segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Petista preso na Lava-Jato, Alexandre Romano contrata advogado especializado em delação premiada

Renato Onofre - O Globo

Ex-vereador contratou o criminalista Figueiredo Basto, que fez a delação de Youssef


Alexandre Romano, ex-vereador do PT e um dos presos pela Polícia Federal - Marcos Alves / Agência O Globo


O ex-vereador petista Alexandre Romano, preso durante a 18ª fase da Operação Lava-Jato, contratou o criminalista Figueiredo Basto, responsável pelo acordo de delação do doleiro Alberto Youssef. Romano é apontado pela Polícia Federal como o operador de um esquema de pagamento de propina no Ministério do Planejamento que desviou cerca de R$ 40 milhões. A contratação de Basto é um indício de que Romano está disposto a colaborar com as investigações.

As investigações mostram que o ex-vereador da cidade de Americana, no interior de São Paulo, operou o pagamento de contratos da empresa Consist com o Planejamento desde 2010. Os repasses eram feitos através de empresas tercerizadas a operadores da Lava Jato, segundo a Polícia Federal. Ao todo, R$ 37 milhões foram arrecadados por Alexandre Romano, e R$ 15 milhões foram para Milton Pascowitch, que assinou acordo de delação premiada e está em prisão domiciliar.

Em depoimento à PF, Romano afirmou que chegou à Consist por indicação do ex-presidente do PT, Luiz Gushiken, falecido em 2013, e admitiu ter feito repasses ao ex-tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, e a outros petistas. Ferreira é marido da ministra de Desenvolvimento Social, Tereza Campello, e comandou as finanças da legenda após o afastamento de Delúbio Soares, condenado no escândalo do mensalão.


O ex-vereador disse ainda que contava com uma “ajuda” dentro do Ministério do Planejamento através de Valter Correia da Silva, hoje secretário de Gestão do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT). Silva foi chefe da Assessoria Especial para Modernização da Gestão entre novembro de 2012 a fevereiro de 2015, secretário-executivo adjunto de fevereiro de 2011 a novembro de 2012 e secretário de Gestão do ministério entre 2005 e 2007. Para os procuradores, Romano atuou para beneficiar funcionários do alto escalão do Ministério do Planejamento e do PT.

Ferreira negou qualquer irregularidade. De acordo com o ex-tesoureiro do PT, que ficou à frente das financias do partido entre 2006 e 2009, o escritório tem mais de 40 anos de experiência no ramo e ele não levou nenhum tipo de vantagem com a indicação.

— Nego, enfaticamente e categoricamente, qualquer tipo de irregularidade na situação. Durante meus três anos na secretaria de financias do PT, mantive relações institucionais com todas as empresas de todos os setores da economia brasileira. Sem nenhuma ilicitude — afirmou Ferreira ao GLOBO na semana passada ao ser citado por Romano.