Brasileiros são vítimas de más escolhas de nem todos os eleitores
Lula governa sem sair do palanque. Seus objetivos são eleitorais. Mas parece que há um poder mais alto que se levanta. Lula tem sido incapaz de juntar-se aos governadores que têm tido êxito em combater a bandidagem. Foi incapaz de emprestar blindados para a polícia do Rio, como foi incapaz de apresentar pêsames às famílias dos quatro policiais mortos na recente Operação Contenção, que chamou de “desastrosa”, porque resultou em “matança” de bandidos armados. Não elogia os resultados do governador Jorginho Mello, em Santa Catarina, nem de Ronaldo Caiado, em Goiás — só para citar dois combatentes vitoriosos contra o crime. Ironicamente, quando criticou para jornalistas estrangeiros a Operação Contenção, hospedava-se em iate que flutuava em águas contaminadas pelo Comando Vermelho, que domina a navegação na entrada do Solimões em território brasileiro.
As pesquisas que mostram maciça aprovação popular à polícia fluminense remetem à identificação do que será o tema principal das eleições do ano que vem: segurança pública. Mas Lula, até agora, tem mostrado que, tal como a esquerda em geral, está do lado do bandido e não do mocinho. É que a ideologia deve ser mais forte. No passado, perguntado se é marxista, ele sofismou, respondendo ser torneiromecânico. O marxismo considera o bandido um oprimido pela sociedade capitalista. Um coitado que para ter cerveja precisa roubar celular. Uma simples frase de Joelma, mãe de Artur, preso na Operação Contenção, acabou com aquela bobagem: “Você não é vítima da sociedade; você é vítima de suas próprias escolhas”. Todos os brasileiros são vítimas de más escolhas de nem todos os eleitores.
Lula prefere ignorar que a maioria está contra os bandidos e ordena à bancada governista na Câmara que vote contra o projeto que classifica as facções como terroristas. Terrorismo é quando se impõe uma vontade, com objetivo político, por meio de violência ou grave ameaça. Quando eu estava na Argentina pelo Jornal do Brasil, facções de esquerda bloqueavam o trânsito em Buenos Aires, sem muito resultado. Um dia, metralharam uma parada de ônibus cheia de gente. No dia seguinte, passaram a ser obedecidos pela população aterrorizada. Assim é no Rio, há anos. Comércio fecha e ruas são bloqueadas. Quem não obedece é executado. Quem se impõe por terror é terrorista. Mas Lula não quer a tipificação, porque, segundo a ministra Gleisi, vai ser pretexto para intervenção. Quem apoia o bandido tem medo do xerife.
O xerife ofereceu ajuda à polícia do Rio. Em carta entregue ao
Secretário de Segurança, a Drug Enforcement Administration (DEA) —
órgão federal de segurança do Departamento de Justiça dos Estados
Unidos — se pôs “à disposição para qualquer apoio que se faça
necessário”. Um dia depois de Lula ter chamado a operação de
desastrosa, a DEA expressou “condolências pela trágica perda dos
quatro policiais que tombaram no cumprimento do dever… sabemos
que a missão de proteger a sociedade exige coragem, dedicação e
sacrifício, e reconhecemos o valor e a honra desses profissionais.
Neste momento de luto, reiteramos nosso respeito e admiração pelo
trabalho incansável das forças de segurança do Estado”. Lá nos
Estados Unidos perceberam o que Lula não percebe por aqui.
O governador Caiado revelou que 54 nomes importantes do Comando Vermelho de Goiás se homiziaram no valhacouto carioca, que se tornou um resort do CV do país inteiro. Metade dos mortos na Operação Contenção era gente de fora, que até pagava hospedagem e segurança. Esse santuário do crime cresceu por obra de decisão do Supremo de impedir helicóptero, ação noturna, prisões próximas a escolas. Caiado registrou que enquanto o governo faz discurso de meio ambiente em Belém, a Amazônia está tomada pelo Comando Vermelho, pelo PCC e até por facções do México, da Venezuela e da Colômbia. “Nem a Funai entra lá” — diz Caiado. O incrível é que ações repressivas de forças federais no Pará têm tido como alvo brasileiros humildes, trabalhadores e honestos, que plantam, criam e garimpam. Aí, o “social” não conta.
Misturar sociologia, ideologia, política, demagogia com combate ao crime só favorece o criminoso. Legisladores “bonzinhos” fizeram leis com audiência de custódia, saidinhas, para pessoas que assaltam e matam. Continuarão assaltando e matando. O primeiro dever do Estado é proteger a vida e a propriedade das pessoas. Então o Estado deve separar os criminosos, fazer o apartheid que Bukele fez e deu certo. El Salvador era o país mais perigoso e se transformou em um dos mais seguros do mundo. O Brasil não tem 3% da população do mundo, mas tem 25% dos roubos e 14% dos homicídios. Alta produtividade… em atividades criminosas. Das 50 cidades mais perigosas do planeta, 17 estão no Brasil — 34%. A legislação penal no Brasil é leniente; na maior parte do mundo é severa. Aqui, matou o pai e a mãe mas desfruta da saidinha no Dia das Mães e no Dia dos Pais. Atirou a criança pela janela e ganha saidinha no Dia das Crianças.
Lula prefere ignorar que a maioria está contra os bandidos e ordena à bancada governista na Câmara que vote contra o projeto que classifica as facções como terroristas.
Será que Lula vai mudar o discurso pró-bandido? Quando a campanha eleitoral legal se sobrepuser à sua campanha de fato, cairá ele na realidade? Talvez confie mais no fisiologismo. No voto dos milhões beneficiados com Bolsa Família, gás, eletricidade e outras bondades com o dinheiro dos pagadores de impostos. O artigo 299 do Código Eleitoral diz que é crime “dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita”. A rigor, quem recebe dádivas do governo fica comprometido com o doador; deve ter direito ao voto? Se Lula mudar o discurso mais uma vez, será para se adaptar ao que a plateia quer ouvir.
Quem mais sofre com a opressão dos narcoterroristas são as populações das periferias, como do Jacarezal, em Pacatuba, a 35 minutos do palácio do governo do Ceará, que foram todas expulsas de casa pelo Terceiro Comando Puro. Quem se recusou a sair, foi morto. Todas as 30 famílias abandonaram suas casas. No Rio, nos territórios do narcoestado, a justiça é sumária e a cobrança de pedágio é sob a mira de fuzis. Em quem o Artur e sua mãe vão votar?
Revista Oeste