sábado, 22 de agosto de 2015

Diretor do FMI afirma que é 'prematuro' falar de crise na China


Wu Wei/Xinhua
Homem caminha em frente a uma escultura de um touro em Pequim, China
Homem caminha em frente a uma escultura de um touro em Pequim, China


Reuters

A desaceleração econômica da China e a forte queda do mercado acionário chinês não é o anúncio de uma crise, mas sim de um ajuste "necessário" da segunda maior economia do mundo, disse neste sábado (22) Carlo Cottarelli, diretor-executivo do FMI (Fundo Monetário Internacional) que representa países como Itália e Grécia.

Novas evidências de que o crescimento da China está freando afetaram os mercados mundiais na sexta-feira (21) e provocaram a maior queda diária de Wall Street em quase quatro anos.

"As políticas monetárias têm sido muito expansivas nos últimos anos e um ajuste é necessário", disse Cottarelli. "É absolutamente prematuro falar de uma crise na China."

Cottarelli reiterou a previsão do FMI de crescimento da China de 6,8% para este ano, abaixo dos 7,4% de 2014. "A economia real da China está desacelerando, mas é perfeitamente normal que isso ocorra (...). O que aconteceu recentemente foi um choque nos mercados financeiros, que é natural", acrescentou.

Apesar da fala do diretor-executivo do FMI, analistas expressaram preocupação com a desaceleração da economia chinesa.

Os especialistas voltaram a se perguntar se é hora de reduzir as projeções de crescimento global para este ano por conta de um enfraquecimento chinês mais acentuado.

MERCADOS

Na sexta-feira, a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) preliminar do Caixin/Markit mostrou que a atividade no setor industrial chinês recuou em agosto no maior ritmo em quase seis anos e meio, afetada pela fraqueza na demanda doméstica e por exportações.

O dado reforçou a apreensão com uma desaceleração forte da China. O PMI caiu para 47,1 em agosto, abaixo do resultado final de julho, que foi de 47,8. A leitura foi a pior desde março de 2009, no ápice da crise financeira global. Foi a sexta consecutiva que o indicador ficou abaixo dos 50 pontos, nível que separa crescimento da atividade e contração em base mensal.

Os principais mercados acionários mundiais reagiram negativamente à divulgação do dado. A Bolsa de Xangai fechou a semana com desvalorização de 11,5%. Só na sexta, a queda foi de 4,27%.

Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones e S&P 500 acumularam desvalorização de mais de 5% na semana. Foi a maior perda semanal de ambos desde setembro de 2011. As turbulências na China também derrubaram os índices europeus, que caíram mais de 2%. Aqui no Brasil, o Ibovespa teve queda de 3,77% na semana.