Muitas vezes a maior dificuldade que encontro nos diálogos que tenho com pessoas do meu círculo familiar e amigos próximos, é tentar libertá-los do condicionamento psicológico que criaram da "opinião" da grande mídia.
Como se fossem dependentes de um "opiáceo", estão tão desacostumados a pensar sozinhos que não conseguem mais, formar um juízo crítico ou ter uma leitura própria dos acontecimentos.
Seja nos casos corriqueiros do dia a dia, seja nos esportes, mas principalmente na política.
Ontem tive um diálogo neste sentido com um querido amigo. Inteligente, culto, rápido de raciocínio. Debatíamos sobre a densidade da adesão da população às manifestações de rua.
Ele me disse a certa altura:
- "É, mas os comentaristas da GloboNews estão dizendo que não tinha muita gente!"
Eu respondi:
“Tu não estais vendo as imagens com os teus próprios olhos? Em Brasília, em São Paulo, no Rio? E tu próprio não visse ai na tua cidade? O que tu visse não vale? Vale o que a Globo diz?”
Respondeu:
- "Sim, eu vi! Mas os ‘comentaristas’ da Globo estão dizendo que não era muita gente"!
- “E daí que eles estão dizendo isso? Vale o que tu estais vendo!”
Hora, quem são os comentaristas dos grandes veículos de comunicação?
Geralmente são pessoas que trabalham muito e recebem um salário de dependência que não podem perder, para alugarem a própria imagem e a língua para falarem o que os "patrões" que são os donos dos veículos mandam.
Na sua grande maioria são especialistas em generalidades e não sabem quase nada de tudo.
Mas para cumprirem a pauta, chutam, enchem linguiça, criam narrativas, enrolam. Sempre na linha que agrada o patrão. Para não perderem a dependência econômica, se submetem.
Alguns são uns pobres coitados que vivem de passar uma imagem de sabichões maquiada e exposta em cenários montados.
E uma massa de tansos, embarca.
E não acreditam no que veem e sempre esperando para ver o que os "comentaristas" dizem.
Experimentem ver matérias antigas desses “videntes” para ver o quanto eles erram.
Muitas vezes - senão em todas as vezes - esses "profissionais" tem que fazer isso constrangidos aviltando o que veem e mesmo as próprias opiniões.
Quantas vezes você que me lê já viu ex comentaristas , editores, redatores, apresentadores, repórteres serem mandados embora e ficaram na estrada como cachorro perdido em mudança?
Esses "analistas" são pessoas como eu e você. E a opinião deles é deles.
Eu, você, cada um de nós, tem a sua.
Sair dessa dependência da opinião da grande mídia é um ato de libertação.
É como se livrar das drogas, dos vícios da dependência psíquica.
E para começar, basta perguntar para si próprio:
- Preciso assistir isso? Não tenho eu a minha própria opinião sobre o que estou vendo? Então o que me faz depender da opinião de um mero jornalista, comentarista, debatedor?
Pense nisso. Se quiser praticar, use o controle remoto. Vai ajudar muito.
Luiz Carlos Nemetz
Editorialista do Jornal da Cidade Online. Advogado membro do Conselho Gestor da Nemetz, Kuhnen, Dalmarco & Pamplona Novaes, professor, autor de obras na área do direito e literárias e conferencista. @LCNemetz
Jornal da Cidade