quinta-feira, 30 de abril de 2015

EUA querem atrair investidor brasileiro, diz gerente da Nasa

Salvador Nogueira - Folha de São Paulo



O governo dos EUA quer atrair investidores brasileiros para criar empresas em solo americano capazes de levar ao mercado tecnologias originalmente desenvolvidas pela Nasa.

É o que diz Michael Lester, gerente de Parcerias de Desenvolvimento Tecnológico do Centro Espacial Kennedy, da Nasa.

Lester esteve no Brasil para uma série de palestras, trazido pela Câmara de Comércio Brasil-Flórida, que tem como um de seus objetivos auxiliar investidores brasileiros que queiram estabelecer negócios nos EUA.

"É a primeira vez que fazemos isso, de visitar outro país em busca de parceiros para transferência de tecnologia", disse Lester à Folha.

TRADIÇÃO

Historicamente, a agência espacial americana tem como uma de suas atribuições fazer com que tecnologias desenvolvidas originalmente para aplicações espaciais produzam impactos positivos para quem fica na Terra, os chamados "spinoffs".

Contudo, o nível de empenho nesse esforço tem aumentado nos últimos anos, em especial durante o governo de Barack Obama. "Uma das razões é a crise econômica", explica Lester.

Por lei, a Nasa não pode transferir tecnologias para empresas fora dos EUA, então a parceria só é possível se o investidor decidir se estabelecer em solo americano.
"Também exigimos que uma boa parte do processo de fabricação do produto seja feita nos EUA", diz.

E não é um processo sem risco –muitas das patentes desenvolvidas nos laboratórios da agência espacial americana não estão maduras para ir direto ao mercado. É preciso estar disposto a investir em pesquisa e desenvolvimento e esperar pelos resultados.

"Temos uma tinta inteligente, contra ferrugem, por exemplo, que ainda precisa ser desenvolvida, e uma empresa automobilística encarou o desafio e está investindo centenas de milhões de dólares para levá-la ao mercado."

Do Brasil, Lester diz que está em contato com duas empresas, com subsidiárias nos Estados Unidos, que se interessaram por uma tecnologia de descontaminação ambiental desenvolvida no Centro Espacial Kennedy.

INCENTIVO

Lester também disse que, durante a visita ao Brasil, faria visitas a duas escolas públicas do interior de São Paulo, com o objetivo de encorajar o interesse dos jovens em carreiras de ciência e engenharia. "Não vou falar de transferência de tecnologia lá, claro", diz.

"Todo mundo conhece os astronautas, mas os jovens precisam saber que não são eles que projetam as espaçonaves, os trajes espaciais. Sem engenheiros, não teríamos astronautas", afirmou.