sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Futuro ministro de Energia é defensor de tecnologia nuclear desenvolvida no Brasil

Almirante de Esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior Foto: Reprodução - Site da Marinha
Almirante de Esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior Foto: Reprodução - Site da Marinha


Diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, o almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, que acaba de ser apontado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro como ministro de Minas e Energia , é um defensor da tecnologia nuclear desenvolvida no Brasil como estratégica para fortalecer a soberania do país e proteger seus recursos naturais. Bolsonaro informou pela sua conta do Twitter, na manhã desta sexta-feira, que Bento irá para a pasta de Minas e Energia. Será o sexto militar no ministério do presidente eleito.

Em entrevista à revista “Brasil Nuclear”, Bento afirmou que o submarino com propulsão nuclear será importante para “proteger a Amazônia Azul”, termo criado pela Marinha brasileira para se referir o mar territorial brasileiro, por suas riquezas naturais.

“O mar foi, é e sempre será uma fonte de riquezas para o Brasil. É na chamada Amazônia Azul, uma imensa área marítima de aproximadamente 4,5 milhões de km2, que desenvolvemos as atividades pesqueiras, o comércio exterior e a exploração de recursos naturais. É pelo mar que passam 95% das nossas exportações e importações. E é no mar que está 90% do nosso petróleo. É, portanto, para proteger a Amazônia Azul que vamos ter o submarino com propulsão nuclear”, disse Bento, na penúltima edição da revista, de outubro de 2017.
Na entrevista, Bento lembrou ainda a importância histórica do país na tecnologia nuclear, destacando que, desde a década de 1950, a Marinha vislumbrou “a necessidade crucial de dominar, por seus próprios meios, uma tecnologia que as grandes potências jamais quiseram compartilhar com outras nações”.
Segundo Bento, "dominar tecnologias sensíveis está intimamente ligado à capacidade de uma nação em se manter soberana". Na sua opinião, dado as suas dimensões territoriais, seus recursos naturais e o tamanho de sua população, o Brasil precisa ter elevada produção de energia e dominar a tecnologia nuclear.
"O Brasil forma, ao lado dos EUA e da Rússia, o seletíssimo grupo de países que possuem o domínio da tecnologia do ciclo do combustível nuclear e expressivas reservas de urânio em seu próprio território", destacou na entrevista.
Carioca, Bento tem 60 anos e iniciou sua carreira na Marinha em 1973. Ele tem pós-graduação em Ciências Políticas pela Universidade Nacional de Brasília, MBA em gestão internacional pela Coppead/UFRJ e MBA em Gestão Pública pela Fundação Getulio Vargas, além de ter cursado o curso de Altos Estudos de Política e Estratégia da Escola Superior de Guerra.

Em sua última entrevista, Bento afirmou ainda que sua missão, à frente da diretoria de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, seria concluir o Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (Labgene, cujas operações seriam iniciadas este ano), e construir quatro submarinos de propulsão convencional e um de propulsão nuclear.
Na Marinha, Bento chegou a comandar dois submarinos, o “Tamoio” e o “Tonelero”.
Bento também defende o uso de tecnologia nuclear em outras áreas, como medicina. Na sua visão, desenvolver um reator multipropósito no Brasil é um projeto estratégico para o país.
"Com ele, vamos ser menos dependentes e mais eficientes na produção de radiofármacos, para emprego em medicina nuclear e fundamental no diagnóstico de diversas enfermidades e no tratamento de vários tipos de câncer. Hoje, para termos uma ideia, o uso per capita de procedimentos de medicina nuclear no Brasil é duas vezes e meia menor que na Argentina e seis vezes menor que nos Estados Unidos", disse Bento na entrevista.
O Globo