terça-feira, 11 de agosto de 2015

"O constrangimento de Temer", por Ilimar Franco

O Globo 

Temer
Desde o dia em que defendeu que é preciso alguém para unir o país, o vice Michel Temer não tem paz. Ele voltou ao tema no domingo, no Alvorada, na reunião da presidente Dilma com ministros. Explicou que o fazia para não ver outros ministros (petistas) “me olhando de lado” e para evitar sussurros. Depois de já ter dito o mesmo para a presidente, ele proclamou: “Não sou de agir à sorrelfa!”. 
Agosto para todos os gostos
Amanhã tem Marcha das Margaridas (Contag), em defesa das mulheres do campo, a favor do resultado das urnas e contra qualquer forma de golpe. Quinta-feira, a Força Sindical sai às ruas para salvar a indústria e em defesa do emprego. Com aval do PSDB, no dia 16, MBL, Vem Pra Rua e Revoltados desfilam bradando "Fora Dilma" e pelo impeachment da presidente. Com apoio do PT, no dia 20, CUT, CTB, MST e UNE promovem atos pela democracia, por reformas populares, contra o ajuste fiscal e o presidente da Câmara ("Fora Cunha"). As entidades empresariais (CNI, Febrabam, CNA, CNC e CNT) não programaram nada. Firjan e Fiesp se manifestaram pedindo “bom-senso, equilíbrio e espírito público”.
“Procurador e promotor não vão dizer à imprensa o que vão fazer. Isso é um absurdo! Você não apregoa nem anuncia uma futura atuação sua. O que você faz é agir sem estrelato” 
Rodrigo Janot, PGR, na sabatina do Senado de 29 de agosto de 2013, quando seu nome foi aprovado para o cargo
Confete e serpentina
Nas reuniões regionais do PSD, o nome do presidente da sigla e ministro Gilberto Kassab (Cidades) é lançado à Presidência. No sábado, em Belo Horizonte, aconteceu de novo. Kassab confirma e diz que é apenas “generosidade”.
Dias
Empurra-empurra
A independência do PDT, proclamada por seu líder na Câmara, André Figueiredo, continua rendendo. O ministro Manoel Dias (Trabalho) nega que o motivo seja sua permanência no cargo. Assegura que o PDT apoia o governo, e que a atitude do líder está relacionada “aos ataques à sigla que são feitos pelo líder do governo, José Guimarães".
Ufa!
Quem saiu aliviado da reunião de domingo foi o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil). O vice Michel Temer e o ministro Eliseu Padilha disseram que ele não era responsável pela demora na distribuição de cargos para os aliados.
Tête-à-tête 
Para ampliar a fidelidade dos aliados na Câmara, a presidente Dilma vai chamar todos os líderes. Os primeiros serão André Figueiredo (PDT) e Jovair Arantes (PTB). Depois virão os de outras bancadas com alto grau de infidelidade: Rogério Rosso (PSD) e Celso Russomanno (PRB).
Seleção natural
Para obter o apoio da Rede à reeleição do prefeito Rodrigo Neves (Niterói), o vice Axel Grael vai até Marina Silva na quinta-feira. Militantes da Rede são contra. A doação à campanha de Neves por Ricardo Pessoa (UTC), da Lava-Jato, é o motivo.
Os símbolos
Integrantes do governo Dilma discordam do fim dos ministérios temáticos. Mesmo que isso tenha efeito para fins de propaganda, sustentam que o corte de custos seria pequeno e que o governo ficaria sem pastas com efeitos políticos importantes. 
Há pressões para mudar os conselheiros do Carf. Elas estão sendo barradas sob o argumento de que o quadro está completo e foi renovado.