sábado, 29 de agosto de 2015

Deu no ´JN`: Cozinheira nega ter recebido por trabalho para campanha de Dilma ´trambique`

Ministro Gilmar Mendes, do TSE, pediu que MP-SP apure indícios de fraude por parte da empresa de Angela Maria do Nascimento Sorocaba



O ministro Gilmar Mendes, do Tribunal Superior Eleitoral, pediu nesta semana que o Ministério Público de São Paulo apure indícios de fraude por parte de uma empresa contratada pela campanha da presidente Dilma Rousseff para fazer faixas e cartazes. A empresa Angela Maria do Nascimento Sorocaba recebeu mais de R$ 1 milhão da campanha. Ao Jornal Nacional, a dona dessa empresa disse que nunca recebeu o dinheiro e que não sabia de nada.
Uma cozinheira que vive numa casa simples, mas que no papel tem uma empresa que faturou em apenas dois meses quase R$ 2,2 milhões. Angela Maria do Nascimento garante que nunca movimentou um centavo desse dinheiro, e diz que abriu a empresa para atender a um pedido da patroa. Ela já trabalhava como cozinheira na casa de Juliana Dini e queria ganhar um dinheiro extra na eleição do ano passado.
“Eu pedi o serviço ela falou: ‘Mas tem que abrir uma empresa’. Então eu falei: ‘Então vamos abrir, aí a gente trabalha junto’”, contou a cozinheira Angela Maria.
Juliana Dini e o marido dela, Marcelo Morello, são donos da Embalac - que faz material para campanhas políticas. As duas empresas são vizinhas, e o contador dos patrões cuidou de toda a papelada para Ângela Maria abrir a empresa dela.
“Eu não tenho nada a ver, nem sei quem vendeu”, afirmou Angela Maria.
Apesar de menor e bem mais nova no mercado, a empresa de Angela Maria do Nascimento faturou seis vezes mais que a dos patrões, fornecendo material para oito candidatos: sete do PT e um do PSDB, segundo declarações das campanhas ao TSE.
As notas fiscais mostram que o principal cliente da empresa de Angela foi a campanha da presidente Dilma. São 24 notas ao todo. Em seis delas, o TSE encontrou indícios de irregularidades.
Somadas, elas chegam a mais de R$ 500 mil, um terço do valor do contrato da campanha da presidente com a Angela Maria do Nascimento Sorocaba para produção de faixas e cartazes.
As contas da campanha foram aprovadas pelo TSE, mas o ministro Gilmar Mendes quer que esses indícios sejam investigados agora. Há suspeita de lavagem de dinheiro. A empresa já é investigada pela Secretaria Estadual da Fazenda de São Paulo por sonegação de impostos e por não comprovar a compra de matéria-prima.
“As notas existem, foram apresentadas à fiscalização, simplesmente elas foram faturadas, emitidas contra uma outra empresa de forma errada”, afirmou o contador Carlos Carmelo Antunes.
A cozinheira está assustada com a repercussão do caso.
“Eu trabalho para sobreviver, pago aluguel, pago água, pago luz, tenho dívida. Eu estou assustada”, disse Angela Maria.
Juliana Dini e Marcelo Morello não quiseram gravar entrevista. Em nota, disseram que a empresa deles, a Embalac, trabalhou em parceria com a empresa Angela Maria do Nascimento Sorocaba apenas no período eleitoral, que são empresas diferentes e que todos os contratos foram prestados corretamente.
O coordenador jurídico da campanha da presidente Dilma, Flávio Caetano, disse que os documentos que atestam a elaboração e a entrega do material contratado foram encaminhadas ao Tribunal Superior Eleitoral, que aprovou a prestação de contas.