segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Petróleo bruto Brent cai para menos de US$ 45 pela primeira vez desde 2009 por causa de excesso de oferta

Grant Smith


O petróleo em Londres recuou para menos de US$ 45 por barril pela primeira vez desde março de 2009 devido à preocupação de que a demanda da China esteja desacelerando em um momento em que as ofertas dos EUA e do Irã ameaçam inchar um superávit mundial.
Os futuros do Brent chegaram a cair 6,5 por cento, prolongando uma queda de 7,3 por cento na semana passada, que foi a maior em cinco meses. As commodities despencaram para seu menor valor em 16 anos devido às previsões de crescimento mais fraco na China desde 1990. O ministro do Petróleo do Irã, Bijan Namdar Zanganeh, prometeu expandir a produção "a qualquer preço", segundo o site de notícias do ministério. O número de torres de perfuração de petróleo ativas nos EUA aumentou pela sétima vez em oito semanas, mostraram dados da Baker Hughes Inc. na sexta-feira.
O agravamento do excesso mundial de petróleo impulsionou os preços mais de 30 por cento para abaixo desde maio. O Irã visa se unir aos países-membros líderes da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aumentar a produção e os estoques de petróleo bruto dos EUA estão quase 100 milhões de barris acima da média sazonal de cinco anos.
"Não há um fim à vista para a queda livre que os preços do petróleo vêm experimentando", disse Carsten Fritsch, analista do Commerzbank AG em Frankfurt, em um relatório. "É impossível prever durante quanto tempo a queda dos preços continuará e quando os preços do petróleo acabarão chegando ao fundo do poço".
Brent, WTI
O petróleo Brent a ser entregue em outubro chegou a cair US$ 1,80, para US$ 43,66 por barril na bolsa ICE Futures Europe, com sede em Londres, e estava a US$ 43,65 às 13h23, horário de Londres. O contrato perdeu US$ 1,16, para US$ 45,46 na sexta-feira. O petróleo bruto de referência para a Europa era negociado com um prêmio de US$ 4,67 em relação ao West Texas Intermediate, a variedade indicadora para os EUA.
O WTI a ser entregue em outubro chegou a cair US$ 1,46, ou 3,6 por cento, para US$ 38,99 por barril na New York Mercantile Exchange, o preço mais baixo desde 24 de fevereiro de 2009. Os preços caíram 4,8 por cento até sexta-feira, a oitava queda semanal e o recuo mais prolongado desde 1986. O volume total quase dobrava a média de cem dias.
O Bloomberg Commodity Index de 22 matérias-primas chegou a declinar 3 por cento, para seu nível mais baixo desde agosto de 1999, pois a desaceleração econômica da China exacerbou vários excedentes, do petróleo aos metais. O país asiático é o maior consumidor de energia do mundo. A queda do petróleo bruto provocou perdas nas ações de empresas relacionadas. A Royal Dutch Shell Plc, a maior companhia de petróleo da Europa por receita, chegou a cair 5,7 por cento, para 15,96 libras esterlinas por ação, a maior queda em mais de quatro meses.
O retorno do Irã
O Irã era o segundo maior produtor da OPEP antes de as penalidades internacionais ao seu programa nuclear entrarem em vigor em meados de 2012. O país tentará recuperar as vendas de petróleo, independentemente dos preços, disse Zanganeh no mês passado depois que os negociadores chegaram a um acordo com as potências mundiais que propõem aliviar as sanções.
A OPEP, que fornece cerca de 40 por cento do petróleo bruto do mundo, extrai acima de sua cota de 30 milhões de barris por dia há mais de um ano, segundo dados compilados pela Bloomberg. A produção do Irã ficou atrás das da Arábia Saudita e do Iraque em julho.
Nos EUA, o número de torres aumentou em duas unidades, para 674, até o dia 21 de agosto, segundo a Baker Hughes, empresa de serviços para campos de petróleo. É o maior número desde o dia 1º de maio.