quinta-feira, 3 de março de 2016

Deu no Jornal Nacional - Moro transforma em preventiva a prisão de João Santana e sua mulher

TV Globo

Pedido foi feito nesta quinta (3) pelos investigadores da Operação Lava Jato após novos indícios de pagamentos ilegais da Odebrecht ao casal



O juiz Sérgio Moro aceitou transformar em preventiva a prisão do marqueteiro do PT João Santana e da mulher dele, Mônica Moura. Investigadores da Lava Jato encontraram novos indícios de pagamentos ilegais da Odebrecht ao casal.
Ao pedir a prisão por tempo indeterminado, a Polícia Federal citou uma nova planilha, apreendida na casa da secretária da Odebrecht, Maria Lúcia Tavares, apontada como responsável pela contabilidade paralela da empreiteira. 

A planilha mostra 41 pagamentos para “Feira”. Os investigadores dizem que é uma referência a João Santana e Monica Moura, responsáveis pelas três últimas campanhas do PT à presidência. Os repasses foram entre outubro de 2014 e maio de 2015, quando a Lava Jato já era de amplo conhecimento.

Oito pagamentos de 2014 foram feitos dentro do período de campanha de reeleição de Dilma Rousseff. No documento, o valor total é de R$ 21,5 milhões. Mas a polícia corrigiu a soma, mais tarde, para R$ 22,5 milhões.

Também aparecem palavras como crise, chá, café e água. Os investigadores dizem que tudo é para "mascarar" pagamentos não contabilizados de forma oficial e caracteriza nitidamente o recebimento de valores vindos de corrupção.
A polícia já tinha apreendido outras tabelas na casa de Maria Lúcia, divulgadas na semana passada. Segundo o relatório, uma delas traz sete pagamentos no valor de R$ 4 milhões entre outubro e novembro de 2014, também dentro do período de campanha de reeleição da presidente Dilma.

Para os investigadores, as planilhas desmentem João Santana e Mônica Moura, que alegam ter recebido valores da Odebrecht somente no exterior para quitar uma dívida de campanha na Venezuela.

No despacho em que decidiu pelas prisões por tempo indeterminado, o juiz Sérgio Moro escreveu que agrava o quadro de João Santana e Mônica Moura a probabilidade que esses pagamentos tenham servido para remunerar os serviços prestados por eles em campanhas do Partido dos Trabalhadores.

O Ministério Público Federal e a Polícia Federal também temem que João Santana e Mônica Moura possam destruir provas ainda existentes.

Segundo a polícia, João Santana apagou arquivos que nem ficavam em computadores, mas em servidor remoto, a chamada nuvem. Isso foi no momento em que agentes realizavam a Operação Acarajé, há onze dias. O casal estava na República Dominicana e se entregou dois dias depois.
Os investigadores afirmam ainda que o casal mandou comprar uma passagem para o advogado deles com destino à República Dominicana três dias antes da decretação da prisão do casal - uma possibilidade de que os dois tenham tido acesso a informações privilegiadas sobre a operação.
A defesa de João Santana e Mônica Moura afirmou que considera injusta a decisão do juiz Sérgio Moro e que serão tomadas medidas para restaurar a legalidade.
O Partido dos Trabalhadores voltou a dizer que todas as doações recebidas foram dentro da lei e declaradas à Justiça Eleitoral.
A Odebrecht informou que não se manifesta sobre inquéritos em andamento.
O Jornal Nacional não conseguiu contato com o advogado de Maria Lúcia Tavares.