quinta-feira, 1 de junho de 2023

Ludmila Lins Grilo não vai recorrer de aposentadoria: “nesse momento histórico, não acredito na Justiça”

 

Foto: Ricardo Padue/Funag


Impedida de exercer o cargo de juíza, Ludmila Lins Grilo afirma que não vai recorrer da decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais que impôs a ela a aposentadoria compulsória. Magistrada há 10 anos, ela diz que, no atual momento histórico do Brasil, não acredita mais na Justiça. “É óbvio que a Justiça não vai funcionar adequadamente em um ambiente ditatorial criado pela própria Justiça”, diz Ludmila nesta entrevista à Gazeta do Povo.

Na conversa, realizada na última sexta-feira (26), um dia após a punição, ela esclareceu os motivos que levaram os desembargadores do Órgão Especial do TJ-MG a tomar a medida, a mais drástica possível contra um magistrado: “crimes de opinião”. Ludmila foi punida por manifestações no Twitter e por causa de uma palestra em 2019 em que criticava o ativismo judicial e a influência de organismos internacionais sobre o Judiciário no Brasil.

Em fevereiro, ela já havia sido afastada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), sobretudo em razão de críticas mordazes que faz desde 2019 ao inquérito das fake news, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na época, os membros do CNJ também apontaram suposto “desleixo” na condução da Vara Criminal e de Infância e Juventude de Unaí (MG), onde ela atua. Ela nega essa acusação e diz ter provas de que tudo funcionava bem no trabalho.

Mantém, de qualquer modo, as críticas ao Judiciário. Ela afirma que falta coragem à maioria dos colegas para denunciar a "destruição do ordenamento jurídico" e que, no futuro, quem a condenou terá de carregar a mácula de ter sido conivente com o "ambiente ditatorial criado pela própria Justiça no país".

Sobre os planos para o futuro, Ludmila não revela detalhes, mas diz que continuará atuando no âmbito cultural. A juíza destaca também que nunca quis entrar para a política e que agora isso nem seria possível, em razão da punição. Abaixo, a entrevista completa.


Como você recebeu essa notícia da aposentadoria compulsória?

Ludmila Lins Grilo: "Eu estou bem, não se preocupem comigo. Mas a Justiça no Brasil é que não está bem. E acho que ela, nesse momento, é que demanda maiores preocupações. Eu fiz o que estava ao meu alcance, mas o resultado foi esse aí, lamentável. O que aconteceu não desacontece. Já existe essa mácula, essa mancha, pelo menos na Justiça mineira".

Em fevereiro, você já havia sido afastada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), muito em razão das críticas feitas ao inquérito das fake news, em entrevistas, nas redes sociais e no livro “Inquérito do Fim do Mundo”. O que motivou essa nova decisão do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais? Em geral, essa medida é tomada contra juízes envolvidos em corrupção, venda de sentenças, etc.


Ludmila Lins Grilo: "Esse processo que ensejou a pena máxima da magistratura não teve nada a ver com a atividade judicante em si. Foram três alegações, todas relacionadas a “crime de opinião” ou liberdade de expressão.


O primeiro fato foi uma manifestação que eu fiz no Twitter sobre a audiência de custódia, que eles [desembargadores do TJ-MG] disseram que foi “grosseira e desequilibrada”. Quem acompanha meus posicionamentos sabe muito bem que eu sempre fui e continuo sendo radicalmente contra a existência desse instituto jurídico. Que começou errado, sem lei. Quem instituiu foi o CNJ por uma resolução. E como a gente sabe, o CNJ não é legislador, portanto, não pode estabelecer procedimento em processo penal. Mas foi assim que começou, muito mal. E eu sempre fui crítica desse instituto, até na qualidade de professora e escritora. Isso está dentro da minha liberdade de expressão e acho que eu tenho todo o direito de fazer isso.

A segunda imputação foi uma palestra que eu dei em 2019 no Palácio do Itamaraty, em Brasília, num evento promovido pela Fundação Alexandre de Gusmão, a Funag, sobre globalismo. A fundação é vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, e o ministro era o Ernesto Araújo, que inclusive foi um dos palestrantes. Não era uma palestra minha, sozinha, eu era uma das palestrantes de um evento que contava com vários outros. E a minha palestra foi como os organismos internacionais violam nossa soberania, fazendo suas regras entrarem no nosso ordenamento jurídico. Eu concluí dizendo o que iria acontecer nos próximos anos no Brasil: como que apenas um pequeno grupo de burocratas composto por 11 pessoas – eu fiz menção expressa ao STF – iria tomar o poder no Brasil. Tudo que eu falei aconteceu.

E vale ressaltar que o próprio CNJ tem uma norma administrativa que considera palestra como atividade de magistério. Então, quando você tem uma professora palestrante, exercendo livremente a sua atividade de magistério e tem o seu conteúdo censurado dessa forma, uma censura posterior – porque eu acabei por conta do conteúdo daquela palestra, perdendo o meu cargo –, isso me parece muito grave. Não é mais seguro você exercer o magistério livremente. A liberdade de cátedra, pelo menos do juiz, está sob perigo.

E o terceiro fato foi o “uso desmedido” das redes sociais, “opiniões depreciativas, debochadas e ofensivas”. Citam vários pequenos episódios, por exemplo, um bate-boca no perfil de um advogado. Um advogado lá fez uma provocação, me ofendeu, eu fui lá e me defendi. Segundo eles, eu não deveria fazer isso, porque eu estaria sendo ofensiva. Na cabeça deles, eu deveria sofrer as ofensas calada. Me deixar ser imolada como um cordeiro, o que não me parece muito digno. Então, foi isso: bate-boca com advogado e uso de memes. A minha linguagem que é essencialmente irônica, sarcástica, eu faço uso desse tipo de procedimento linguístico, de figura estilística. Eles também consideraram como sendo inadequada e falta de decoro".


Existe alguma iniciativa para condená-la na Justiça à demissão, com a perda também da aposentadoria?


Ludmila Lins Grilo: "Não. Isso poderia acontecer se houvesse condenação por crimes graves. Mas eu não tenho processos penais contra mim. O Judiciário bem que tentou [me incriminar]. O Tribunal de Justiça de Minas tentou me acusar por causa do episódio em que eu andei num shopping tomando sorvete com a máscara pendurada na orelha, e falei que o vírus não gosta de sorvete. Ali, eu estava ironizando as regras sanitárias, que a meu ver eram estapafúrdias. Houve decisões autorizando o Ministério Público a abrir investigação por crime sanitário e incitação ao crime. Enfim, o tribunal tentou de tudo para tentar jogar um crime nas minhas costas, mas o Ministério Público bloqueou e num parecer muito bom falou que o Judiciário até poderia apurar se houve violação a alguma norma administrativa, [de quebra de] decoro do cargo, mas crime não tem, e requereu o arquivamento".


Muitos juízes e promotores fazem críticas ao juiz de garantias e palestras abordando problemas do Judiciário. Ainda que muitos não usem redes sociais, quando há excesso, punições mais comuns são de censura ou advertência. Por que você considera que foi punida com a medida mais drástica? É uma tentativa de silenciá-la?


Ludmila Lins Grilo: "Me parece que eu fui exatamente no ponto. Eu acho que eles não só tiraram o meu cargo. Há muitos meses, o ministro Alexandre de Moraes tirou as minhas redes sociais. Hoje em dia, elas só podem ser vistas no exterior ou pelo uso de VPN. Não sou vista mais no Brasil. E me parece que eles fizeram isso porque eu peguei no ponto fraco, consegui identificar o que eles estavam fazendo e eu tinha uma capacidade de transmitir aquilo para uma grande quantidade de pessoas, eu conseguia desmascarar publicamente o que estava sendo feito.

E minhas redes sociais ainda são seguidas por milhares e milhares de pessoas. Só meu Instagram tem 200 mil pessoas, o Twitter tem 300 mil. Se somar todas as redes, passa de meio milhão de pessoas. Então eu tinha uma capacidade: primeiro de identificar o problema, e segundo, de transmitir informação de forma muito eficiente. Eles não suportaram que alguém tivesse essa capacidade de fazer isso e não fosse intimidada pelas constantes ameaças. Intimidação de perda de cargo, processo administrativo disciplinar, esse tipo de intimidação e chantagem que os juízes estão acostumados a receber. E aquilo não era suficiente para me demover da ideia de continuar denunciando o que estava acontecendo, então foram tomadas as medidas mais drásticas possíveis. Violando todo tipo de norma constitucional do Brasil".


Acha que o cerceamento às críticas ao Judiciário tem se intensificado?

Ludmila Lins Grilo: "Sim, mas isso não é de agora. Tanto que o livro “Inquérito do Fim do Mundo”, que eu sou coautora, é de 2020. A palestra que eu dei, que foi um dos motivos da minha aposentadoria compulsória, foi em 2019. Ou seja, eu estou falando disso tudo pelo menos desde 2019. É anterior, mas eu estou sendo mais específica em relação à atividade do Supremo Tribunal Federal, publicamente, desde 2019. Outras coisas aconteceram posteriormente, inclusive, dá para ter várias continuações desse livro, de tantos absurdos que foram cometidos desde então. Mas está tudo ali. No início, começa tudo muito nebuloso, mas hoje em dia é tudo feito às claras. Basta ter dois neurônios aleijados para perceber o que está acontecendo".


Não acha que boa parte da população já percebeu esses problemas no Judiciário? Se sim, a tentativa de cercear as críticas se mostraram inócuas?

Ludmila Lins Grilo: "Não posso dizer que ela seja inócua. Para quem está querendo censurar, quando você consegue efetivamente concretizar a situação de censura, ela passa a não ser inócua, porque você está calando aqueles veículos e aquelas pessoas que estavam dizendo a verdade. Com o tempo, a gente não sabe exatamente o efeito disso. É aquele efeito de “1984”, do George Orwell, de apagar a verdade, é o Ministério da Verdade em ação.

Mas eu posso dizer que eles talvez demoraram um pouco, porque grande parte da população hoje em dia está desperta, entende o que está acontecendo. Se esse tipo de censura tivesse acontecido uns cinco anos atrás, talvez eles tivessem mais sucesso, mas hoje em dia está tudo muito na cara dura. A ditadura já está implantada, em vigor pelo menos desde 2019. E está só se intensificando. O mais curioso é que a cada dia que passa, nós temos um novo ato absurdo, e as pessoas vão se escandalizando, mas sem ter muito o que fazer. Isso aconteceu na busca e apreensão na casa de influenciadores digitais, no fechamento do Terça Livre, na busca na casa dos empresários, na prisão do Daniel Silveira e na desconsideração do indulto dado a ele.

O pessoal que já é mais treinado, como eu, tentou avisar. Há muitos anos a gente estava dizendo exatamente isso que está acontecendo hoje. Mas infelizmente nossas advertências não foram suficientes. Não nos deram o devido crédito. Muita gente se preocupou em nos ridicularizar, chamar de olavista, terraplanista, teórico da conspiração. E quando você vê, a dita teoria da conspiração está acontecendo ali, diante dos seus olhos, alguns anos depois. Agora já é um pouco tarde, mas é bom que parte da população esteja desperta para o que está acontecendo".


Isso tende a se agravar no governo Lula?

Ludmila Lins Grilo: "Com certeza. Pelas próprias palavras do ministro Flávio Dino naquela reunião com os diretores das big techs. É um discurso para ficar para a história, dizendo “vocês vão ter que adequar o comportamento de vocês, porque, olha, se vocês não se ajustarem, a gente vai ter que tomar as providências cabíveis e a gente não está querendo isso”. É um discurso escancarado de um comunista, de “queremos controlar vocês”. Está tudo às claras".


Como você vê o recente afastamento do juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato do Rio, e a cassação de Deltan Dallagnol, outro crítico do STF? São também tentativas de silenciamento dentro da magistratura e do Ministério Público?


Ludmila Lins Grilo: "É óbvio isso aí. Desde 2016 ou 2017, muitos colegas que até concordam com as minhas posições, me mandavam mensagens dizendo ‘cuidado com as suas posições, você vai ser perseguida, eu concordo com tudo que você diz, mas você vai ser perseguida, não sei o quê’. E foi isso aí que aconteceu. Mas não foram nem meia dúzia que tomaram posição contra o que está acontecendo. O que eu, particularmente, acho vergonhoso. É o famoso morrer como idiota. Você vê tudo o que está acontecendo, o ordenamento jurídico sendo destruído, e você é um juiz de direito, um agente da Justiça e você se cala, porque você está com medo de perder o seu cargo, está com medo de perder o seu conforto? Você não quer ser incomodado com notificações, com pedidos de informação, com processos disciplinares, porque quer manter o seu cargo e o seu conforto?

Francamente falando, eu acho isso vergonhoso, eu acho isso desonroso. E eu prefiro passar por tudo que eu passei, do que ter a minha imagem maculada dessa forma. E eu digo que a mácula não é perante os homens, a mácula é perante outra categoria de pessoa, com “P” maiúsculo, diante de quem estarei sendo julgada no momento da minha morte. É com isso que eu me preocupo. E realmente lamento por quem não teve esse tipo de preocupação, por quem esse tempo todo, desejou apenas o próprio conforto e o aplauso da sua própria categoria profissional.

É óbvio que está todo mundo com medo. Mas falta coragem, porque coragem é você fazer o certo mesmo quando você está com medo, mesmo quando você corre riscos. Em nenhum momento, nesses últimos anos, eu fiz as coisas porque eu não tinha medo de nada. É claro que que eu sabia que ia ter consequência, mas eu sabia que aquilo que eu estava fazendo era o certo, era o que precisava ser feito".


A senhora pretende recorrer da decisão?


Ludmila Lins Grilo: "Obviamente não. Qualquer recurso que eu atravessar nesse momento para essa Justiça, será julgado por quem? Por essa Justiça, que está acovardada? Seria dizer que eu acredito no resultado desse recurso, que essa Justiça possa ser possa ser resgatada, quando, na verdade, eu não acredito. Nesse momento histórico que o Brasil está passando, é óbvio que eu não acredito na Justiça. É óbvio que a Justiça não vai funcionar adequadamente em um ambiente ditatorial criado pela própria Justiça.

E seria uma contradição eu recorrer a quem eu mesma estou dizendo que está abusando do seu poder. Eu recorrer àquelas próprias pessoas que desejaram e construíram e trabalharam pela minha destruição. Eu jamais vou fazer isso. Essa decisão deles vai ser mantida. Eu não vou mover uma palha para modificar isso. E essa decisão vai ficar marcada na história do Tribunal de Minas, assim como o comportamento do CNJ, e eles vão ter que sustentar isso que eles fizeram daqui a alguns anos, quando as coisas estiverem um pouco mais claras".


O que a senhora pretende fazer agora?

Ludmila Lins Grilo: "Eu não posso antecipar, porque as coisas ainda estão sendo construídas. E como eu sempre digo para os meus alunos, a gente não pode entregar as coisas para o inimigo. Mas sempre me perguntam se eu entraria para a política e agora eu recebi muitas mensagens no Twitter, no Instagram, dizendo que agora eu poderia me candidatar. Na verdade, nem posso, porque quando se é aposentado compulsoriamente, você fica inelegível por 8 anos.

Mas ainda que eu pudesse, eu não me candidataria. Há muitos anos eu venho falando isso, até publicamente, mas as pessoas parecem que não absorvem: o que eu estou fazendo não é política. Eu estou agindo no âmbito cultural e não no âmbito político. A política definitivamente nunca esteve nos meus planos. Eu nunca dei nenhuma declaração nesse sentido. Pelo contrário, todas as declarações que eu dei, há muitos anos, foram no sentido de que isso não é do meu desejo e nunca foi o que eu estava fazendo. Eu nunca tive nenhuma filiação partidária e pretendo continuar sem ter. A minha atuação é no âmbito cultural e ela vai continuar a partir daqui e agora, a partir de um ou uma outra posição no tabuleiro".


Muitas pessoas estão com medo. O que você diria para elas?

Ludmila Lins Grilo: "A palavra que eu deixo para essas pessoas é de esperança. Nunca perca a esperança. Milagres acontecem. A situação do Brasil não é uma situação fácil de se resolver sem a intervenção do Criador. Então milagres acontecem. A esperança não deve esmorecer, porque quando você perde a esperança, você perde tudo. E uma coisa que dá para fazer isso, e ditador nenhum pode tomar de ninguém, é todo mundo manter a própria sanidade e todo mundo fazer alguma coisa por si próprio, especialmente em relação ao seu próprio intelecto, estudar, investir na própria formação, se informar, não se deixar levar por notícias da grande mídia. Então, sempre acompanhar veículos, como por exemplo, Gazeta do Povo, acompanhar aqueles influenciadores, principalmente aqueles que estão sendo calados.

Porque certamente se eles foram calados, é porque eles estavam falando as coisas certas que os ditadores não queriam ouvir e não queriam que fosse propagada. Então fazer algo pela própria sanidade mental, pelo próprio intelecto. Porque o conhecimento que você vai adquirir, nesse espaço de tempo em que a gente está passando por essa situação ditatorial, isso nem se te prenderem, nem se te matarem, conseguem levar de você. Isso vai morrer com você. O seu conhecimento adquirido. A sua fé em Deus e as suas boas ações, isso aí, ditador nenhum tira de ninguém, nem se tirar sua liberdade e tirar sua vida, essas coisas vão morrer com você. Então é isso que eu recomendo neste momento. São coisas que qualquer pessoa pode fazer por si próprias e pelos que estão ao seu redor imediato".


Renan Ramalho, Gazeta do Povo

Aliados de Bolsonaro tornam-se alvos preferenciais do STF, que opera para favorecer o ex-presidiário Lula; saiba quem é o próximo

 

Otoni de Paula (MDB-RJ) poderá se tornar réu por chamar Moraes de “canalha”; ele diz atacou o ministro, não o STF - Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados


Não é só o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que vem sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Depois do término de seu mandato, com a consequente perda de poder de seu grupo político, procedimentos têm avançado rapidamente contra parlamentares aliados. Desde o fim do ano passado, deputados e senadores próximos a ele tornaram-se alvos de inquéritos e denúncias, e tendem a ser punidos, muito em razão de críticas e ofensas feitas contra os próprios ministros.

O próximo dessa leva é o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ). Já está liberada para o plenário da Corte a análise de uma denúncia contra o parlamentar por difamação, injúria e coação contra o ministro Alexandre de Moraes, integrante do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em junho de 2020, reagindo à quebra de seu sigilo bancário pelo ministro, que o investigava no inquérito dos atos antidemocráticos, o deputado disse, numa transmissão ao vivo nas redes sociais, que, com a medida, Moraes “enoja ainda mais a sociedade”.

“Eu não tenho o que temer. Não tenho o rabo preso, não sou bandido. Agora eu não sei se o sigilo bancário do ministro Alexandre de Moraes for quebrado se ele pode ter a mesma paz que eu estou tendo agora. Eu não sei se o sigilo bancário de qualquer ministro do STF for quebrado, como eles quebraram o meu sigilo agora, se eles não têm rabo preso; se eles podem mostrar o que eles ganham; se eles podem mostrar os escritórios aqui de Brasília que trabalham pra eles, e todo mundo sabe disso, ok?”, afirmou.

Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que fez a denúncia, Otoni de Paula teria insinuado, com essas palavras, que Moraes não agiria de forma isenta e imparcial. Teria ainda, “de forma velada”, utilizado de “violência moral” ao dizer que “pode vir quente que eu tô fervendo”. Com essa expressão, teria o intuito de “constranger futuras intervenções” de Moraes na investigação e beneficiar-se, “sob pena de retaliação”, o que configuraria o crime de coação.

A PGR acusou o parlamentar de difamação e injúria por ter chamado Moraes de “canalha”. “O senhor é tudo, menos um democrata. E o senhor não vai intimidar esse deputado. Não vai porque eu não coloquei o meu caráter no balcão de negócios. Eu não fiz do meu nome o que o senhor fez do seu”, afirmou ainda, desafiando Moras a investigá-lo.

“Não preciso ter vergonha do meu passado como você, ministro Alexandre de Moraes, tem que ter vergonha do seu passado! Não tenho amigos ligados ao PCC. Não tenho amigos ligados ao Comando Vermelho no Rio de Janeiro. Não tenho! Nunca precisei de dinheiro deles pra nada, ministro Alexandre de Moraes! Agora eu não sei se um dia o senhor já precisou ou não”, disse ainda na live. Terminou afirmando que o ministro agiria com “covardia” se determinasse uma busca em sua casa. “De forma democrática, de forma republicana, eu verei a sua queda”, disse ainda, negando que estivesse o ameaçando. Em outra live, chamou o ministro de “déspota” e “tirano”, por proibir o jornalista Oswaldo Eustáquio de usar as redes sociais.

A denúncia contra Otoni de Paula foi apresentada pela PGR ao STF uma semana depois de o próprio Alexandre de Moraes encaminhar ao órgão os vídeos com as falas do deputado. Por sorteio, ela foi enviada para a relatoria de Kassio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro para integrar o STF. Cabe a ele o primeiro voto na análise da denúncia. Se a maioria dos ministros considerar que há indícios suficientes de crime, Otoni de Paula vira réu.

Neste mês, durante audiência pública na Câmara para discutir a imunidade parlamentar, o deputado protestou pelo fato de ser investigado por “criticar” o ministro. “Eu nunca ataquei a instituição Suprema Corte. Aliás, eu seria um louco se eu o fizesse. Porque estaria atacando a última instância da democracia em nosso país. Mas eu sempre fui crítico a ministros. O problema é que querem confundir CNPJ com CPF. O problema é que quando se critica um ministro da Suprema Corte, querem dizer que estamos a criticar, ou estamos a caluniar, ou estamos em um levante antidemocrático. Não! A Suprema Corte é maior do que seus magistrados, é maior do que os doutos ministros que ocupam temporariamente sua cadeira”, afirmou.


Outros aliados de Bolsonaro na mira do STF

Outros políticos que apoiam Bolsonaro também estão na mira. Exemplo recente foi o caso do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado em abril do ano passado. Neste mês, o indulto concedido a ele por Bolsonaro foi derrubado e o relator, Alexandre de Moraes, mandou a Justiça executar a pena de 8 anos e 9 meses no regime fechado. Em fevereiro, ele foi preso preventivamente e assim permanecerá na cadeia.

Outro que se aproximou de Bolsonaro e já está condenado é o ex-presidente e ex-senador Fernando Collor. O processo a que responde no STF é um dos poucos que restaram da Lava Jato, já que boa parte foi anulada pela Justiça. Falta apenas os ministros definirem a pena de Collor.

Vários políticos, hoje bastante poderosos, têm conseguido se livrar dos processos da operação, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); o vice Geraldo Alckmin (PSB); a presidente do PT, Gleisi Hoffmann; o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); o senador Renan Calheiros (MDB-AL); entre vários outros.

A ação penal contra Collor, por associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção na BR Distribuidora, foi julgada procedente pelo plenário do STF e ele deve começar a cumprir pena após julgamentos de recursos que podem ser apresentados à própria Corte.

Em abril, o senador Sergio Moro (União-PR) foi denunciado por calúnia contra Gilmar Mendes depois que se espalhou nas redes sociais um vídeo antigo, em que ele falava brincando, numa festa junina, em “comprar um habeas corpus” do ministro. O próprio Gilmar Mendes pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) para apurar o caso e, em poucos dias, o órgão ofereceu denúncia contra Moro ao STF.

Moro ainda é alvo de outra investigação na Corte, aberta pelo ministro Ricardo Lewandowski, já aposentado, por suposta extorsão contra o advogado Rodrigo Tacla Duran. Acusado de lavar dinheiro para a Odebrecht, ele acusa o ex-juiz e o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), agora cassado por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de cobrarem dele US$ 5 milhões para que aceitassem um acordo de delação na Lava Jato. Os dois sempre negaram e afirmam que o Ministério Público rejeitou o caso, por falta de provas.

Em 23 de maio, o ministro Alexandre de Moraes mandou a Polícia Federal investigar o deputado federal Tenente Coronel Luciano Zucco (Republicanos-RS), presidente da CPI do MST, por suposto “patrocínio e incentivo a atos antidemocráticos” no Rio Grande do Sul. No fim do ano passado, ele postou nas redes frases de apoio a manifestações em frente a quartéis militares contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Outro alvo recente do STF é a deputada Carla Zambelli (PL-SP), acusada de porte ilegal de arma e constrangimento ilegal mediante grave ameaça, em decorrência do episódio em que, na véspera do segundo turno das eleições de 2022, sacou uma pistola no meio da rua e apontou para um jornalista que a teria xingado e provocado. Ainda não foi marcada data de análise da denúncia, que, se aceita, poderá tornar a parlamentar ré num processo criminal.


Renan Ramalho, Gazeta do Povo

MP dos ministérios do ex-condenado passa no sufoco na Câmara

Agora a medida vai ser enviada ao Senado, onde tem de ser aprovada até a quinta-feira 1°


Foto Ruth moraes



Nem mesmo a aprovação da medida provisória (MP) dos ministérios foi capaz de mudar o clima pesado que paira no Congresso. O motivo é simples: praticamente o governo aprovou a matéria nos últimos minutos do segundo tempo — e só depois de despejar mais de R$ 1 bilhão na Casa. Foram 337 votos a favor e 125 contra.

Até mesmo a briga pelo texto da MP foi deixada de lado pela base governista, a fim de ter, ao menos, a aprovação da matéria. Desse modo, a MP aprovada não é vista como uma vitória do presidente Lula, uma vez que a pasta do Meio Ambiente e a dos Povos Indígenas saíram perdendo. Agora, os deputados analisam os destaques, que podem esvaziar ainda mais os ministérios de Lula.

Sancionada em 1° de janeiro deste ano, a MP 1154/23 aumentou de 23 para 31 ministérios na terceira gestão petista. Na prática, o número é ainda maior: 37, pois existem seis órgãos com status de ministérios.

A MP foi aprovada na semana passada pela Comissão Mista do Congresso e, agora, precisa do aval do Senado para ser encaminhada à sanção presidencial. Tudo isso até a quinta-feira 1°, quando a medida caduca.

Horas antes de entrar no plenário, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), teceu duras críticas ao governo Lula. O deputado alagoano afirmou que existe um problema de articulação na gestão, e não na Câmara. Além disso, que, se a MP dos ministérios fosse reprovada, a culpa seria do governo.

“Não tenho como desempenhar o papel do governo para conduzir as matérias dele”, explicou Lira. “Há uma insatisfação generalizada dos deputados e, talvez, dos senadores com a falta de articulação política do governo. O governo não se organizou até agora. Se hoje o resultado não for de aprovação ou de votação da medida provisória, a Câmara não será responsável pela falta de organização política do governo.”

Inicialmente, a matéria deveria ser levada a plenário na noite da terça-feira 30. Mas Lira retirou o texto da pauta nos últimos minutos, pois, na avaliação da base, o governo não teria votos suficientes para aprovação.

Lira orienta voto a favor da MP dos ministérios, depois de STF acelerar julgamento

No mesmo dia em que Lula enfrenta uma prova de fogo na Câmara — comandada por Lira —, o STF liberou um julgamento que pode tornar o deputado alagoano réu por corrupção passiva. Segundo interlocutores, depois de receber essa notícia, Lira orientou os deputados a aprovarem a MP dos ministérios.

Conforme noticiou Oeste, a Suprema Corte liberou para julgamento um recurso apresentado pelo presidente da Câmara. Com o ato, a Primeira Turma do STF deve analisar o caso que envolve Lira na próxima terça-feira, 6. Atualmente, o colegiado é composto dos ministros Luís Roberto Barroso (presidente), Cármen Lúcia, Luiz Fux e Alexandre de Moraes.

Caso o processo siga adiante na próxima semana, e a Primeira Turma confirme Lira como réu em ação penal, ele ficaria impedido de, eventualmente, assumir a Presidência da República, mesmo que interinamente. O presidente da Câmara dos Deputados é o segundo na linha sucessória no comando do Executivo federal, logo depois do vice-presidente.

Rute Moraes, Revista Oeste

J.R. Guzzo: Brasil governado pelo Supremo Tribunal Federal

Decisão da Câmara sobre marco temporal pode não valer nada diante do conluio ex-presidário Lula-STF





O Congresso Nacional terá uma ótima oportunidade, nos próximos dias, para mostrar se ainda serve para alguma coisa ou se não é mais nada. 


A Câmara dos Deputados acaba de aprovar por vasta maioria – 283 votos a 155 – e contra a vontade do governo Lula, uma lei fundamental, e há muito tempo indispensável para a ordem jurídica no Brasil: a que estabelece que terras índias, ou que possam ser reivindicadas como tal por grupos de indígenas, são aquelas ocupadas por suas etnias até a aprovação da Constituição de 1988. 


É o tão falado “marco temporal” – uma data limite para o estabelecimento legal de reservas destinadas aos indígenas no território nacional. É uma decisão mais do que razoável. 


Terras que as tribos ocupam de 1988 para trás – ou seja, até apenas 35 anos atrás, e não 500 – são reservas que não podem ser tocadas por ninguém. 


Áreas que não eram habitadas por índios depois dessa data ficam abertas para todos os demais brasileiros – ou 99,6% da população total do país.

Não há nenhuma hipótese, pelo marco temporal, de se dizer que as comunidades indígenas brasileiras foram prejudicadas com a distribuição de terra – nenhum outro país que passou por processos de colonização reservou para as populações originais áreas tão grandes como o Brasil. 

As reservas indígenas legais, estas que foram demarcadas até 1988, ocupam quase 15% de todo o território físico do Brasil. 

São 1.200.000 quilômetros quadrados, mais que do que a Alemanha e a França juntas – que têm, somadas, 150 milhões de habitantes. 

O total de índios no país, hoje, é de cerca de 900.000 pessoas, menos que a metade da população de Curitiba – ou 0,4% da população brasileira. 

Na verdade, menos de 700.000 índios, pelos dados de suas próprias organizações, moram em reservas demarcadas – os demais estão integrados pelo Brasil afora. 

Nenhum outro grupo brasileiro tem tanta terra quanto os indígenas; por qualquer critério que se adote, eles são o grupo que ocupa a maior área do território nacional nos dias de hoje.

O problema é que, num Brasil governado pelo Supremo Tribunal Federal, em parceria plena com o Sistema Lula-PT, as decisões do Congresso Nacional podem não valer simplesmente nada. 

Depende: se os ministros do STF concordam, as leis aprovadas pelo Parlamento entram em vigor; se não concordam, as leis são anuladas. 

No caso do “marco temporal”, o Supremo, ao apreciar o tema daqui a alguns dias, pode resolver o oposto do que resolveram os deputados – e aí? 

A decisão da Câmara foi tomada por maioria claríssima – nada menos do que dois terços dos votos, contra um terço de votos a favor da posição do governo. 

O que mais se poderia querer? 

Qual a dúvida que ainda pode existir quanto à vontade do povo nessa questão? 

A aprovação do “marco temporal” é a óbvia expressão do que a maioria da população brasileira está querendo que se faça a respeito do assunto; suas decisões se manifestam obrigatoriamente pelos votos dos deputados federais eleitos por ela. 

Se o STF derruba a lei aprovada na Câmara, está negando, diretamente, o direito à representação popular no Brasil. 

Para que servem os representantes do povo, se as leis que aprovam não têm valor?

O Congresso brasileiro está se transformando numa instituição morta. Já engoliu, de forma abjeta, a prisão ilegal de um dos seus deputados; está a caminho de engolir a cassação também ilegal de outro. 

Aceita, com passividade de cúmplice, que leis aprovadas legitimamente no plenário sejam revogas por atos de vontade do presidente da República, com o apoio do STF. 

A decisão final sobre a questão indígena vai mostrar a quantas andamos. 

O “marco temporal” pode se transformar no “marco da legalidade” – ou no enterro do Congresso.

Artigo publicado originalmente no O Estado de S.Paulo 


Revista Oeste

A serviço do ex-presidiário Lula, STF acelera julgamento que pode tornar Lira réu - Segue a vingança dos corruptos...

 

O deputado Arthur Lira | Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados


Supremo Tribunal Federal (STF) liberou nesta quarta-feira, 31, para julgamento um recurso apresentado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), em processo recebido pela Corte em 2019. Na ação, o parlamentar é denunciado pelo crime de corrupção passiva.

Com a liberação, a Primeira Turma do STF deve analisar o caso envolvendo Lira na próxima terça-feira, 6. Atualmente, o colegiado é composto dos ministros Luís Roberto Barroso (presidente), Cármen Lúcia, Luiz Fux e Alexandre de Moraes.

A liberação do caso para julgamento ocorre por meio de Dias Toffoli, que havia pedido vista (mais tempo para analisar o processo) em 2020, informa o jornal Valor Econômico. Hoje na Segunda Turma, o ministro integrava a Primeira Turma do STF na ocasião. Ele voltará à Primeira Turma de forma excepcional para julgar o caso.

Antes de o julgamento do recurso apresentado pela defesa de Lira ser interrompido por Toffoli, a Primeira Turma do STF havia formado maioria para manter o presidente da Câmara na condição de réu por crime de corrupção passiva. Barroso, Moraes e Marco Aurélio (aposentado desde julho de 2021) tinham votado contra o parlamentar.

Caso o processo siga adiante na próxima semana, e a Primeira Turma confirme Lira como réu em ação penal, ele ficaria impedido de, eventualmente, assumir a Presidência da República, mesmo que interinamente. O presidente da Câmara dos Deputados é o segundo na linha sucessória no comando do Executivo federal, logo depois do vice-presidente.

Em 2016, o STF decidiu que réus são impedidos de assumir o comando do Palácio do Planalto, mas podem comandar a Câmara (caso de Lira) e o Senado.

A denúncia contra Arthur Lira

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Arthur Lira | Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

A denúncia que pode tornar Arthur Lira réu pelo crime de corrupção passiva foi apresentada em 2018 pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge. De acordo com ela, o parlamentar teria recebido propina de R$ 106 mil. O valor, segundo o Ministério Público, foi pago pelo presidente da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU) na ocasião, Francisco Colombo.

Anderson Scardoelli, Revista Oeste

Câmara impõe nova derrota ao ex-condenado Lula e aprova MP dos ministérios por 337 a 125

MP foi aprovada "aos 44 do 2º tempo", antes de perder validade, como queria o relator




O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira (31), a Medida Provisória 1154/23, a MP dos Ministérios, que reorganiza os órgãos e cargos públicos do novo governo Lula. A MP perderia validade à 00h.

A MP se transformou em projeto de lei de conversão do deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), relator na comissão mista que analisou a MP, que prevê mudanças nas atribuições de alguns ministérios, segundo a Câmara. Responsabilidades do Ministério do Meio Ambiente foram transferidas para outras pastas, apesar de protestos da ministra Marina Silva.

As duas principais alterações aprovadas no projeto de conversão retiram de Marina o controle da Política Nacional de Recursos Hídricos e altera a gestão do Cadastro Ambiental Rural (CAR) federal.

Ainda pendente de votação de destaques, que podem alterar o texto, a Câmara decidiu o seguinte:

  • O Ministério da Justiça volta a comandar a demarcação de terras indígenas, que no início do governo Lula havia sido transferida para o Ministério dos Povos Indígenas.
  • O ministério de Sonia Guajajara, no entanto, continuará participando do processo. Mais cedo, em audiência na Câmara, ela disse que confiava no ministro Flávio Dino para dar sequência ao processo de homologação das terras.
  • O Ministério do Meio Ambiente perde o controle do CAR (Cadastro Ambiental Rural), ambicionado por Marina Silva e as ONGs que influenciam suas decisões, e ficará a cargo do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.
  • A ministra Marina Silva (Rede) perdeu para o Ministério das Cidades,Jader Filho (MDB-PA), os sistemas de saneamento básico, resíduos sólidos e recursos hídricos.

Diário do Poder

Marcel van Hattem - Palhaçada e desrespeito na Câmara dos Deputados