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Embarcações fundeadas na baía de Guanabara (RJ) Nicola Pamplona - Folha de São Paulo
A redução dos investimentos em exploração da Petrobras começa a afetar um segmento que teve crescimento expressivo nos últimos anos: as embarcações de apoio a plataformas de petróleo, usadas para levar mantimentos e prestar serviços especializados às unidades em alto-mar.
No primeiro semestre, a frota do país registrou queda pela primeira vez desde 2000, de 500 para 488 navios —nem todos, porém, estão operando.
Estimativas indicam que de 20 a 25 embarcações estejam paradas por falta de contrato. Os navios ficam fundeados na baía de Guanabara ou em frente à praia de Copacabana à espera de solução.
O setor projeta desempenho ainda pior neste semestre, quando vencem 147 contratos com a petrolífera.
O mercado de barcos de apoio engloba desde navios para o transporte de carga a embarcações tecnológicas usadas para o lançamento de equipamentos submarinos.
A demanda por embarcações está relacionada ao número de plataformas e sondas de perfuração em operação na costa. Cada unidade em alto-mar precisa de 3 a 5 barcos de apoio regularmente.
O mercado sente os efeitos da redução nos investimentos da Petrobras em exploração de novas áreas, que caíram 16% no primeiro semestre, para R$ 4,932 bilhões.
O plano de negócios da companhia para os próximos cinco anos prevê foco no desenvolvimento de novas descobertas, com mais cortes na exploração. Por isso, a expectativa é que grande parte dos contratos próximos ao vencimento não seja renovada.
SILÊNCIO
Há uma espécie de pacto de silêncio no setor: de estaleiros a corretores, ninguém quer se indispor com a Petrobras antes do início das renegociações de contratos.
Como a legislação dá preferência à contratação de embarcações de bandeira brasileira, os estrangeiros são os primeiros a sentir a crise.
No primeiro semestre, 27 embarcações de bandeira estrangeira deixaram o país, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam). Outras 15 brasileiras foram entregues por estaleiros nacionais, resultando em perda líquida de 12 navios ante o fim de 2014.
A Petrobras diz que "avalia a demanda por embarcações de apoio com base no novo Plano de Negócios e Gestão, considerando em sua análise os contratos com vencimento no curto prazo".
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