segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Um idiota da objetividade e os imbecilizados pela subjetividade

O Antagonista


O colunista José Roberto de Toledo, do Estadão, é um idiota da objetividade, como diria Nelson Rodrigues. Ele pegou os resultados da pesquisa Datafolha, que revela que 63% dos brasileiros querem o impeachment, para mostrar que a maioria esmagadora deles está descontente com a petista por causa da corrupção de forma muito genérica e da má administração, razões insuficientes para o impedimento da presidente, segundo a Constituição.
José Roberto de Toledo termina o seu artigo assim:
"Se Dilma for impedida por obra do TCU ou do TSE, muita gente vai comemorar. Mas menos de 2% saberão o motivo que permitiu tal comemoração. E daí? O que importa é o resultado, certo? Sim, nisso a política se parece cada vez mais com o futebol: os fins justificam os meios. Mão na bola é só do adversário, para o time mais popular é sempre bola na mão. Há um porém.
Se a população se acostumar a trocar de presidente como troca de técnico a cada trombada da economia, os próximos no poder enfrentarão uma instabilidade política que tende a perpetuar a instabilidade econômica. É ganhar o jogo e perder o campeonato."
Em outras palavras, José Roberto de Toledo acha que Dilma Rousseff, embora tenha violado a Constituição, só poderia sofrer impeachment se a maioria dos brasileiros soubesse os verdadeiros motivos para ela ser apeada do poder.
O Antagonista também acha que os brasileiros deveriam saber os verdadeiros motivos para o impeachment de Dilma Rousseff. Mas não há artigo na Constituição que preveja que a população tenha de estar suficientemente informada sobre as razões de um impeachment para ele ocorrer.
A política não está cada vez mais parecida com o futebol, José Roberto de Toledo. O problema é que há muito futebol no noticiário e pouca política. Se os brasileiros são mal informados ou desinformados, isso se deve à falta de escola e à despolitização diária levada a cabo pela imprensa brasileira -- falada, escrita e televisada.
Na melhor das hipóteses, somos um país com idiotas da objetividade que falam para imbecilizados pela subjetividade.