terça-feira, 30 de dezembro de 2025

JORNAL DA OESTE - SEGUNDA EDIÇÃO, COM TAUANY CATTAN

FAROESTE À BRASILEIRA, COM GEISIANE FREITAS

Caso Banco Master expõe STF - Conversa Timeline

ALEXANDRE DE MORAES ESTÁ DESESPERADO - A CASA CAIU DE VEZ

Oposição avança contra abusos de Alexandre de Moraes e protocola pedido de impeachment

Soraya Thronicke é flagrada em loja de luxo com lobista preso pela Polícia Federal

FLAMENGO ANUNCIA CHEGADAS! MARCOS ANTÔNIO E KAIO JORGE

Voltam a circular vídeos alertando sobre mulher de Alexandre de Moraes

segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

Anthony Hopkins celebra 50 anos de sobriedade com mensagem de Ano Novo

O ator, que completa 88 anos nesta semana, compartilhou um relato emocionante sobre o dia em que quase morreu


Anthony Hopkins celebrou 50 anos de sobriedade e reforçou a importância de buscar ajuda contra o vício | Foto: Reprodução/Redes sociais



Às vésperas de 2026, Anthony Hopkins utilizou suas redes sociais para compartilhar uma mensagem de conscientização e esperança. O vencedor de dois Oscars celebrou a marca histórica de 50 anos de sobriedade, aproveitando o momento para alertar seus seguidores sobre os perigos do consumo excessivo de álcool durante as festas de fim de ano. 

Em um vídeo publicado no Instagram, o ator relembrou o ponto de virada em sua trajetória. “Há exatos 50 anos, eu quase morri”, relatou Hopkins. “Dirigi meu carro em um apagão alcoólico. Percebi naquele momento que estava me divertindo ‘demais’. Isso se chamava alcoolismo.” 


One day at a time, today I celebrate 50 years of sobriety. Happy birthday to everyone. View all 16,925 comments

Hopkins detalhou o momento exato em que atingiu o fundo do poço, durante uma festa em Beverly Hills. Ele recordou que, ao perceber que poderia ter matado alguém ou a si mesmo, sentiu uma clareza súbita. O ator olhou para o relógio — eram precisamente 11 horas da manhã — e ouviu uma voz interior dizendo: “Acabou. Agora você pode começar a viver”. 

“Recuperei o juízo e disse a um ex-agente meu: ‘Eu preciso de ajuda’. Sem querer me gabar, eu procurei auxílio e, há 50 anos, aquele foi o fim [do vício]”, afirmou o artista. Hopkins encerrou o vídeo incentivando o público a “escolher a vida em vez do oposto”.


Vitalidade aos 88 anos 

O ator completará 88 anos na quarta-feira 31 e atribui sua longevidade e clareza mental à decisão de abandonar a bebida. Mesmo com a idade avançada, Hopkins mantém uma carreira produtiva e intensa em Hollywood. 

Recentemente, ele estrelou o suspense psicológico Locked e o drama histórico Those About to Die. Além disso, o veterano já integra o elenco do novo projeto do diretor Guy Ritchie, intitulado Wife & Dog. Para Hopkins, sua trajetória ativa no cinema é a prova de que tomou a decisão correta há cinco décadas.


Matheus Fragta - Revista Oeste

Apologia à ladroagrem! PGR arquiva pedido contra Alexandre de Moraes, vulgo Xandão, no caso Banco Master

 Representação citava suposta atuação do ministro e relação profissional envolvendo a instituição financeira



Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo 


A Procuradoria-Geral da República decidiu encerrar uma representação que pedia apuração sobre a conduta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em episódio relacionado ao Banco Master. O procurador-geral Paulo Gonet assinou o despacho no sábado 27.

Na avaliação da PGR, não há elementos mínimos que sustentem a abertura de investigação. O documento afirma ser “imperativo sublinhar a absoluta ausência de lastro probatório mínimo que sustente a acusação formulada”, tanto em relação a Moraes quanto ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. 

A iniciativa partiu do advogado Enio Murad. Ele alegou, com base em reportagens, que o ministro teria mantido contatos com o comando do Banco Central para atender interesses privados da instituição financeira. A representação mencionou ainda um contrato de prestação de serviços advocatícios entre o banco e Viviane Barci de Moraes, mulher do ministro.

 

Suposta falta de indícios concretos contra Moraes

Gonet registrou que a cobertura jornalística citada na petição não apresentou provas materiais capazes de confirmar as suspeitas. Segundo ele, mesmo com ampla repercussão, a narrativa permaneceu “no campo das suposições”. 

O procurador-geral destacou que o uso de sigilo de fonte nas reportagens limita qualquer tentativa de verificação mais aprofundada. Para a PGR, esse fator impede o avanço de diligências preliminares. 

No despacho, Gonet também afastou a hipótese de irregularidade na relação profissional entre a advogada e o Banco Master. Para ele, contratos firmados no exercício da advocacia não configuram ilegalidade e não se enquadram na competência do Supremo. “Refoge ao escopo de atuação e à competência da Suprema Corte a ingerência em negócios jurídicos firmados entre particulares”, afirmou. 

A PGR ressaltou ainda que o pedido arquivado não guarda vínculo direto com ações sobre o Banco Master que seguem em tramitação no STF. 


Erich Mafra - Revista Oeste


PAVIO CURTO COM PAVINATTO AO VIVO - SANÇÕES MAGNITSKY E ANISTIA — COM PAULO FIGUEIREDO

Uma reflexão para o final de ano

 


O peso que ensina a voar

Você prometeu a si mesmo que nunca mais cairia no mesmo erro. Garantiu que aquilo era coisa do passado. Mas, lá no fundo, sabia: estava enganando a si próprio. Hoje, encara as consequências amargas daquela decisão e carrega uma mala pesada de ansiedade, tristeza e preocupação que insiste em acompanhá-lo todos os dias.

Seja sincero: quem nunca viveu algo parecido?

A vida nos coloca diante de escolhas — e nem todas dão certo. Talvez uma dívida que parecia ser a porta para um futuro brilhante. Talvez um relacionamento perdido, que deixou marcas difíceis de apagar. Talvez palavras ditas no calor do momento, palavras que feriram alguém querido e que não podem ser tomadas de volta.

Quando olhamos para trás, é fácil sentir o peso esmagador de tudo isso.

Mas aqui está a verdade que muitos esquecem: ninguém consegue avançar olhando apenas pelo retrovisor.

Não existe moeda mágica para quitar dívidas de ontem. Não há máquina do tempo para corrigir relacionamentos machucados. Não existe borracha capaz de apagar o que foi dito. Mas existe algo ainda mais poderoso: a possibilidade de aprender — e aprender profundamente.

Cada escolha errada traz uma lição preciosa.

O segredo está em aproveitá-la.

Use o que passou como farol, não como algema. Admita as falhas com coragem — pessoas fortes fazem isso. Peça perdão quando necessário — isso abre portas e liberta o coração. Lembre-se: o peso do passado só domina seu futuro se você permitir.

O primeiro passo para aliviar o coração é assumir o controle da própria vida. É tão fácil culpar o outro, culpar o mundo, culpar o destino.

Quando assumimos responsabilidade, assumimos também o poder de mudar.

O segundo passo é cuidar do presente. Hoje é o único dia que podemos transformar. Ontem já foi escrito, amanhã ainda está em branco. Tudo o que fazemos agora decide a história que virá.

E o terceiro passo é conversar. Guardar tudo dentro de si é como tentar apagar um incêndio com gasolina. Fale com alguém de confiança — um amigo, um familiar, um conselheiro — porque uma boa conversa clareia a mente, acalma o coração e nos devolve o ânimo de viver.

No fim das contas, o passado não é uma sentença; é um professor.

E cada amanhecer é uma nova oportunidade de começar melhor.

Olhe para o que passou com honestidade, mas caminhe para frente com esperança.



Mises Brasil

OESTE SEM FILTRO

OESTE SEM FILTRO - Com Augusto Nunes, Ana Paula Henkel, André Marsiglia, Adalberto Piotto, Carlo Cauti, Alexandre Garcia e Paula Leal

'Maior golpista do Brasil': Tagliaferro pede a Fachin suspeição de Alexandre de Moraes em julgamento

FAROESTE À BRASILEIRA, COM GEISIANE FREITAS

FAROESTE À BRASILEIRA, COM GEISIANE FREITAS

JORNAL DA OESTE - SEGUNDA EDIÇÃO, COM TAUANY CATTAN

TUDO SOBRE O ESCÂNDALO DO BANCO MASTER - A VERDADE QUE PODE INICIAR A MORALIZAÇÃO DO BRASIL, HOJE DOMINADO PELO 'CARTEL LULA-STF-GLOBOLIXO'

DOMINGÃO COM CAIVANO

CRISTINA GRAEML: O vídeo que Alexandre de Moraes não quer que você veja

MALU GASPAR, UMA JORNALISTA ATACADA PELO GADO

Silêncio de Alexandre de Moraes amplia crise após revelações sobre caso Banco Master

Globolixo solta a mão de Alexandre de Moraes, avalia Sebastião Coelho

Na CPMI do INSS, escândalo STF/Master rivaliza com esquemas Lulinha e o Careca

 

Fábui Luís, o Lulinha - Foto: Reprodução/Redes Sociais


A CPMI do roubo bilionário aos aposentados e pensionistas deve retomar as atividades, logo após o recesso, priorizando a investigação do envolvimento de Fábio Luís, o “Lulinha”, filho de Lula (PT), no escândalo. Será páreo duro com as investigas que estão previstas com revelações suspeitas envolvendo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o banqueiro Daniel Vorcaro e seu Banco Master, acusado de lesar milhares de investidores e com explicações sobre empréstimos consignados.

Perdeu a paciência

A cúpula da CPMI prevê abandonar o “pudor institucional” após decisões de Toffoli e o contrato milionário da esposa de Moraes com o Master.

Roubo recorde

O relator da CPMI já revelou a estimativa de que foram roubados dos idosos, em consignados nõ autorizados, mais de R$90 bilhões.

Veto vai render

A CPMI quebrou sigilos do banco Master, para investigar consignados, mas o ministro Dias Toffoli proibiu acesso da comissão aos documentos.

Mensalão na mira

A CPMI também investiga a revelação de que Lulinha recebia mensalão de R$300 mil de Antonio Camilo Antunes, o “Careca do INSS”.

Diário do Poder

TV INJUSTIÇA - A fritura de Moraes - Fuga de Silvinei enseja prisão de terceiros

domingo, 28 de dezembro de 2025

TV INJUSTIÇA - A fritura de Moraes - Fuga de Silvinei enseja prisão de terceiros - Ludmila Lins Grilo

O ESCÂNDALO QUE O BRASIL NÃO ESTÁ PREPARADO - Bárbara Te Atualizei

'O Brasil virou o país da insegurança jurídica', por Ives Gandra Martins

 O ativismo judicial e o enfraquecimento das garantias constitucionais colocam em risco a previsibilidade do Direito


É imprescindível restaurar a harmonia e a independência entre os Poderes, sem invasões de competência, escreve Ives Gandra | Foto: Divulgação/Oeste - Imagem criada com o auxílio de inteligência artificial 


Recentemente, participei de um almoço promovido pelo Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp). Como decano dos ex-presidentes — presidi a entidade em 1985 e 1986 —, compareci para prestigiar o palestrante Fábio Prieto, notável jurista e ex-presidente do TRF-3. Exmembro do Ministério Público e magistrado distinto, Prieto desempenha hoje, com sucesso, a função de secretário de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania no governo Tarcísio de Freitas. 

O que mais me impressionou no evento, contudo, foi o diálogo com os colegas. Ouvi de diversos advogados um profundo desconforto com a atual invasão do Supremo Tribunal Federal (STF) nas competências dos Poderes Legislativo e Executivo. Entre os presentes estavam o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo; professores de diversas universidades; o diretor da Faculdade de Direito do Mackenzie; professores da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde minha mulher e eu nos formamos; e renomados advogados e conselheiros da OAB/SP. Todos, notáveis operadores do Direito, compartilhavam a mesma preocupação: a redução do direito de defesa. 

Com a predominância das sessões virtuais, a “ampla defesa” — inserida pelo constituinte para garantir a inviolabilidade do advogado — não tem sido aplicada em sua plenitude. Assistimos a advogados presos e parlamentares cerceados em sua liberdade de opinião. Textos constitucionais são alterados por meio de “leis” criadas pelo Poder Judiciário, e não pelo Legislativo, como deveria ser. A insegurança jurídica promovida por esse protagonismo judicial é monumental. 


A falência da política potencializa a insegurança jurídica 

O caput do art. 5º da Constituição Brasileira — considerado o dispositivo mais importante do nosso ordenamento por prever direitos fundamentais como vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade — trata dos cinco fundamentos de todos os outros 78 direitos e garantias individuais ali enunciados. Entre eles, destaca-se a segurança jurídica. Hoje, entretanto, não gozamos dessa garantia em sua plenitude. Bernardo Cabral, relator da Assembleia Nacional Constituinte, recorda sempre que o presidente Ulysses Guimarães considerava nossa Carta a “Constituição Cidadã”. 

Infelizmente, não é o que vemos. Há um conflito permanente entre os Poderes, gerando insegurança jurídica frequente. Vinte anos atrás, havia previsibilidade nas decisões, baseadas na jurisprudência, na Constituição e na lei. Hoje, tudo é surpresa.

Ronald Coase e Douglass North, Prêmios Nobel de Economia, afirmavam que “qualquer país evolui no momento em que as instituições jurídicas permanecem estáveis e previsíveis”, pois assim é possível investir a médio e longo prazo, com a certeza de que há garantias no sistema. 

No Brasil, vivemos em constante sobressalto: ministros, senadores e deputados acusam-se publicamente; o Executivo ameaça vetar o que ainda nem foi aprovado no Legislativo; há conversas do Executivo com ditadores, como se fossem aliados permanentes. Esse ambiente retira-nos o direito à segurança.


Em busca de soluções 

Todos queremos segurança jurídica. Para isso, precisamos de um Judiciário que a proteja, e não de um Poder que se autoconstitua como legislador complementar, constituinte, ordinário, além de corretor de rumos do Executivo. 

Admiro os ministros do STF e sou frequentemente criticado por isso, mas vejo com pesar a imagem do Poder Judiciário — do nosso Pretório Excelso, outrora a maior instituição da história do país — desfigurada em pesquisas de opinião. É triste para os operadores do Direito (magistrados, membros do Ministério Público e advogados) ver o país vivenciar essa insegurança jurídica, chamada de ativismo judicial. 

É imprescindível restaurar a harmonia e a independência entre os Poderes, sem invasões de competência. Precisamos aplicar o art. 5º da Constituição em sua plenitude, especialmente no que se refere à segurança jurídica. Vivemos uma democracia em crise, na qual intelectuais, escritores, conferencistas e a imprensa apontam o desconforto com a atual realidade democrática do Brasil. 

Como um velho professor de Direito, o que eu mais desejaria para o nosso país seria um ambiente total, absoluto e permanente que permitisse, de fato, a todo o povo ter a certeza de que vivemos numa autêntica democracia, em que os Poderes que a comandam, conforme o art. 2º da Lei Suprema, sejam harmônicos e independentes.

Ives Gandra Martins - Revista Oeste

FAROESTE À BRASILEIRA, MELHORES MOMENTOS - RETROSPECTIVA DE 2025 - PARTE 2

'Um verão na Toscana' - Com Claire Forlani

ALEXANDRE DE MORAES E O MAIOR ESCANDALO DO ANO - POVO NA RUA - IMPEACHMENT URGENTE

Deputados federais fizeram 388 viagens em ‘missão oficial’ este ano - O cartel lula-stf-globolixo segue o bacanal... Comunista Orlando Silva (SP) e o petista Pedro Uczai (SC) são os mais esbanjadores da grana dos pagadores de impostos

 

Plenário da Câmara dos Deputados. (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)


Justificativa para bem-bom custeado pelo pagador de impostos, deputados desfrutaram de 388 onerosas “missões oficiais” ao longo deste ano, a maioria em belíssimos lugares no exterior, como Estados Unidos e Europa. No topo, dois governistas: o comunista Orlando Silva (SP) e o petista Pedro Uczai (SC), com nove viagens cada um. Orlando acumula destinos como Lisboa (Portugal), Londres (Inglaterra), Bruxelas (Bélgica), Hanói (Vietnã) e maravilhas nacionais, no litoral do Nordeste.

Tacada de R$20 mil

Entre junho e julho, quando passou bons dias em missão na Europa, o comunista nos custou R$8,8 mil em passagens e R$12,1 mil em diárias.

Cuba-libre

Das nove viagens, o petista dedicou oito em rolês pelo Brasil. A exceção foi no fim de janeiro, quando passou três dias em Havana (Cuba).

Embromação paga

Em Cuba, Uczai participou do seminário “Construindo a Nova Ordem Mundial Internacional”. Passagens de R$2,8 mil e R$9,3 mil em diárias.

Pândega de excelências

A farra das “missões” não faz distinção partidária ou de espectro político. Foram 199 os deputados que desfrutaram da benesse este ano.

Diário do Poder

sábado, 27 de dezembro de 2025

O escândalo do Banco Master e a bomba que pode estar a caminho, segundo ministro...

OUTRA COISA, COM GUILHERME FIUZA

Nat King Cole, Frank Sinatra Christmas Songs 2025🎄

PAULO FIGUEIREDO E LUDMILA LINS

Paulo Figueiredo Show - O Elo Que Liga Alexandre e Temer ao Banco Master

FAROESTE À BRASILEIRA, MELHORES MOMENTOS-| RETROSPECTIVA DE 2025 - PARTE 1

PRONUNCIAMENTO OFICIAL DE NATAL: MICHELLE BOLSONARO PARA TODO O BRASIL

A pisada na bola das Havaianas, por Dagomir Marquezi

 Outras campanhas publicitárias do passado recente caíram no mesmo catastrófico erro


Cena da campanha da marca Havaianas com a atriz Fernanda Torres | Foto: Reprodução/Havaianas 

O debate político no Brasil chegou ao chinelo. Há alguns dias não se fala de outra coisa. A campanha publicitária das sandálias Havaianas virou a grande pauta das redes sociais. Uma campanha de boicote se espalhou pelo país. Memes e imagens de sandálias da marca sendo jogadas no lixo lotaram o X/Twitter. 

Segundo o site InfoMoney, a indignação deu certo, pelo menos temporariamente: “Na segunda-feira (22), as ações ALPA4 fecharam com queda de 2,39%, a R$ 11,44, enquanto ALPA3 caiu 1,66%, a R$ 10,08. Isso representou uma redução de cerca de R$ 152 milhões em valor de mercado, segundo a Elos Ayta Consultoria”. Mas na terça, 23, já estavam se recuperando da perda. 

A causa para o furor, a essa altura, todos sabem. A atriz Fernanda Torres entra em cena sentada numa cadeira, dizendo: “Desculpe, mas eu não quero que você entre em 2026 com o pé direito”. E então vinha o discurso que não é nada contra a sorte, e que o seu desejo era que o espectador entrasse com os dois pés etc.


Os ícones do Brasil brilham pelo mundo, mas gostoso mesmo é estar aqui de havaianas. Todo mundo usa. Todo mundo ama. #ParaTodosVerem o vídeo mostra Fernanda Torres conversando com pessoas na praia, ela usa um par de havaianas Brasil Logo na cor azul. View all 3,075 comments Add a comment... 


A peça logo foi considerada um desastre. E não era obra de amador. Ela foi criada pela agência Galeria, a terceira maior do Brasil, com sede em São Paulo. A Galeria atende megaclientes como o McDonald’s, a Natura, a Vivo e, especialmente, o Banco Itaú. A agência já colocou como astros de suas propagandas o ator Owen Wilson, o campeão da Fórmula 1 Lewis Hamilton e o tenista Rafael Nadal. 

A Alpargatas, que fabrica as sandálias, é controlada pelas holdings Itausa e Cambuhy desde 2017. O Banco Itaú vai patrocinar um especial de fim de ano com mãe e filha, Fernanda Montenegro e Fernanda Torres. 5

E Fernanda Torres foi chamada para estrelar a campanha da Alpargatas. Ela, que já havia feito o filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, herdeiro do Banco Itaú. 

Esse círculo de interesses conectados gera para seus membros uma quantidade de dinheiro que nós, meros compradores de sandálias, não podemos imaginar. 

Quanto à propaganda em si: publicidade de sandálias costumava mostrar gente na praia, ou provando que as tiras não se soltam, ou a variedade de padrões. O grande gênio criativo que criou essa peça optou por colocar a atriz fazendo um monótono comício com uma óbvia mensagem subliminar: “Direita em 2026, não”. 

Se a mensagem não era tão clara, a escolha da atriz não deixou dúvidas. Uma semana antes do lançamento da campanha, Fernanda Torres estava num palco do Rio de Janeiro para defender uma das causas mais insensíveis, cruéis e desumanas da história do Brasil: a “Sem Anistia” para os presos do 8 de janeiro. 


Bolhas nos pés 

É uma campanha suicida da Havaianas, então? A lógica seria unir o país inteiro para comprar a sandália, e não dividir por meio de um texto tosco. Unir para vender é o sentido da publicidade. Então, por que a agência Galeria aprontou essa? E, ainda mais incompreensível: por que os donos da empresa Alpargatas aprovaram essa ideia? 

A diretora de criação Lizzie Capello deu a seguinte explicação na sua conta do Instagram: “As Havaianas e tantas outras marcas estão dando tiro no pé por causa das bolhas. Vivemos num ecossistema onde algoritmos nos entregam quase que exclusivamente mais do que a gente já curte, mais do que já pensamos, mais do que já concordamos. Isso cria uma ilusão superperigosa: a de que todo mundo pensa igual à gente. E não pensa. Nunca pensou. E nunca vai pensar. 

Agências são contratadas para atender demandas claras de negócios. Mas, em algum ponto do caminho, elas decidem colocar crenças pessoais e posicionamentos políticos acima da estratégia da empresa”. Mas afinal, quem manda na campanha? 

Segundo Lizzie, “não é o empresário”. Nem o diretor de marketing. E definitivamente não é o departamento criativo. Quem manda de verdade é o cliente. E cliente de direita em geral tem muito mais poder de escolha. 

Não porque são melhores ou piores que ninguém, mas porque há muito tempo decidiram não se vitimizar. Elegeram o trabalho como um pilar da vida, expulsaram a preguiça da equação. (…) Subestimar esse público é um erro estratégico grave. Ignorar sua força de conjunto é miopia de mercado. E justamente os que mais falam de inclusão são os primeiros a excluir quem pensa diferente”.


Breve história da publicidade woke 


Dylan Mulvaney faz campanha para a Bud Light nas redes sociais - Foto: Reprodução/Instagram/dylanmulvaney


O fenômeno da bolha não é novo. Outras campanhas publicitárias do passado recente caíram no mesmo catastrófico erro. Em 2023, a cerveja Bud Light — geralmente associada a uma cultura de “macho” nos bares e eventos esportivos — resolveu usar a “influenciadora” trans Dylan Mulvaney como “garota” propaganda. Resultado: perda de valor de US$ 5 bilhões para a proprietária da marca, a Anheuser Busch-Inbev. 

O lendário carro Jaguar fez a mesma coisa este ano. Com slogans como “crie exuberantemente”, a empresa lançou uma campanha com modelos LGBTQ+ vestidos com roupas bizarras e usando penteados assustadores. Balanço da empresa: nos cinco primeiros meses deste ano, as vendas caíram 77,8% em relação ao ano passado, segundo reportagem de Carlo Cauti. 

Em 2021, época em que as fintechs estavam começando a se firmar no Brasil, a co-fundadora do Nubank, Cristina Junqueira, deu uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Uma jornalista militante de esquerda preparou uma armadilha perguntando sobre cotas para negros na instituição. Cristina foi honesta: disse que a empresa tinha seu sistema de cotas, mas que não poderia “nivelar por baixo” o serviço prestado ao cliente. 

O inferno caiu sobre sua cabeça. A máquina de destruição de reputações transformou sua frase numa mensagem racista. Cristina foi crucificada em público. E a reação do banco foi a pior possível. De um dia para o outro, todos os modelos usados no aplicativo eram negros — numa rendição publicitária artificial que não tinha nada a ver com a realidade. Piorou: para acalmar a militância, o Nubank contratou para altos cargos os petistas Anitta (salário: pouco menos de R$ 36 milhões em cinco anos) e Emicida. 


Ou a direita cria esse contraponto, ou continuaremos vendo a esquerda usando sandálias para passar recados, doutrinando as novas gerações e enriquecendo loucamente. 


Também em 2021, a cerveja Heineken lançou uma campanha para que seus consumidores cortassem o consumo de carne durante um dia da semana — o Dia Sem Carne. Associações de pecuaristas reagiram em massa, criando o movimento “Churrasco Sem Heineken”. Logo, a empresa teve que abandonar a campanha. Nesse caso, mesmo quem apoia a causa (e eu sou vegetariano) tem que admitir que publicidade fala com todos os segmentos. Não é lugar para causas.

Outro caso exemplar aconteceu em 2023. A empresa Lacta resolveu fazer campanha do seu tradicional wafer coberto de chocolate Bis, criado em 1942. Entre tantos possíveis modelos para estrelar a campanha, a agência chamou o gamer/influencer/YouTuber Felipe Neto para aparecer com cara de tédio num jatinho executivo. Felipe já tinha se revelado não só um fanático admirador do lulismo, como um dos mais agressivos e grosseiros.

Como no atual caso das sandálias Havaianas, o país se dividiu. Esquerdistas fizeram campanha grátis para o Bis. Quem não gostasse de Bis era “bolsonarista”. Quem se declarava bolsonarista, comia a marca concorrente, o KitKat. Que, por uma dessas ironias da época em que vivemos, havia feito uma campanha radicalmente woke: 

A lição de Antonio Gramsci

Toda essa história, que vai do Bis às sandálias Havaianas, revela uma situação que exige uma reflexão sobre o futuro imediato do Brasil. O primeiro fato, patente e óbvio, é que a esquerda tomou todos os espaços culturais do país. Todos, incluindo a produção de entretenimento, a educação e, como vimos, a publicidade. Eles aprenderam a lição do comunista italiano Antonio Gramsci: para se conquistar um país, é preciso conquistar os corações e mentes de seu povo. 

É a guerra cultural. E, por enquanto, a esquerda está vencendo de goleada. Eles foram objetivos e disciplinados em criar um vasto aparelhamento que funciona de forma impiedosa e autossustentável. E que não representa a realidade de um país onde pelo menos a metade da população discorda da esquerda e não aguenta mais viver sob o lulismo. 

O segundo fato é que quem não concorda com a esquerda não domina quase nada. Temos Oeste, Gazeta do Povo, Brasil Paralelo e algumas poucas ilhas de “resistência”. 

E só. A direita está nessa situação porque não costuma pensar em cultura. Não é orgânica. Briga muito nas redes sociais, promove boicotes às marcas ligadas à esquerda, faz manifestações de rua. Mas não ocupa os espaços de produção cultural. 

Se a direita quiser um dia virar o jogo de verdade, vai ter que repensar essa atitude. Deve entrar em campo de olho não apenas na próxima eleição ou no impeachment de juízes fora da lei. Precisa conquistar corações e mentes jogando limpo, espalhando suas ideias, produzindo arte e educação conectadas com a realidade do brasileiro comum. Ou a direita cria esse contraponto, ou continuaremos vendo a esquerda usando sandálias para passar recados, doutrinando as novas gerações e enriquecendo loucamente.


Dasgomir  Marquezi - Revista Oeste

'Os escudeiros do consórcio Lula-STF', por Sarah Peres

No primeiro ano de comando de Hugo Motta e Davi Alcolumbre, o Congresso atuou como linha auxiliar do Planalto e blindou ministros do Supremo


Davi Alcolumbre, presidente do Senado, e Hugo Motta, presidente da Câmara, são as lideranças do Congresso Nacional em 2025 - Foto: Lul Marques/Agência Brasil


O s Poderes da República foram concebidos para atuar de forma autônoma e independente, conforme a formulação clássica de Montesquieu sobre o equilíbrio institucional. Em 2025, porém, essa separação mostrou-se mais teórica do que prática no Congresso Nacional. Sob as presidências de Hugo Motta (Republicanos-PB), na Câmara, e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), no Senado, o Legislativo organizou uma agenda previsível e controlada, orientada a assegurar ao governo Lula vitórias sucessivas em matérias fiscais, orçamentárias e administrativas. 

No primeiro ano da gestão de Hugo Motta e Davi Alcolumbre, Câmara e Senado assumiram papéis complementares em favor do Palácio do Planalto. Na Câmara, projetos de recomposição fiscal — medidas que aumentam a arrecadação por meio de novos impostos, cortes de benefícios ou elevação de tributos já existentes — foram votados com rapidez. No Senado, a atuação foi a de contenção: a Casa funcionou como anteparo para barrar ou segurar propostas que poderiam constranger o governo, além de manter engavetados pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

 Quando o calendário apertou, na última semana de funcionamento do Legislativo, a dinâmica ficou ainda mais explícita. Bastaram 24 horas para que o discurso público contra o aumento de impostos fosse abandonado em favor de um acordão que elevou as emendas parlamentares ao patamar recorde de R$ 61 bilhões. O saldo político foi inequívoco: um Parlamento eficiente para garantir recursos ao governo e ampliar seu próprio poder orçamentário, mas lento — quando não omisso — diante de demandas populares como a anistia aos presos do 8 de janeiro, o homeschooling, o fim do foro privilegiado e a limitação das decisões monocráticas do STF


A eficiência foi seletiva: pressa para garantir R$ 61 bilhões em emendas, mas lentidão deliberada para pautas como a anistia e o fim do foro privilegiado | Foto: Ricardo Stuckert/PR 

O acordão das emendas

 Nada simboliza melhor esse alinhamento do que o desfecho orçamentário do próximo ano. Depois de meses de cabo de guerra com o Executivo, em que congressistas diziam resistir a novos aumentos de impostos sob o argumento de que “o brasileiro não aguenta mais pagar a conta do Estado”, o Congresso mudou de posição em tempo recorde. O gatilho foi o interesse corporativo: assegurar R$ 61 bilhões em emendas parlamentares no Orçamento de 2026. 

A contrapartida veio com a aprovação, em sequência relâmpago na Câmara e no Senado, de um projeto que reduziu benefícios fiscais federais e elevou a tributação sobre casas de apostas online, fintechs e juros sobre capital próprio. O texto recompôs R$ 22,5 bilhões no Orçamento e permitiu ao governo fechar as contas do próximo ano, ao menos formalmente, dentro da meta fiscal. 

A negociação teve participação direta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o resultado foi um Orçamento de R$ 6,5 trilhões, com R$ 61 bilhões em emendas — sendo R$ 37,8 bilhões impositivas —, R$ 5 bilhões reservados ao Fundo Eleitoral e margem fiscal aberta com a retirada dos precatórios das contas. Enquanto isso, o salário mínimo de 2026 ficou abaixo da projeção inicial.


O que ficou pelo caminho 

O mesmo Congresso que mostrou agilidade para fechar acordos fiscais e ampliar seu próprio poder orçamentário passou 2025 empurrando com a barriga pautas que mobilizam a sociedade civil. Enquanto projetos de interesse direto do Planalto avançavam em ritmo acelerado, demandas populares foram sendo esvaziadas, diluídas ou simplesmente engavetadas. 

O caso mais emblemático foi o da anistia aos manifestantes presos pelo 8 de janeiro. Sob pressão de familiares, protestos de rua e intensa mobilização nas redes sociais, o Congresso chegou a sinalizar a disposição de votar um perdão amplo, geral e irrestrito. O recuo veio em seguida. Em vez de enfrentar o tema de forma direta, o Parlamento optou por um projeto de dosimetria das penas — uma solução intermediária que preservou as decisões já tomadas pelo STF e evitou o desgaste institucional de um confronto aberto com a Corte. 

Na prática, a mudança de rota esvaziou a proposta de anistia. Ao substituir o perdão coletivo por ajustes pontuais nas penas, o Congresso transferiu ao próprio Judiciário a palavra final sobre cada caso, frustrou a expectativa criada junto às famílias dos presos e manteve intacta a arquitetura punitiva construída após o 8 de janeiro.


A troca da anistia pela dosimetria não foi solução, mas rendição: ao evitar o confronto, o Parlamento manteve a arquitetura punitiva e frustrou as famílias | Foto: Cristyan Costa/Revista Oeste

Outro tema deixado em segundo plano foi o homeschooling. Defendido por milhares de famílias e por movimentos organizados que pressionam o Congresso há anos, o ensino domiciliar voltou a ser debatido em audiências e comissões, mas não avançou. Apesar de constar em promessas eleitorais e mobilizar uma base social engajada, o projeto não entrou na lista de prioridades do Legislativo. 

Situação semelhante viveu a proposta de fim do foro privilegiado. Bandeira recorrente em campanhas eleitorais e associada ao discurso de combate a privilégios, o projeto sequer entrou na pauta de votações em 2025. A promessa foi, mais uma vez, adiada indefinidamente. 


A Casa Alta operou como escudo institucional do governo, barrando projetos incômodos e mantendo engavetados pedidos de impeachment de ministros do STF.


Outro tema deliberadamente deixado de lado foi o fim das decisões monocráticas no STF. Apesar de reiteradas declarações públicas sobre a necessidade de reequilibrar a relação entre os Poderes e conter a concentração excessiva de autoridade em ministros da Corte, o Congresso não avançou na regulamentação do tema. 

Propostas que limitam decisões individuais com impacto nacional — frequentemente usadas para suspender leis, barrar atos do Executivo ou interferir diretamente em prerrogativas do Legislativo — permaneceram paralisadas. 

A estagnação da pauta reforçou a percepção de um Parlamento que evita enfrentar o Judiciário, optando pela acomodação institucional em vez de exercer seu papel constitucional de freio e contrapeso. 


Câmara sob controle 


Na Câmara, a condução de Motta foi decisiva para esse resultado. Com habilidade de articulação e apoio do Planalto, o presidente da Casa evitou confrontos diretos e manteve a agenda sob controle de blocos governistas. A previsibilidade das votações tornou-se regra. Projetos do Executivo tramitaram com rapidez, enquanto iniciativas que poderiam gerar um possível mal-estar com o Planalto ou o Supremo foram adiadas ou diluídas. Ao anunciar a votação da então anistia, Motta passou a ser bombardeado pelo Planalto. 

Chegou a dar uma declaração direcionada ao Executivo, em que destacou: “Esse Congresso aprovou quase tudo que o governo enviou para apreciação dos congressistas”. E, embora tenha contrariado o governo petista com a votação da pauta, garantiu que o perdão amplo fosse transformado na dosimetria das penas.


Motta se orgulha de ter aprovado “quase tudo” para o governo, e o preço foi pago pelo povo: transformou a anistia em dosimetria para não desagradar o sistema - Foto: Reprodução/ CanalGov


Esse papel de operador confiável do governo ganhou contornos ainda mais nítidos no fim do ano, com a indicação do novo ministro do Turismo. Após a demissão de Celso Sabino, Hugo Motta articulou diretamente com o presidente Lula a nomeação de Gustavo Feliciano, em um movimento interpretado nos bastidores como parte de uma estratégia calculada de aproximação com o Palácio do Planalto. 

Nos bastidores, a percepção é de que essa articulação do presidente da Câmara está inserida desde já no tabuleiro eleitoral de 2026. Ao oferecer governabilidade no presente, Motta acumula capital político para o futuro, fortalece alianças regionais e constrói as condições para viabilizar a candidatura do pai, Nabor Wanderley, ao Senado. Senado como escudo No Senado, 

Davi Alcolumbre exerceu função complementar. Ao longo do ano, a Casa Alta operou como escudo institucional do governo, barrando projetos incômodos e mantendo engavetados pedidos de impeachment de ministros do STF, como Alexandre de Moraes. 

A justificativa foi a preservação da harmonia entre os Poderes. Ao encerrar os trabalhos legislativos, Alcolumbre fez questão de reforçar o discurso da convergência: “Mais do que nunca, o Parlamento brasileiro precisa caminhar unido”. A declaração ocorreu em uma celebração da aprovação do Orçamento e da cooperação entre Câmara e Senado.


Ao atuar como “escudo institucional”, Alcolumbre transformou a Casa Alta em um cemitério de pedidos de impeachment, tudo em nome da conveniência política | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O alinhamento de Alcolumbre com o Planalto foi quase total até os últimos meses do ano, quando surgiu um ruído relevante: a indicação de Jorge Messias ao Supremo. A ausência de envio formal do nome ao Senado inviabilizou a sabatina e empurrou a decisão para 2026. 

Alcolumbre, que desde o início demonstrava preferência por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), viu frustrada a chance de derrotar Messias ainda em 2025. O episódio não representou ruptura com o governo, mas deixou explícita a lógica que regeu a relação ao longo do ano. Ao travar a indicação, Alcolumbre sinalizou que o alinhamento não é automático nem incondicional. Em política, tudo tem um preço — e Lula está sempre disposto a pagar.


Sarah Peres - Rrvista Oeste

A força do silêncio contra a ditadura do ruído, por Ana Paula Henkel

O Natal não exige adesão imediata, não convoca multidões, não disputa narrativas. Ele apenas permanece, ano após ano, lembrando que há verdades que não se revelam no ruído do mundo, mas no recolhimento da consciência


Ilustração: Shutterstock


Há algo profundamente desconfortável no Natal para o mundo moderno. Não pela fé em si, exceto para aqueles que desejam distorcer o Cristianismo, mas pelo silêncio que o cerca. Em uma era que exige posicionamento constante, declarações públicas, performances morais e ruído ininterrupto, o nascimento que funda a civilização ocidental acontece sem anúncio, sem multidão, sem aplauso. O maior evento da história humana se dá longe dos palácios, fora do centro político, à margem do poder visível e, sobretudo, em silêncio. 

E esse contraste não é acidental. Ele é a chave. No livro A Força do Silêncio, o cardeal Robert Sarah oferece uma das críticas mais profundas e elegantes à modernidade tardia. Não se trata de nostalgia nem de fuga espiritual, mas de um diagnóstico severo: uma civilização que perde o silêncio perde também a capacidade de escutar a verdade, de formar a consciência e de reconhecer limites. 

E, sem limites, o poder deixa de ser humano. Não por acaso, o próprio subtítulo da obra é uma declaração sem rodeios: contra a ditadura do ruído. A época do Natal, nesse sentido, não é apenas uma data religiosa. É uma afirmação civilizacional. O mundo contemporâneo associa força à visibilidade. Quem não se manifesta desaparece. 

Quem silencia é suspeito. Quem não reage imediatamente é acusado de omissão. Criamos uma cultura em que o barulho constante se confunde com virtude e o recolhimento com fraqueza. Robert Sarah inverte essa lógica. Para ele, o silêncio não é ausência, mas presença. Não é fuga, mas resistência. É no silêncio que o homem se encontra consigo mesmo, e é nesse encontro que nasce a responsabilidade moral. Um indivíduo incapaz de silêncio é facilmente capturado pelo grito coletivo, pela palavra de ordem, pelo espírito do tempo. 

Nada disso é novo. O que é novo é a escala. Nunca houve tanto ruído. Nunca foi tão difícil parar. Nunca foi tão raro escutar.


Robert Sarah adverte que a falta de silêncio interior nos deixa à mercê dos gritos coletivos e nos impede de assumir responsabilidade moral | Foto: Divulgação 

E, no entanto, é exatamente nesse mundo que o Natal reaparece todos os anos como uma interrupção incômoda. Um lembrete silencioso de que o fundamento da nossa civilização não foi um discurso inflamado nem um manifesto político, mas um nascimento escondido, guardado no coração de uma mãe e testemunhado por poucos. 

O Natal é a maior inversão de poder da história. Se o Cristianismo fosse uma construção humana, Deus teria nascido em Roma, cercado de legiões, proclamado por éditos e celebrado por monumentos. Mas a narrativa bíblica faz exatamente o oposto: Deus entra no mundo como criança, dependente, vulnerável, sem voz política e sem defesa institucional. Esse gesto carrega uma mensagem que atravessa séculos. O poder verdadeiro não se impõe pelo ruído, mas se sustenta na verdade simples e forte através da vida. 

É por isso que regimes autoritários temem o silêncio. O silêncio cria interioridade. A interioridade cria consciência. A consciência estabelece limites. E limites são intoleráveis para sistemas que desejam ocupar tudo: o espaço público, a linguagem, a memória e até o pensamento íntimo. O Natal afirma o contrário. Há algo que nenhum poder pode colonizar. Há um espaço interior que precede o Estado, o partido, a ideologia. E esse espaço nasce no silêncio.


O poder do recolhimento 

Os personagens centrais do Natal não discursam. Maria guardava tudo no coração. José age, protege, conduz e não pronuncia uma única palavra nos Evangelhos. Não há slogans, não há reivindicações, não há exigências. Há fidelidade silenciosa, responsabilidade assumida e confiança em algo maior do que a própria compreensão. 


O Natal reaparece como escândalo e convite. Ele não pede licença à modernidade. 


Essa pedagogia do recolhimento moldou o Ocidente. A ideia de consciência individual, de dignidade humana e de limite ao poder político não surge do nada. Ela nasce de uma tradição que reconhece o valor do silêncio como condição da verdade. Robert Sarah insiste que, quando o homem perde o silêncio, ele perde o eixo e passa a reagir, não a refletir. Passa a repetir, não a julgar. Passa a obedecer ao ruído, não à consciência.

Não é coincidência que os períodos mais sombrios da história tenham sido também períodos de silêncio imposto, não o silêncio fecundo da interioridade, mas o silêncio forçado da censura, da intimidação e do medo. A diferença é essencial. Um silêncio é opressão. O outro é liberdade e conhecimento. 

Vivemos uma era em que o barulho se tornou método. A saturação de informação, a indignação permanente, a urgência artificial e a pressão para opinar sobre tudo criam uma exaustão moral profunda. Um homem exausto não resiste. Uma sociedade exausta aceita qualquer coisa em nome de alívio momentâneo.


Ilustração: Shutterstock


O cardeal Sarah alerta que o ruído constante anestesia a alma. Ele impede o arrependimento, a contemplação e até a tão necessária coragem. Quem não silencia não escuta. Quem não escuta não distingue o bem do mal. Quem não distingue liberdade e controle torna-se massa ou se anestesia diante da perversão contínua.

O Natal interrompe essa lógica. Ele não compete com o barulho. Ele o desarma. Não grita mais alto. Fala mais fundo. Não se impõe, mas se oferece. É por isso que tantas instituições modernas tentam esvaziar o Natal de significado, reduzi-lo a um evento cultural neutro, decorativo e inofensivo. Um Natal sem transcendência não incomoda ninguém. Um Natal sem silêncio não transforma nada. 

Há um fio direto entre o presépio e a ideia de direitos humanos. Ambos partem do reconhecimento de que o frágil merece proteção. Que a dignidade não depende de utilidade, força ou status, e que a vida tem valor antes de qualquer autorização do poder. 

O nascimento de Cristo inaugura simbolicamente essa lógica. Não é à toa que o calendário do Ocidente se organiza a partir desse evento. Não é metáfora, é um marco histórico que reorganiza o tempo e a moral.


O evento do nascimento de Cristo não oferece respostas fáceis — oferece presença.


Robert Sarah nos passa isso com clareza. Para ele, uma civilização que despreza o silêncio despreza também o frágil, porque ambos exigem atenção, paciência e limite. O barulho, ao contrário, favorece o imediato, o forte, o que domina. O silêncio ensina a esperar. O Natal ensina por quê. 

Talvez o maior erro do nosso tempo seja achar que toda resistência precisa ser ruidosa. Que toda defesa da civilização exige confronto permanente, exposição contínua e desgaste sem trégua. O Natal oferece outra via: a resistência discreta, silenciosa e firme. O reagrupamento para algo imensamente maior. Não foi o barulho que salvou o mundo. Foi um “sim” dito em silêncio. Foi a fidelidade de uma família e a recusa em jogar segundo as regras do poder dominante. 

Robert Sarah escreve como quem sabe que o futuro do Ocidente não será decidido apenas em eleições, tribunais ou parlamentos, mas na capacidade de preservar espaços de silêncio onde a consciência ainda possa respirar. Ali, o silêncio deixa de ser ausência e se converte em critério para agir. 

Em um mundo que grita, o silêncio se tornou revolucionário. Em tempos que confundem volume com verdade, o Natal reaparece como escândalo e convite. Ele não pede licença à modernidade, e talvez seja isso que mais incomoda. Apesar de todo o esforço para abafá-lo, o silêncio do Natal continua atestando que a verdade não se impõe pela força do ruído e que nenhuma ditadura é capaz de sufocar o que é eterno. Ele atravessa séculos, impérios, regimes e modas. Ele lembra que a civilização não nasce do grito, mas da escuta. 


O silêncio se torna um ato revolucionário ao lembrar que a civilização nasce da escuta e não da gritaria imposta pela modernidade | Foto: Shutterstock

O Natal não exige adesão imediata, não convoca multidões, não disputa narrativas. Ele apenas permanece, ano após ano, lembrando que há verdades que não se revelam no ruído do mundo, mas no recolhimento da consciência. 

Para quem se permite silenciar, o evento do nascimento de Cristo não oferece respostas fáceis — oferece presença. E, às vezes, isso é tudo o que uma civilização precisa para não se perder de si mesma.


Ana Paula Henkel - Revista Oeste