quinta-feira, 23 de abril de 2015

Ações da Petrobras despencam mais de 8% na Bovespa após empresa registrar prejuízo de R$ 21,5 bi. Caem com força também na Alemanha e em Wall Street

Rennan Setti - O Globo


As ações da Petrobras registram nesta quinta-feira sua maior queda desde janeiro, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), depois de a companhia ter divulgado prejuízo de R$ 21,58 bilhões em 2014 — provocado por corrupção e desvalorização de ativos. Os papéis ordinários (ON, com direito a voto) apresentam desvalorização de 6,16%, cotados a R$ 12,49, enquanto os preferenciais (PN, sem voto), despencam 8,61%, a R$ 11,99. A ação ON chegou a cair até 9,4%. Prejudicado pelo desempenho da Petrobras,o índice de referência Ibovespa opera em queda de 0,77%, aos 54.196 pontos.

Lá fora, os recibos de ações da Petrobras registram queda de 5,5% nas negociações pré-abertura na Bolsa de Nova York. Na Alemanha, o recibo dos papéis negociados em Frankfurt chegaram a cair 3,5% esta manhã e agora recuam 3%.

Na Alemanha, o papel está cotado a € 3,91 e o volume de negociação está 74% superior à média dos últimos 20 dias. Os recibos de ação representam ações da companhia negociados no exterior. Em Nova York, a ação vale US$ 8,47.

A Petrobras informou ontem à noite que registrou prejuízo R$ 21,58 bilhões no ano de 2014, impactada por perdas de R$ 44,63 bilhões em função da desvalorização de ativos e de outros R$ 6,194 bilhões relativos a valores desviados no esquema de corrupção revelado pela Operação Lava-Jato. O resultado é praticamente o inverso ao apurado em 2013, quando a estatal teve lucro de R$ 23,6 bilhões.

BRADESCO: PETROBRAS PROVAVELMENTE SERÁ REBAIXADA

Embora tida como passo fundamental pelas agências de classificação de risco, a divulgação dos resultados da Petrobras dividiu analistas quanto ao futuro da nota da companhia. Em relatório, os analistas João Augusto de Castro Neves, Christopher Garman e Cameron Combs, da consultoria Eurasia, disseram que o volume de perdas é “significativamente” maior do que a maioria do mercado esperava e que o resultado deve reduzir o risco de novos downgrades.

Mas para o analista Auro Rozembaum, do Bradesco BBI, a Petrobras provavelmente será rebaixada de novo — no fim de fevereiro, a Moody’s já havia rebaixado seus ratings para grau especulativo. Para Rozembaum, os resultados auditados não ajudam a resolver os problemas estruturais da companhia, como alavancagem financeira elevada e dificuldade de ser lucrativa com o baixo nível atual do preço do petróleo. O analista cobrou medidas como corte dos investimentos e forte venda de ativos, pontos que ainda não foram detalhados a fundo pela Petrobras.

“Enquanto isso, esperamos alta volatilidade no preço da ação e continuamos recomendando que os investidores fiquem longe da empresa”, concluiu Rozembaum.

DÓLAR TEM LEVE BAIXA

O dólar registra leve desvalorização nesta quinta, acompanhando o mercado externo. O dólar comercial recua 0,09%, cotado a R$ 3,003 para compra e a R$ 3,005 para venda. A queda é praticamente a mesma do índice Dollar Spot, da Bloomberg, que mede a força da moeda americana frente a uma cesta de dez dividas globais.