Condutor da Operação Lava Jato ganha – até de seus investigados – mais dois anos para combater a corrupção na política
"Omertà!" A palavra que expressa a “lei do silêncio” coalhava o noticiário quando Rodrigo Janot, então um jovem procurador, desembarcou em Pisa, na região italiana da Toscana, para um curso de especialização. Era 1987 e o Ministério Público italiano rompera a blindagem de silêncio que protegia a Máfia a partir da colaboração dos criminosos chamados “arrependidos”. Ao fim do processo, a Operação Mãos Limpas, mais de 300 mafiosos foram levados à cadeia. Em 2015, “as delações premiadas” e a ação contra o crime organizado são uma obsessão para o procurador-geral Rodrigo Janot, que quer importar o modelo da Divisão Antimáfia italiana para o Brasil, com foco no crime do colarinho-branco. A Procuradoria Nacional Anticorrupção, que deve sair do papel nos próximos dois anos, vai concentrar as grandes investigações criminais no país.
“Estamos formulando essa proposta de modo que possamos atuar de maneira nacional nos casos de organizações criminosas que se espraiam por mais de um Estado da Federação”, disse Janot na quarta-feira (26), durante a longa sabatina no Senado que garantiu sua recondução ao cargo de chefe do Ministério Público por mais dois anos. Seu segundo mandato será inevitavelmente marcado pelos próximos passos da Operação Lava Jato – o mais próximo que o Brasil chegou de uma “mãos limpas” e sobre a qual ainda paira uma interrogação sobre o alcance –, do fortalecimento do poder de fogo do Ministério Público e das investigações de políticos com foro privilegiado.