terça-feira, 6 de janeiro de 2015

"Fato ou factoide", por Ilimar Franco

O Globo


         O corte de gastos e o ajuste fiscal deram o tom nas posses de Dilma, Alckmin (SP), Pimentel (MG) e Pezão (RJ). Os intérpretes do mercado entoaram cantos de responsabilidade (de uns) e de autocrítica (de outros). Mas o clima é de ceticismo entre cientistas políticos. Para eles, não há nada de novo sob o sol. Um deles resumiu: “É o ciclo típico de segurar no início e gastar no final” (na próxima eleição).
A lei impede o arrocho
Os governadores, de alguns estados, e as diversas Associações de prefeitos, navegando no clima de cortes e ajuste fiscal, querem conceder reajuste salarial para os professores inferior ao previsto em lei. As entidades dos professores não querem saber de conversa e advogam o cumprimento da legislação. A partir de hoje, a negociação passará pelas mãos do novo ministro da Educação, Cid Gomes. É sua intenção conversar com todos os setores, mas seu ponto de partida é de que há uma margem de manobra muito estreita. Ele reconhece que “aplicar a lei é pesado para os gestores municipais e estaduais”, mas diz: “Não há como não atender aos professores”.
O Gilberto (Carvalho) mandou um recado para a turma do PT. Ele demonstrou que ninguém tinha coragem de defender o partido. E disse: ‘eu tenho’ 

Ministro do governo Dilma 
Sobre o desabafo, ao deixar o cargo, do ex-secretário-geral da Presidência Gilberto Carvalho
Passando o pires
Os ministros recém-empossados do PMDB têm procurado o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Num ambiente de ajuste de gastos, pedem a Jucá que, como relator do Orçamento, não deixe que sejam feitos cortes muito grandes em suas pastas.
A caneta na mão
Auxiliares da presidente Dilma apostam que, como o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) é de sua extrema confiança, ele terá mais autonomia do que seus antecessores. Assim seriam aplacadas críticas de que ele não é o melhor nome para o cargo. “Quando o virem resolvendo os problemas, essas críticas cessam”, diz um auxiliar palaciano.
Ele negocia, e Dilma bate o martelo
Como na montagem do Ministério, o ministro Aloizio Mercadante continua sendo o responsável por articular com os partidos aliados suas posições no governo. É ele quem está negociando com as legendas os cargos no segundo escalão.
O discurso e a prática
Os dirigentes de todos os partidos aliados estão afirmando que vão montar seus ministérios com porteira fechada. Se houve ou se não houve, este compromisso da presidente Dilma, ninguém pode afirmar. Somente depois da montagem do time se saberá. Esta prática não é habitual.
E a chiadeira nem começou 
Os delegados da PF não gostaram de dois vetos da presidente Dilma na LDO. A tesoura cortou recursos para a construção, reforma ou locação de imóveis funcionais para policiais da fronteira. E também negou o auxílio-moradia a eles.
Costurando dos dois lados
O candidato da oposição à presidência da Câmara, Júlio Delgado (PSB-MG), anda conversando com os candidatos Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Arlindo Chinaglia (PT). Os dois lados dizem que o socialista já está no papo.
A posse do ministro Juca Ferreira (Cultura) será na segunda-feira, dia 12. Nesta semana, ele faz a transição na prefeitura de São Paulo.