segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Com a crise provocada pela dupla medonha Lula-Dilma, vendas de carros devem cair mais de 5% no ano, diz presidente da Nissan

Lucas Vettorazzo - Folha de São Paulo


O presidente da Nissan, Carlos Ghosn, disse nesta segunda-feira (4) que as vendas de carro no Brasil devem cair mais do que os 5% previstos pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Segundo o executivo, que esteve no Rio para o lançamento do modelo Kicks, um SUV (utilitário esportivo) que será produzido na fábrica da empresa em Resende, a estimativa da Anfavea é até otimista, diante da queda nas vendas em 2015, que deve chegar a 25%.

A associação ainda não divulgou os números oficiais de vendas do ano passado.

"Não posso dizer que 2015 foi um grande ano. Se em 2016 o mercado contrair 5% já será uma boa notícia", disse.

O presidente da montadora, que é uma das patrocinadoras da Olimpíada de 2016, disse esperar quedas também em 2017.

"Seria uma surpresa se o mercado voltasse a crescer neste ano, e esperamos o mesmo para 2017".

Yasuyoshi Chiba/AFP
O presidente da Nissan, Carlos Ghosn
O presidente da Nissan, Carlos Ghosn
LANÇAMENTO

Apesar do mau momento, a Nissan está investindo no lançamento de um novo modelo de SUV ou crossover, como são conhecidos os carros utilitários esportivos, que são mais altos que os de passeio e com design inspirado nos automóveis offroad. Esses modelos, contudo, são usados principalmente na cidade.

O modelo Kicks foi lançado nesta segunda, mas a empresa não revelou datas para início da fabricação no Brasil, bem como valores iniciais.

O Kicks será testado inicialmente no Brasil para mais adiante ser oferecido em todos os mercados da Nissan no mundo. De acordo com Ghosn, o carro começará a ser comercializado "em breve".

Para isso, a Nissan irá investir, a partir deste ano, R$ 750 milhões em sua fábrica em Resende, no Sul Fluminense. Serão contratadas também 600 pessoas para a nova linha de produção.

O carro terá um índice de nacionalização (peças nacionais) de 70% e será o terceiro da modelo da montadora feito no país, ao lado de March e Versa.

DEMISSÕES

O presidente da Nissan Brasil, Francois Dossa, afirmou que, a despeito do mercado em queda, não haverá demissões este ano.

A empresa colocou 279 funcionários em lay-off, espécie de férias coletivas, em meados de 2015, que já voltaram aos seus postos. Atualmente a fábrica tem 1.500 empregados.

A aposta no novo modelo faz parte da estratégia de ampliação da presença da Nissan na America Latina.

A ideia é usar o Brasil como plataforma de exportação para o continente, já que a fábrica no México está com a capacidade quase toda esgotada. Segundo Ghosn, as exportações começam ainda este ano.

De acordo com o executivo, mesmo com queda de vendas em 2015, a Nissan aumentou sua fatia de mercado no Brasil, de 2,1% para 2,5%.

A escolha pelo modelo SUV foi, segundo o executivo, porque foi único tipo de carro que teve crescimento de vendas no ano passado, com alta de cerca de 20%.
Entre os modelos mais conhecidos estão o Honda HRV, Jeep Renegade, Ford Ecosport e Renault Duster.

"Queremos estar prontos para quando o mercado voltar a crescer", disse Ghosn.