ano passado e 11% em 2015, segundo informações obtidas pela coluna.

Em 2014, a estatal tinha mais de 18 mil fornecedores, número que caiu para 12,6 mil no ano passado.

Além das cerca de 6.000 empresas que deixaram de vender, há outras, que prestavam serviços de forma indireta, que também perderam clientes, diz David Zylbersztajn, ex-presidente da ANP.

A queda das contratações se deram, segundo ele, por uma soma de fatores: preço do barril em baixa, falta de rodadas de licitações de blocos e decisões que se provaram ruins do ponto de vista de investimentos.

"A empresa fazia planos fictícios que não se concretizaram. Ela teve de limpar balanço e se ajustar, como é público, e isso reduz a capacidade de contratar."

Empresas do setor de óleo e gás cortaram seus contratos em geral, mas não nessa intensidade, diz Adriano Pires, da consultoria Cbie

"Outras produtoras também compram menos bens e serviços, mas em uma proporção diferente porque não foram impactadas pelas revelações da Lava Jato."

A empresa anunciou desinvestimentos de cerca de R$ 16 bilhões. Prestadoras de serviço que perderam contratos poderão ser chamadas novamente, mas isso deverá demorar, afirma Anderson Dutra, sócio da KPMG.

"As companhias que assumirem os ativos vendidos pela Petrobras vão levar um tempo até chegar a contratar seus os seus próprios fornecedores", diz o consultor.

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Raspa do tacho

A rede Slaviero deverá entregar quatro novos hotéis até o ano que vem, afirma o presidente do grupo, Eduardo Slaviero Campos.

O investimento previsto é de R$ 210 milhões. A maioria dos recursos serão de parceiros, que compram parte dos imóveis.


Os empreendimentos deverão ser os últimos construídos do zero pela companhia nos próximos dois ou três anos.

"Um projeto de hotelaria leva de 2 a 3 anos para ser concluído. Esses lançamentos foram pensados antes da crise", afirma.

"Não deveremos reduzir o ritmo de inaugurações. Temos como expandir assumindo a administração de um hotel ou com a revitalização de um empreendimento mais antigo."

Dois dos lançamentos ficarão na Paraíba. Serão as primeiras operações no Nordeste, única região em que ainda não estão presentes.

"A expansão dos próximos anos vai se concentrar principalmente nas capitais onde não temos hotéis: Belo Horizonte, Salvador, Campo Grande e Porto Alegre."

R$ 170 MILHÕES
foi o faturamento do grupo Slaviero no ano passado

27
são os hotéis em operação
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Canteiro fluminense

A incorporadora carioca Nigri prevê um aporte de R$ 55 milhões para lançar, neste ano, um prédio residencial e um centro comercial na zona sul do Rio.

Uma parte do investimento será feito por fundos ou bancos, diz o diretor-executivo Raphael Nigri.

"Costumamos terminar os projetos com uma participação em torno de 30%, no máximo 50%."

No ano passado, a empresa não fez lançamentos. Fez apenas renegociações com clientes, diz o empresário.

"Terminamos 2016 com níveis de vacância abaixo de 20% e de distrato menor que 10%. Agora, podemos pensar em novos projetos para os próximos anos."


680 MIL M²
é a área total dos terrenos da Nigri no Rio
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O que estou lendo

Marcos Galvão, secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores

Considerada a grande reportagem sobre o Brexit, "All About War", de Tim Shipman, é um dos livros à cabeceira do embaixador Marcos Galvão, secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores.

A obra foi indicada por um cientista político americano, amigo do diplomata, como "um dos melhores textos sobre campanhas políticas em geral que havia lido", conta.

Escrito pelo editor de política do Sunday Times, mostra do erro de cálculo do premiê britânico David Cameron ao convocar o referendo até a chegada da sucessora Teresa May.

"Cameron achava fundamental propor a votação ao eleitorado para manter o partido unido nas eleições. Acreditava que venceria, mas faltou combinar com o eleitorado britânico", diz Galvão.

O segundo livro, "A World in Disarray", de Richard Haass, é uma interessante recapitulação das relações exteriores, do pós-guerra aos dias de hoje, segundo o embaixador.

"O primeiro é sobre bastidores da campanha e o segundo sobre o lugar dos Estados Unidos nesse mundo em desordem", conclui

Hora do café
com FELIPE GUTIERREZTAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI