segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Dirceu articulou esquema de corrupção na Petrobras quando era ministro de Lula, diz MPF

Epoca


Ex-ministro da Casa Civil foi preso nesta segunda-feira. De acordo com as investigações, ele continuou recebendo propina mesmo após ser condenado no mensalão



José Dirceu é preso na 17ª fase da Operação Lava Jato (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
Ministério Publico Federal e a Polícia Federal afirmaram nesta segunda-feira (3) que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi um dos responsáveis pela instituição do esquema de corrupção na Petrobras, quando ainda era parte do governo do ex-presidente Lula, e um dos beneficiários das propinas.
Dirceu foi preso nesta segunda, em sua casa em Brasília, onde já cumpria pena em prisão domiciliar por seu envolvimento no esquema do mensalão. Segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, o funcionamento do esquema investigado pela Operação Lava Jato é muito similar. “O DNA é o mesmo do mensalão”, afirmou Lima, em entrevista coletiva no fim da manhã. Lima disse que nos dois casos havia também compra de apoio político.
De acordo com as investigações, José Dirceu foi responsável pela indicação de Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobrase de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento, este por sugestão de José Janene (ex-deputado do PP e um dos pivôs do mensalão). A partir daí, instituiu-se a prática de recebimento de propinas de empreiteiras em contratos da estatal. "A responsabilidade do José Dirceu é evidentemente, aqui, como beneficiário, de maneira pessoal, não mais de maneira partidária,enriquecendo pessoalmente", disse o procurador.
Segundo o delegado da PF Márcio Adriano Anselmo, as investigações apontaram que os pagamentos eram feitos por mês a José Dirceu e pessoas ligadas a ele por meio do lobista e delator do esquema de corrupção, Milton Pascowitch. Os pagamentos continuaram mesmo com as investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o processo do mensalão. Com a participação de seu irmão Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, também detido nesta segunda-feira, há registros de doações e repasse de dinheiro em espécie mesmo após a sua prisão. 
“[Dirceu] Recebia valores enquanto investigado, enquanto acusado e recebeu valores, por meio de seu irmão, enquanto estava preso. A investigação, mesmo pelo STF, não impediu sua ação”, disse o procurador. O irmão de Dirceu está preso temporariamente.
Segundo a PF, a empresa de Dirceu, a JD Consultoria, não comprovou nenhum serviço realizado, mas recebeu ao menos R$ 39 milhões. Para o delegado da PF Márcio Anselmo , a empresa de José Dirceu era uma “central de recebimento de pixulecos [termo utilizado para se referir a propina]”. Nesta manhã, a JD Consultoria declarou que os contratos com as construtoras não têm qualquer relação com os contratos sob investigação, segundo o G1.