sábado, 29 de agosto de 2015

O ´Jornal Nacional` e o assalto pela quadrilha comandada pela dupla Lula-Dilma aos cofres públicos

TV Globo


Polícia Federal começou a revelar o escândalo de corrupção há 529 dias. JN preparou reportagem que resume essa novela de jeito claro e objetivo




Parece que foi ontem. Mas já faz 529 dias que a Polícia Federal começou a revelar para os brasileiros um escândalo de corrupção gigantesco. Assustador.
Desde aquela segunda-feira, em março de 2014, foram tantas prisões, tantos depoimentos, tantas delações... que você já pode ter até perdido o fio da meada. E você não está sozinho. Tem muito brasileiro indignado com esse lamaçal, e meio confuso, com o tamanho do pântano.
Por isso, o Jornal Nacional preparou uma reportagem especial que resume essa novela de um jeito muito claro, muito objetivo:
Quem não está totalmente por dentro, está, no mínimo, calejado só de ouvir dizer: Lava Jato. Desde 17 de março de 2014, Curitiba é a capital da Lava Jato. O nome surgiu ainda na primeira fase. Policiais do Paraná investigavam doleiros que lavavam dinheiro no mensalão do PT. Um dos doleiros era dono de um posto de combustíveis em Brasília onde tinha de tudo, menos um lava-jato. Mas o nome pegou.
A investigação foi crescendo: A polícia usou escutas telefônicas autorizadas pela Justiça e deu de cara com um velho conhecido: o doleiro Alberto Youssef - que já tinha sido processado e preso por remessa ilegal de dinheiro para o exterior.
A polícia descobriu que Youssef deu de presente um carrão de R$ 250 mil reais para um ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Documentos apreendidos com Youssef e Paulo Roberto revelaram o esquema de propina em obras da Petrobras. Um esquema que envolveria as grandes empreiteiras do país e políticos.

Outras empresas do governo passaram a ser investigadas. À medida que as histórias ganharam tamanho, a lista de personagens só fez aumentar.
“Nas palavras de um ministro do STF, a cada pena que a gente puxa vem uma galinha inteira”, falou o procurador Deltan Dallagnol.
O Ministério Público e a Polícia Federal dizem que todos são sócios no esquema. Os donos das grandes empreiteiras montaram um clube - com regras e tudo o mais - para fraudar as licitações, junto com altos funcionários de estatais, operadores, políticos e ex-políticos. Corrupção para fazer fortunas pessoais, financiar partidos, campanhas eleitorais.
Os operadores são importantes porque eles negociam a propina e distribuem o dinheiro que sai das empresas para os envolvidos no esquema.

Em uma das salas de audiência da Justiça Federal em Curitiba, onde, nos últimos meses, foram ouvidas testemunhas de acusação, de defesa e interrogado os réus da Lava Jato. Nas audiências, o juiz Sérgio Moro fica próximo dos réus ouvindo tudo. O microfone do local já captou revelações que mexeram com o Brasil.
"Dessa média de 3%, o que fosse da Diretoria de Abastecimento, 1% iria para o PP. E os 2% restantes ficariam para o PT.A Diretoria Internacional tinha indicação do PMDB. Então, tinha também recursos que eram repassados para o PMDB", contou Paulo Roberto Costa em depoimento.
"Havia uma regra do jogo. Se você não pagasse propina à área de Engenharia e de Abastecimento, o senhor não teria sucesso ou não obteria seus contratos na Petrobrás", disse o empresário Júlio Camargo à CPI, no dia 02 de fevereiro de 2015.
A Lava Jato teve, até agora, 18 fases – 132 investigados já viraram réus. A maioria deles envolvida com desvio de dinheiro público, principalmente da Petrobras.
São executivos, ex-executivos e donos de empreiteiras, operadores do esquema, ex-diretores e ex-gerentes da Petrobras, doleiros, ex-deputados, e um ex-tesoureiro do partido, além de dezenas de pessoas que tiveram outras funções no esquema.
E tem - inclusive - um monte de réu já condenado. Alguns, mais de uma vez. É o caso de Alberto Youssef, pivô do escândalo, com quatro condenações; e dos ex-diretores da Petrobras,Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró.
Até agora, somando as penas de todos os condenados pelo juiz Sérgio Moro: 265 anos, sete meses e 15 dias.

“É como se você imaginasse esses fatos como frutos de uma árvore. A medida em que eles vão amadurecendo, que determinados fatos vão amadurecendo, esses frutos são colhidos e apresentados a Justiça na forma de acusações criminais que nós chamamos tecnicamente de denúncias”, afirmou o procurador Deltan Dallagnol.
Em Brasília, tem mais investigação. É a que está ligada aos suspeitos que têm o chamado foro privilegiado e só podem ser processados no Supremo Tribunal Federal.
Cinquenta e nove pessoas, vinculadas a seis partidos, a maioria políticos com mandato: Dois deles já foram denunciados: o senador Fernando Collor, do PTB de Alagoas, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB, do Rio.
Não dá para falar em Lava Jato sem antes falar nos delatores - que apresentaram documentos e provas para, em troca, ficar menos tempo na cadeia. A equipe do Jornal Nacional foi à sede da Polícia Federal, em Curitiba, e entrou na sala onde foram assinados vários dos 28 acordos de delação. E as negociações continuam. Muito investigado ainda pode passar por lá - desde que, claro - queira colaborar.
“Acordo de colaboração só é feito quando os benefícios para a sociedade são muito maiores do que a contraprestação e o benefício dado àquele colaborador”, explicou o procurador Deltan Dallagnol.
Se as delações fizeram diferença? Bem... Antes dos delatores, os procuradores falavam que o total do desvio chegaria a R$ 25 milhões. Depois dos delatores, o número pulou pra R$ 6,7 bilhões.

Parte da grana foi lavada com a compra de obras de arte. E muito dinheiro foi para longe: Uruguai, Panamá, Mônaco, Suíça, China.
Dessa dinheirama, quase R$ 300 milhões já voltaram para os cofres da Petrobras. Ao todo, o Ministério Público já fez acordos para garantir a retorno de quase R$ 1,7 bilhão.
Além de seguir o caminho do dinheiro e punir os corruptos, a Polícia Federal avisa: é preciso combater também - e com a mesma urgência - outra praga:
Igor Romário de Paula, delegado da Polícia Federal: Parece haver até hoje no Brasil uma cultura de que, para contratar o serviço público, todo mundo pode sair ganhando alguma coisa, então, não só o contratante, como o funcionário responsável por participar do processo de contratação. Enquanto não se tiver a noção de que quem precisa sair ganhando é a sociedade com a prestação daquele serviço da melhor forma possível isso não vai mudar. Novos mecanismos de corrupção vão surgir.
Jornal Nacional: Se não, haja Lava Jato?
Igor Romário de Paula: Haja Lava Jato pela frente.
As empresas Camargo Corrêa, Setal Engenharia e Sog Óleo e Gás já admitiram ter participado do esquema de corrupção na Petrobras. Elas se comprometeram a pagar multas e a ajudar nas investigações. As demais empreiteiras investigadas ou não falam sobre os processos ou dizem que estão colaborando com a Justiça. O senador Fernando Collor, o deputado Eduardo Cunha e os partidos políticos mencionados na investigação negam ter recebido dinheiro de corrupção.