quarta-feira, 26 de abril de 2017

Madame está gastando demais: os luxos de Brigitte Macron

Emmanuel e Brigitte Macron
Capa de revista de maiô e veneno nas redes sociais: “Brigitte Macron e seu filho"
(Paris Match/Reprodução)



Emmanuel Macron tem que ganhar ser candidato a presidente em 2017. “Se deixar para 2022, o problema vai ser minha cara”, brincou a mulher dele, Brigitte Trogneux, que agora assumiu o sobrenome do marido. Humor autodepreciativo é sempre um sinal de status intelectual e social elevado.
Como todo mundo sabe, ela tem 64 anos e ele, 39. Um casamento “pouco comum” e “fora do normal”, como ele mesmo disse quando assinaram os papéis, em 2007. Os dois têm uma ligação profunda, umbilical, reforçada pelos delícias do proibido: os pais dele o despacharam para Paris quando souberam que o filho de 15 anos estava apaixonado pela professora de teatro, casada, três crianças.
Na verdade, tão umbilical que provoca um certo desconforto e prenuncia problemas, caso ele seja eleito, como parece inevitável.  Assessores de campanha precisaram interferir, diplomaticamente, por que Brigitte estava “aparecendo demais” em revistas e colunas de celebridades, num excesso de exposição que estava prejudicando o candidato.
Durante o ano em que foi um fugaz e ineficaz ministro da Economia do governo Holland, Macron levava a mulher para participar de reuniões do ministério.
“Sem remuneração:, avisou durante a primeira fase da campanha, quando Francois Fillon, o candidato da direita tradicional, se afogava nas práticas que, como tantos outros políticos franceses, considerava normais, de pagar mulher e filhos como assessores parlamentares sem que precisassem se dar à canseira de fazer alguma coisa como trabalhar.
Sem remuneração e sem noção. Cônjuges não podem interferir na vida profissional das cara-metades, muito menos quando estas ocupam cargos de governo. Nem que Brigitte não desse um pio, uma hipótese bastante remota: ela orienta o marido em tudo, desde o corte de cabelo até os discursos políticos.
MACRON OU MACARON
Tem dado certo. Vejam onde ele chegou, aos 39 anos, quase eleito presidente da França mesmo tendo saído de um dos partidos tradicionais, o Socialista. Como sempre, o problema está nas fronteiras indefinidas entre a vida pública e a vida privada.
Durante o período de Macron como ministro da Economia, Brigitte começou a florescer e a aparecer em público com saltos cada vez mais altos e vestidos cada vez mais curtos. Ela é uma mulher naturalmente estilosa, que usa jeans skinny, calças de couro e blazers estruturados.
Mas este estilo deu um salto: a mulher do ministro se tornou amiga de Delphine Arnault, filha do dono do maior conglomerado de marcas de luxo do mundo e diretora da Louis Vuitton.
Brigitte vem de uma família de posses, donos de uma fábrica de chocolate em Amiens (como eles produzem também macarons, o delicado merengue de amêndoa, o marido dela, que é da mesma região, passou a ser chamado pelos inimiguinhos de Macaron d’Amiens). Mas nada que sequer resvale nos 37 bilhões de dólares da família Arnault.
MOLEQUE DE RECADOS
As súbitas amizades entre bilionários e nomes em ascensão na política são extraordinárias. Barack Obama, por exemplo, fez um circuito de altíssimo luxo depois de deixar a Casa Branca, hospedando-se em casas de amigos fantasticamente ricos.
Primeiro, foi uma temporada em Palm Spring na casa de James Costos, generoso doador de campanha recompensado com uma agora perdida estação como embaixador na Espanha, e Michael Smith, que ficou intimo de Michelle ao redecorar a ala privada da Casa Branca.
Depois, Necker Island, o reduto de Richard Branson, da Virgin, onde Michelle apareceu de shortinho jeans desfiado, tranças e chapéu de palha – uma combinação que nunca, jamais ninguém verá Brigitte Macron usar.
A última do casal foi um passeio pela Polinésia  francesa  no iate de David Geffen, o megaprodutor de Hollywood. Como ele não é mais presidente, pode fazer o que quiser, pelo menos do lado certo da lei. Não se imagina nada suspeito, como aconteceu com um ex-presidente de sindicato que de repente se tornou amigo íntimo do dono da maior construtora brasileira. Geffen jamais trataria Obama como moleque de recados.
Sob a orientação de Delphine Arnault, sua nova amiga, Brigitte refinou o estilo que os franceses chamam de “très lookée”: chique, refinado, trabalhado e pensado em todos os detalhes para criar uma imagem específica. No caso dela, de mulher moderna, que não chega nem perto do estereotipo de sessentona, mas também não tenta pateticamente se passar por jovenzinha.
“FALSO FLAGRANTE”
As únicas críticas são ao excesso de bronzeamento artificial, à loirice natural artificialmente exagerada e às roupas emprestadas. A campanha de Macron confirmou que Brigitte usa eventualmente roupas da Louis Vuitton, em empréstimos catalogados e devolvidos. Isso é comum entre celebridades e mulheres de políticos na França de outros países.
Ninguém é ingênuo de imaginar que Michelle Obama, que tinha oito pessoas só para cuidar do visual,  comprava o guarda-roupa variadíssimo e, em alguns casos, suntuoso, usado nos oito anos de governo do marido. Isso já aconteceu habitualmente com outras primeiras-damas, em especial no caso de roupas de noite.
Quem pode pagar os 100 mil,  200 mil dólares ou mais de um vestido exclusivo, ajustado sob medida? Só Melania Trump, que tem marido bilionário para desfilar um guarda-roupa nada menos do que espetacular.
Brigitte Macron tem demonstrado uma enorme capacidade de cuidar da imagem dela e do marido. E nenhum pudor em recorrer a instrumentos que pareçam pouco republicanos para isso. Contratou a mais conhecida assessora de imprensa de celebridades da França, que a convenceu a fazer o famoso “falso flagrante” para a capa da revista Para Match.
“Você é bonita, assuma”, sibilou a assessora. Brigitte assumiu e ano começo do ano oi fotografada, ao lado do marido, de maiô estampado. Em forma extraordinária para  64 anos, foi inevitavelmente torturada pelos carrascos sociais. “Brigitte Macron e seu filho”, escreveu uma alma envenenada.
Além de ser naturalmente magra, Brigitte segue a mesma disciplina imposta ao marido: uma hora diária de bicicleta estacionária e dieta “flexitariana”, um nome que já diz tudo sobre o modismo que ela mantém até em jantares fora, precedidos por uma única taça de vinho branco.
Como professora aposentada, ela já prometeu que se for primeira-dama vai se dedicar totalmente a assuntos ligados à educação, principalmente no que toca aos “deixados para trás” pelo sistema.
É uma causa nobre que, como qualquer outra, pode criar encrencas para o marido presidente: a influência da primeira-dama, esta instituição arcaica, sempre provocará desconfortos, em especial no círculo mais íntimo. Isso já aconteceu com Macron durante a campanha e pode ganhar uma dimensão maior quando e se ele for eleito.
CONCUBINA DE SULTÃO
Os precedentes recentes são um alerta. Nicolas Sarkozy, abandonado pela mulher logo depois de ser eleito, em seguida apaixonou-se loucamente por Carla Bruni. Em dois meses, estavam casados. A modelo teve um comportamento exemplar, exibindo roupas sublimemente minimalistas – e, claro, emprestadas – com sapatos sem salto, para não ofuscar ainda mais o marido.
Mas Sarkozy ficou marcado pela espetacularização da vida particular, um dos motivos de sua derrota para o sensaborão François Hollande. O “flanby”, assim apelidado por causa de um pudim de caixinha, logou botou pimenta tóxica na própria imagem. Flagrado, de verdade, indo de motoca visitar a amante, Julie Gayet, despertou a fúria dos infernos na mulher, Valérie Trierweiler.
Depois de uma ruptura de vaudeville e uma falsa tentativa de suicídio, Valérie se dedicou a detonar o ex das maneiras mais constrangedoras possíveis. O estrago foi tanto que Hollande não assumiu Julie publicamente. A atriz passou a morar no Palácio do Eliseu como concubina de sultão, escondida dos olhos do público.
Emmanuel Macron que se cuide. O gosto pelo luxo e os gastos excessivos, demonstrados por Brigitte, combinados a um temperamento dominante, prognosticam o tipo de problema em tudo oposto à imagem que ele quer passar, de político  moderno e dinâmico.
Isso tudo sem contar a boataria que vai e vem sobre as preferências sexuais alternativas dele. Se a professora ficar brava e puser de castigo, a França estará exposta a mais um escândalo tolo e desnecessário.