Que avaliação o senhor faz do superministério da Economia do governo Bolsonaro?
Não há razão para supor que não possa dar certo. Trata-se de um experimento que envolve risco por reunir três ministérios importantes, o que exigirá do titular da pasta habilidade para que haja políticas coordenadas entre quem prepara o Orçamento e quem o executa. Isso será saudável. É prematuro fazer qualquer tipo de crítica.
Como deve ser a estrutura desse superministério?
Imagino que Paulo Guedes será o grande coordenador desse modelo escolhido para tocar a política econômica. Mas acredito que ele terá secretários executivos para cada uma das áreas, uma espécie de vice-ministro. Trata-se de uma experiência possível, mas será preciso uma cooperação muito maior entre as três pastas. Será impossível que o Ministério da Indústria, por exemplo, faça uma política sem estar em coordenação com as demais pastas.
A Casa Civil pode se fortalecer nesse modelo?
Não acredito. Acho que a Casa Civil vai continuar funcionando como uma espécie de filtro da política econômica a ser executada.
E o que ocorrerá com órgãos como o Conselho Monetário Nacional, cujas decisões têm um voto da Fazenda, um do Planejamento e outro do BC?
Nesse modelo, o CMN não faz mais sentido nas decisões de política monetária. Acho que esses instrumentos como o CMN tinham pouca eficácia. É saudável que se busquem instrumentos novos.
O senhor acredita que, nesse cenário, Paulo Guedes torna-se o grande fiador do governo?
Paulo Guedes será o comandante desse ministério, mas quem vai decidir a política econômica é o presidente. Se as coisas estiverem funcionando entre os secretários executivos, ótimo. Não vejo uma possível saída de Paulo Guedes do governo, no futuro, como algo desastroso.