Grupo terrorista Hamas recebeu o apoio de movimentos e partidos de esquerda que apoiam o governo de Lula.| Foto: Reprodução/X/PCO
Ou mercenários do poder – esse também seria um bom título para esta coluna, uma vez que os grupos de esquerda usam majoritariamente os traficantes para dominar governos e populações na América Latina. No Oriente Médio, esse papel é exercido pelos terroristas de várias denominações, como Hamas, Hezbollah e outros. De forma paradoxal, nesses dois sistemas as teorias, práticas e políticas socialistas caem por terra.
O perigo bate à porta: E por quê? Esses dois grupos, narcotraficantes e radicais islâmicos, agem como senhores feudais dos territórios que controlam. Não lutam pelo bem comum, ou mesmo pelos ideais socialistas. Vamos apenas relembrar as pautas historicamente defendidas pela esquerda: Coletivização da produção em prol da “justiça social e da igualdade”, estatização, centralização de poder, dentre outros. Nada disso ocorre. Tanto os terroristas como os traficantes controlam todo o patrimônio de regiões sob seu comando.
Em sistemas mais avançados, como o do México, que está lidando há muitas décadas com os narcotraficantes, eles são donos não só de mineradoras, meios de transporte, mídia, mas também de pessoas: juízes, administradores públicos e políticos. O mesmo acontece com modelos encabeçados por terroristas no Oriente Médio: praticamente ditadores, controlam o patrimônio público de regiões, seus líderes são riquíssimos e vivem muito bem fora das zonas de conflito. Adicionalmente, gerem todos os ativos provenientes de doações humanitárias no mundo, sem fazer chegar os recursos às populações necessitadas. A mesma situação ocorre com o domínio dos “narcos” na Venezuela, em outros países da América do Sul e em parte do México.
Narcotraficantes e radicais islâmicos agem como senhores feudais dos territórios que controlam. Não lutam pelo bem comum, ou mesmo pelos ideais socialistas
De novo, o Brasil no caminho errado: A esquerda brasileira está no mesmo caminho. Muitos estudantes ingenuamente acham que podem usar esses grupos subversivos como alavancas para obter o poder. Só que essa “alavanca” acaba custando caro, pois ela se torna o poder, e aqueles que seriam os “verdadeiros socialistas” acabam fazendo parte do tráfico ou do terrorismo. Deixam de ser ideólogos da esquerda e suas políticas passam a não existir mais ou ser inexequíveis.
Maquiavel já preconizava que, ao usar mercenários em uma guerra, tem-se o pior tipo de exército, porque em primeiro lugar os soldados são indisciplinados e não têm o mesmo intento; e, em segundo, há alto risco de se perderem as conquistas para os mercenários. É exatamente isso o que ocorre com a esquerda brasileira. Então, sabendo de todo o equívoco em que pode incorrer, por que a esquerda usa essas forças ilegítimas e por que, no Oriente Médio, os movimentos de esquerda são os terroristas? Porque os esquerdistas não têm força ideológica para convencer a maioria – eles são, efetivamente, uma parcela mínima da sociedade – e o terrorismo afeta a todos indiscriminadamente; é uma força muito mais poderosa, assim como o narcotráfico. Trata-se de um poder abrangente e amedrontador, e a política do medo sufoca as ideologias, o mesmo modelo em dois contextos não tão diferentes.
Suicídio político: A esquerda brasileira, sobretudo intelectuais e socialistas tradicionais, está cometendo o erro histórico de se apoiar no narcotráfico e no terrorismo internacional para defender seus interesses. Como esses grupos, que atemorizam suas regiões, não detêm a maior parte da população a seu lado, o que fatalmente irá acontecer, e já está acontecendo, será a perda do pouco poder que ela tem para esses mercenários. Apoios velados ou abertos do ocupante do Palácio do Planalto e de seu ministro da Justiça a esses grupos escandalizam os cidadãos brasileiros, muitos já fragilizados diante da barbárie a que têm assistido desde o ano passado.
Um bom estudo de caso, já que muitos esquerdistas têm como modelo a União Soviética, é o do presidente Vladimir Putin, que comandava talvez a maior máfia que já existiu, a KGB, em que funcionários públicos altamente qualificados eram arregimentados para impor um Estado policialesco. Ele dominou todas as outras máfias de seu território e sufocou outras; na China, a mesma situação: Xi Jinping e outros líderes comunistas se impuseram sobre qualquer outro grupo que os ameaçasse e se tornaram o poder dominante. Esses grupos terroristas, seja no ocidente ou no oriente, não toleram vozes dissidentes ou discussões sobre alternativas. São totalitários, mas não exatamente de esquerda, pois as políticas sociais apregoadas deixam de ser prioridade. A manutenção de um poder central forte, fascista, é o modelo predominante quando se adota a dinâmica de apoiar quem não tem legitimidade para falar pela sociedade.
Luiz Philippe de Orleans e Bragança é deputado federal por São Paulo, descendente da família imperial brasileira, trineto da princesa Isabel, tetraneto de d. Pedro II e pentaneto de d. Pedro I, sendo o único da linhagem a ocupar um cargo político eletivo desde a Proclamação da República, em 1889. Graduado em Administração de Empresas, mestre em Ciências Políticas pela Stanford University (EUA), com MBA pelo Instituto Européen d'Administration des Affaires (INSEAD), França. Autor dos livros “Por que o Brasil é um país atrasado”, “Antes que apaguem”, “A Libertadora – Uma Nova Constituição para o Brasil” e “Império de Verdades”
Gazeta do Povo