quarta-feira, 5 de março de 2025

O Canal do Panamá volta a ser 'norteamericano': BlackRock compra portos da chinesa Hutchison

A empresa chinesa CK Hutchison enfrentou pressão de autoridades americanas e do Panamá para vender os portos


No começo de fevereiro, Trump enviou o secretário de Estado Marco Rubio ao Panamá, onde exigiu passagem livre para navios da Marinha dos EUA e medidas para conter a presença chinesa | Foto: Divulgação/Panamá Chanel Authority 


A norte-americana BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, comprou os portos localizados na entrada e na saída do Canal do Panamá da empresa chinesa CK Hutchison por US$ 22,8 bilhões


A empresa Panama Ports, controlada pela CK Hutchison, é a única que administra terminais em ambos os lados do Canal | Foto: Divulgação/Panamá Chanel Authority 

A empresa Panama Ports, controlada pela CK Hutchison, é a única que administra terminais em ambos os lados do Canal: o Porto de Balboa na entrada do Pacífico do canal e o terminal de Cristóbal no Atlântico. 

A operação foi realizada por um consórcio de investidores liderado pela BlackRock, que comprará as participações majoritárias de dezenas de portos ao redor do mundo sob o controle da CK Hutchison, empresa baseada em Hong Kong. Dentro deste portfólio está também os portos no Panamá. 

Trump tinha ameaçado intervir no Panamá 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tinha declarado desde o começo do seu segundo mandato que a gestão chinesa dos portos panamenhos era uma ameaça para os Estados Unidos. 

“A China está operando o Canal do Panamá, e não o demos à China”, disse Trump, em seu discurso de posse, referindo-se ao tratado de 1977 que entregou o controle da infraestrutura ao Panamá. 

No começo de fevereiro, Trump enviou o secretário de Estado Marco Rubio ao Panamá, onde exigiu passagem livre para navios da Marinha dos EUA e medidas para conter a presença chinesa. 

Saiba mais: Panamá cancela acordo da Nova Rota da Seda com a China, sob pressão dos EUA 

Depois da reunião, Panamá concordou em sair da iniciativa da Nova Rota da Seda e pediu tempo para encontrar maneiras de permitir a passagem livre para os navios de guerra dos EUA sem violar o tratado de neutralidade do Canal. Também abriu uma investigação para saber se a CK Hutchison estava respeitando os termos da concessão dos portos. 

Autoridades panamenhas e vários ex-oficiais militares dos EUA disseram que as instalações não representam ameaça militar da China nem violam a neutralidade do canal. 

Estados Unidos construíram o Canal do Panamá 

Os Estados Unidos construíram o Canal do Panamá, inaugurado em 1914, e o cederam ao governo do país centro-americano no final de 1999, através de um tratado negociado mais de 20 anos antes com o então presidente, Jimmy Carter. 

Trump há muito tempo declara que o acordo é ruim para os EUA e reclama das taxas cobradas pelo Panamá e da infraestrutura chinesa construída ao longo da hidrovia. 

A venda dos portos parece marcar um recuo das operações portuárias internacionais pela Hutchison, sediada em Hong Kong, controlada por uma das pessoas mais ricas da Ásia, Li Ka-shing, de 96 anos.

Saiba mais: 7 de setembro na História: Estados Unidos devolvem Canal do Panamá 

O grupo, que enfrentou pressão de autoridades nos EUA e no Panamá para se desfazer dos portos do Panamá, manterá seus portos em Hong Kong e na China continental, enquanto vai vender o controle de 43 portos, com 199 terminais de carga, situados em 23 países. 

Com o acordo, além dos portos no Canal do Panamá, os investidores estarão no comando de portos em vários países, como Alemanha e Malásia, utilizados como base para o projeto chinês da Nova Rota da Seda.

Revista Oeste