segunda-feira, 24 de agosto de 2015

'Permanência no cargo não está em discussão', diz Levy nos EUA

G1


Ministro concedeu entrevista coletiva em Washington. 
Levy afirmou que Dilma permitiu que ele viajasse para se despedir da filha



Joaquim Levy negou saída do cargo em entrevista coletiva nos EUA (Foto: Reprodução / Site do Ministério da Fazenda)Joaquim Levy negou saída do cargo em entrevista coletiva nos EUA (Foto: Reprodução / Site do Ministério da Fazenda)
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, desmentiu boatos de que teria ido aos Estados Unidos para falar com sua família sobre uma eventual saída do governo. Em uma coletiva de imprensa em Washington, ele afirmou que a viagem teve motivos pessoais.
“A permanência no cargo não está em discussão, tenho muita tranquilidade”, disse Levy. A presidente Dilma teve a gentileza de me permitir vir até aqui. Minhas filhas moram aqui, e tem uma que vai passar um ano na China. Vim me despedir dela, dar um pouquinho e carinho, a gente também é pai”, afirmou o ministro.
“Ela teve essa gentileza de me permitir passar dois dias aqui junto com a minha família. Não queria falar disso, é uma coisa mais pessoal, mas já que está todo mundo tão preocupado é tão simples quanto isso. Não tem nada a ver com qualquer dificuldade de governo.”

Levy afirmou que, durante a viagem, continua trabalhando na preparação do Orçamento. "Devido aos recursos tecnológicos, a gente continua em contato, há trabalho que tem que ser feito, preparação do Orçamento, todos os desafios. A gente está fazendo.”

Turbulência no mercado
O ministro foi questionado por jornalistas sobre a queda dos mercados nesta segunda-feira (24), com preocupações sobre a economia chinesa levando índices do mundo todo abaixo. No Brasil, após chegar a cair mais de 6% no início do dia, a Bovespa fechou em forte baixa e terminou o dia no menor nível desde abril de 2009. “A gente está preparado, a gente sabe que pode ter essa volatilidade. E a gente não deve confundir a volatilidade com um problema permanente da nossa economia”, destacou Levy. “Nós estamos ajustando a economia para uma nova realidade.”

“O Brasil é uma economia bastante diversificada, tem independência energética e inúmeras coisas a favor dela. É uma economia que também consegue se dar bem mesmo num cenário global mais adverso.”

“Estamos todos juntos trabalhando para preparar o Brasil, agora no âmbito do orçamento, focando em um governo mais eficiente, em reforma do Estado, diminuição do número de ministérios, para tentar aprimorar o governo para que a gente atenda às obrigações do governo mas que as despesas obrigatórias não asfixiem o governo”, disse Levy.
“A gente tem desafios, é o momento de a gente continuar trabalhando para o Brasil passar por esse período de turbulência global que a gente sabia que estava vindo. E a gente precisa ter um Brasil preparado e firme para a gente superar isso e voltar acrescer", afirmou o ministro. "Acho que não vai ter depressão nos mercados globais não."

Relação com Temer
O ministro também foi questionado a respeito de notícias sobre a saída do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), da articulação política. Perguntando se havia divergências entre Temer e Levy com relação a medidas de corte de gastos, o ministro falou que o vice-presidente “tem feito um trabalho extraordinário e vai continuar fazendo um trabalho extraordinário, até pela experiência e pela temperança dele”.

“Há evidentemente uma limitação dos recursos disponíveis e nós temos que realocar os recursos”, acrescentou Levy. “É flagrante, todo mundo sabe da limitação.”

Corte de gastos e aumento de impostos
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciou nesta segunda-feira (24) que o governo federal avalia fazer uma reforma administrativa que deverá cortar 10 dos atuais 39 ministérios.

Levy apontou a reforma como "estrural" e afirmou que "a economia está se reformando. "Eu acho que é um começo, uma indicação super importante, a gente tem um trabalho de melhoria de funcionamento da maquina do governo."

Sobre a economia para os cofres públicos que a medida traria, o ministro não precisou valores. "Só assim o imediato pode dar muitos milhões de economia. Sem dúvida."

Perguntado sobre possibilidade de aumento de impostos, Levy disse que "é óbvio que num cenário desses a gente tem que ter um orçamento robusto". "A gente tem uma meta de superávit, a gente tem despesas obrigatórias, e a gente tem que ter adequada cobertura. A gente tem que fazer ali uma equação para conseguir ter uma disciplina nas despesas para minimizar os impostos necessários. Mas a gente tem que olhar as coisas com muita transparência e visando ter uma economia robusta."