A credibilidade do Departamento de Polícia de Nova York - NYPD cresceu desde que o então prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, implantou o programa 'Tolerância Zero' e inibiu a violência que assolava uma das maiores cidades do planeta.
Giuliani foi prefeito de 1 de janeiro de 1994 a 31 de dezembro de 2001.
Com Giuliani como mayor os crimes em Nova Iorque desceram 57%. Os assassinatos foram reduzidos em 65%. A partir daí, o FBI considerou Nova Iorque a mais segura das grandes cidades norte-americanas. Passou a ser um modelo para outras cidades e viu crescer o número de turistas. Outra das medidas do republicano Rudy Giuliani foi limpar a cidade, o metrô e os espaços públicos, sendo o melhor exemplo Times Square.
Com a credibilidade em alta desde os anos 1990, o NYPD resiste nesse momento ao prefeito populista e demagogo Bill de Blasio. O político, ao contrário de seus antecessores, tenta manobrar o Departamento para que seja benevolente com a bandidagem.
Parece os corruptos e incompetentes que governam o Brasil, a Argentina ou a Venezuela.
Pelo menos em dois momentos, os policiais deixaram claro ao 'alcaide' que continuarão trabalhando para proteger os nova-iorquinos e os turistas.
Recentemente, dois policiais foram assassinados dentro de uma viatura por um cidadão, sob pretexto de vingar a morte de um homem negro.
No velório dos agentes mortos, os policiais deram as costas ao prefeito. E, no enterro, repetiram o gesto.
Veja matéria do El Pais assinada por Vicente Jiménez sobre a animosidade criada por Bill de Blasio com a polícia:
A crise com a polícia ameaça o futuro do prefeito de Nova York
Um desconhecido Bill de Blasio só precisou de 750.000 votos em novembro de 2013 para se tornar prefeito de 8,4 milhões de habitantes. Agora, a animosidade de apenas 35.000 agentes ameaça colocar fim à sua carreira. Os 35.000 profissionais são 100% da maior e mais difícil corporação de polícia dos Estados Unidos. Nova York não pode ser governada sem o apoio de seu pequeno exército azul. O primeiro prefeito democrata em 25 anos levou doze meses, período em que está no cargo, para comprovar isso.
Há duas semanas De Blasio era a estrela emergente do Partido Democrata. Enaltecido por uma cidade na qual afro-americanos e hispânicos já são maioria, sua gestão da crise do ebola e dos protestos pelocaso Garner o elevou a níveis não imaginados. Na reforma migratória ele se pôs à frente de uma coalizão de prefeitos, foi fotografado com o presidente Barack Obama e compareceu como o político da semana ao programa de George Stephanopoulos na ABC. Os elogios eram exuberantes. Chris Smith, daNew York Magazine, escreveu: “Não sugiro que o caso Garner seja algo positivo para alguém. Mas De Blasio está crescendo pelo modo como o administrou. Os bons políticos são os que sabem ver o momento e aproveitar suas oportunidades”.
Uma semana depois, De Blasio é um boxeador grogue. Nos últimos dias ele multiplica os gestos de homenagem aos policiais mortos para tentar restabelecer pontes com a corporação e reposicionar-se no cargo. O funeral do agente Rafael Ramos no sábado será a primeira prova de fogo. Mas não a única.Há duas semanas De Blasio era a estrela emergente do Partido Democrata. Enaltecido por uma cidade na qual afro-americanos e hispânicos já são maioria, sua gestão da crise do ebola e dos protestos pelo caso Garner o elevou a níveis não imaginados. Na reforma migratória ele se pôs à frente de uma coalizão de prefeitos, foi fotografado com o presidente Barack Obama e compareceu como o político da semana ao programa de George Stephanopoulos na ABC. Os elogios eram exuberantes. Chris Smith, daNew York Magazine, escreveu: “Não sugiro que o caso Garner seja algo positivo para alguém. Mas De Blasio está crescendo pelo modo como o administrou. Os bons políticos são os que sabem ver o momento e aproveitar suas oportunidades”.
Para salvar-se não lhe basta seu sucesso na redução da criminalidade (300 assassinatos este ano, um recorde) nem suas reformas progressistas aprovadas sem oposição (carteira de identidade) nem o apoio a imigrantes e desfavorecidos (ajuda legal a menores sem documentos, ampliação do salário por doença e comida grátis para estudantes) nem seus planos de crescimento sustentado (redução do número de vítimas do tráfico) nem tantas outras iniciativas que obscureceram o legado de seu predecessor, o conservador Michael Bloomberg. Duas estratégias fora de seu controle, a morte do afro-americano Eric Garner e o assassinato de dois policiais no Brooklyn dinamitaram tudo o que foi construído.
De Blasio tentou introduzir novos usos em territórios onde as velhas leis persistem. A primeira é lidar com a polícia. Duas imagens resumem os erros do prefeito. Em agosto, nas primeiras tensões do caso Garner, sentou-se à sua esquerda, durante uma entrevista à imprensa, o reverendo Al Sharpton, conhecido agitador afro-americano. À sua direita se sentou o chefe de polícia, William Bratton. Essa equidistância foi um insulto para os agentes.
A segunda imagem se produziu no sábado. Dezenas de policiais deram as costas ao prefeito quando entrou no hospital que custodiava os cadáveres dos agentes mortos a tiros. Esta semana ele se dirigiu contra os jornalistas em um ato. “Que pensam que estão fazendo? Querem continuar nos dividindo?”, alfinetou. O governante perdeu o controle da situação e sua batalha acirrou os ânimos da cidade como não se via desde os sangrentos anos 70 (2.500 assassinatos no ano), como lembrou, para irritação de De Blasio, o próprio Bratton.
A polícia odeia De Blasio. Seu discurso sobre uma nova relação com a população é desprezado por uma maioria de agentes que cresceu durante as administrações conservadoras e bastante punitivas de Giuliani e Bloomberg. O abandono das políticas de mão dura e sua substituição por outras mais integradoras e respeitosas com as minorias foi considerado uma desautorização de sua história recente. De Blasio deixou a corporação sem o discurso que lhe havia permitido travar uma guerra nas ruas sob o amparo do poder. O conflito pelo dissídio dos agentes iniciou as hostilidades.
O primeiro torpedo chegou em agosto. A associação Benevolente de Patrulheiros, um dos dois grandes sindicatos da categoria, se opôs à celebração em Nova York da Convenção Democrata, uma das grandes iniciativas de De Blasio, porque o prefeito “não tinha conquistado o direito de ser o anfitrião”, dada a proliferação da criminalidade. O argumento era falso.
De Blasio avaliou mal aquele ataque e desde então tem manobrado mal. Com a tensão racial no ponto máximo, ele se valeu de sua condição de marido e pai de afro-americanos para acalmar as águas. O tiro saiu pela culatra. “Minha mulher e eu temos medo de que nosso filho Dante se depare com algum policial”, declarou para acalmar as entidades afro-americanas. Isso desencadeou a ira dos policiais. “Ele nos jogou na fogueira”, denunciaram os porta-vozes sindicais.
Outro grave episódio aumentou a tensão. Rachel Noerdlinger, ex-assessora do reverendo Sharpton e chefa de gabinete da mulher do prefeito, se demitiu em meados de novembro por problemas de seu namorado e seu filho com a lei. Ambos tinham antecedentes e se dedicavam a insultar a polícia nas redes. De Blasio não soube se distanciar dela e a polícia considerou isso mais uma provocação.
Nos últimos dias veio à tona que durante a campanha eleitoral o prefeito saia do carro oficial para falar com seus colaboradores depois de se assegurar de que seus guarda-costas o haviam gravado. O último episódio ocorreu há uma semana. De Blasio se reuniu na Prefeitura com os líderes dos protestos. Foi outro ponto negativo no saldo com a polícia. A morte de dois agentes fez explodir toda a raiva acumulada.
O território que o prefeito pisa não é firme. A onda que o alçou ao poder se esvaiu. Os nova-iorquinos acreditam que a tensão racial é pior do que na época Bloomberg, mais da metade considera que a cidade está mal administrada e três de cada cinco acreditam que as relações entre a polícia e a comunidade pioraram. A agenda de De Blasio esta na lama junto com ele.