
Ana Paula Ribeiro - O Globo
O dólar comercial inicia o ano em forte alta nesta segunda-feira, primeiro dia útil de 2016.
Às 12h20, a moeda americana era negociada a R$ 4,029 na compra e a R$ 4,027 na venda, valorização de 2% ante o real. Na máxima, o dólar chegou a R$ 4,065, o maior valor durante um pregão desde os R$ 4,154 do dia 29 de setembro. Os dados mais fracos na economia chinesa, que fizeram o principal índice do país despencar e ter as negociações suspensa, estão afetando as divisas de países emergentes. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registra queda de 1,42% em seu índice de referência Ibovespa, aos 42.736 pontos, após ter renovado a mínima em quase sete anos.
— A preocupação com a China está predominando os negócios de hoje. Há o temor de uma desaceleração econômica na China maior do que o esperado — explicou Paulo Eduardo Nogueira Gomes, economista-chefe AZ FuturaInvest.
Na China, o PMI registrou o décimo mês consecutivo abaixo da barreira de 50 pontos, o que significa contração da economia. “Isso reacende as preocupações sobre a saúde da gigante asiática, o que levaram os mercados chineses a fecharem antes do horário normal, em meio um novo sistema de “circuit breaker“, lembrou, em nota, Guilherme França Esquelbek, analista da Correparti Corretora de Câmbio.
Nesse cenário, as moedas de países emergentes são as mais afetadas. O dólar subia também frente a divisas como pesos mexicano e chileno. No último pregão do ano passado, o dólar comercial fechou negociado a R$ 3,95, uma alta de 48,4% no acumulado de 2015.
BOLSA EM QUEDA
A desaceleração na segunda maior economia no mundo afeta diretamente as ações de empresas exportadoras de commodities, o que contribui para o forte recuo da Bolsa nesta segunda-feira. A mínima chegou a 42.417 pontos, o menor patamar desde abril de 2009, quando chegou aos 41.977 pontos.
A razão dessa queda, segundo Gomes, é que com a economia da China em desaceleração, menos empresas vão vender produtos para o país.
Nesse cenário, os papéis mais afetados são os da Vale. Os preferenciais (PNs, sem direito a voto) recuam 2,63% e os ordinários (ONs, com direito a voto) caem 2,07%. Há também recuo expressivo no setor bancário, o que possui o maior peso na composição do Ibovespa. As ações preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco caem, respectivamente, 1,78% e 0,62%. No caso do Banco do Brasil, o recuo é de 1,49%.
Na outra ponta, as ações preferenciais da Petrobras sobem 2,83%, cotadas a R$ 6,89, e as ordinárias têm valorização de 2,80%, a R$ 8,81. Essa alta é justificada pela recuperação do preço do petróleo no mercado internacional (o barril do tipo Brent sobe 2,41%, a US$ 38,18).
A preocupação com a China também derruba os principais índices acionários pelo mundo.
Na China, foi acionado o sistema de circuit breaker. O CSI 300, da Bolsa de Xangai, despencou 7,02%. O Heng Seng, de Hong Kong, fechou em queda de 2,68% e o Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu 3,06%. Na Europa, o DAX, de Frankfurt, recua 4,14%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, tem recuo de 2,39%. No caso do FTSE 100, de Londres, a queda é de 2,32%.
Internamente, os investidores repercutem, em menor intensidade, os dados do último boletim Focus do Banco Central, que mostra uma piora das expectativas de crescimento do país.