EDUARDO BRESCIANI E CRISTIANE JUNGBLUT - O Globo
Presidente do Senado foi citado como envolvido na Lava-Jato; ele nega.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acertou a recondução de João Alberto Silva (PMDB-MA), um leal aliado, para a presidência do Comissão de Ética.
Próximo da família do ex-presidente José Sarney (PMDB), João Alberto é da confiança de Calheiros e terá como missão conduzir processos por quebra de decoro que chegarão decorrentes da Operação Lava-Jato.
Entre eles espera-se o do próprio presidente do Senado, que teria sido citado no caso por um encontro com o doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do esquema. Calheiras nega o encontro e ter participado de qualquer irregularidade.
A intenção dos caciques do Senado é fazer uma composição da comissão com nomes de pouca expressão e dispostos a enfrentar a opinião pública e engavetar processos contra senadores que venham a ser mencionados no esquema de desvio de recursos da Petrobras. João Alberto está a frente do Conselho desde 2011.
O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), disse que o senador João Alberto não vai "proteger ninguém" ao ser mantido no comando do Conselho de Ética. E anunciou que está indicando a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) para presidir a Comissão Mista de Orçamento (CMO).
— Dei a presidência para o João Alberto porque ele pediu. E ninguém mais pediu. Não tem história de proteger A ou B. O João Alberto é um homem sério. E não existem denúncias contra ninguém, nem contra Renan — disse Eunício Oliveira.
O Conselho de Ética é o responsável por processar os senadores acusados de quebra de decoro parlamentar. O presidente tem o poder de determinar o arquivamento dos pedidos de investigação, mas da sua decisão cabe recurso ao plenário.
Além de Calheiros, já tiveram o nome mencionados como possíveis alvo da Lava-Jato os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Romero Jucá (PMDB-PB) e Ciro Nogueira (PP-PI). Os três negam a prática de qualquer irregularidade e são aliados de Calheiros no Congresso.