Pendendo mais uma oportunidade de fazer o certo, o PT decidiu escancarar sua lealdade ao grupo terrorista Hamas.| Foto: Colagem de Luani Ceschim
Hoje a newsletter está diferente e, dependendo da reação de vocês, continuará assim. Tudo por causa de uma amiga que, recentemente, me disse daquele jeito meio-sério-meio-brincando que tenho o privilégio de “só escrever quando estou inspirado”. Não é bem assim. Na verdade, para cada texto que escrevo pelo menos cinco ideias ficam pelo caminho, interrompidas no segundo parágrafo ou, pior, logo na primeira frase. Isso sem falar nas ideias que eu tenho depois que os textos são publicados – e daí é tarde demais. A partir de hoje, portanto, pretendo usar algumas dessas ideias abandonadas para transformar a newsletter numa espécie de coluna de notas. Espero que você goste, mas, se não gostar, não hesite em me dizer. Se gostar, idem.
Sonho besta
Sou do tempo em que o sonho de todo jornalista era escrever um “J’accuse” – um libelo cheio de indignação e razão, desses capazes de mudar os rumos do país ou a mentalidade de toda uma geração. Mas, com a pulverização da informação (ão, ão, ão), é improvável que o fenômeno provocado pelo texto de Émile Zola se repita. E, no mais, que sonho mais besta, né?
J’accuse!
De qualquer forma, ao ler a repugnante nota do PT sobre Israel e ao observar a igualmente repugnante postura do governo Lula em relação ao grupo terrorista Hamas, só consegui pensar numa coisa: j’accuse: o PT é cupincha (ou CPX, como prefere o lumpemproletariado) do Hamas. Do grupo terrorista que mata, estupra, degola, queima. O PT é unha-e-carne com essa gente que vê no assassinato de inocentes uma forma de chegar ao poder e impor sua vontade totalitária. Não é pouca coisa e, se me permitem um último comentário nada aleatório, é uma relação forjada no fogo do inferno.
E SE O BRASIL TIVER QUE LUTAR, HEIN: Meu medo é este: se estourar uma guerra mundial, o Brasil estará do lado errado
O mundo se divide em:
Pessoas que agradecem a Alexa ou qualquer outra inteligência artificial do tipo. Que agradecem os serviços prestados por um robô. Que agradecem sem esperar ouvir nada em troca. Que agem assim porque lhes ensinaram que o certo é agradecer qualquer gentileza. E o resto.
Popularidade inútil
Firme no meu propósito de encontrar sarna para me coçar, escrevi outro dia que Bolsonaro, considerado o culpado de tudo pela esquerda, anda por aí a exibir uma popularidade notável, mas inútil. Houve quem encrencasse com isso, sob o argumento de que a popularidade de Bolsonaro, embora inútil para o próprio, renderá muitos prefeitos e vereadores para a direita. Hmmmm. Mas então quer dizer que voltamos a confiar totalmente no sistema eleitoral? Tô confuso.
Um outro
Aliás, o texto em questão falava dessa mania de encontrar um outro, qualquer outro, que possamos culpar por todos os nossos problemas, coletivos e individuais. Bolsonaro é só a bola da vez e esse é o problema estrutural da nossa época: o culpado é sempre um outro, qualquer outro, e o erro é sempre imperdoável. Assim fica difícil.
PODE ME CULPAR POR TER ESCRITO BOBAGEM: Não importa a treta: a culpa é sempre de Bolsonaro
A rave
Quanto mais ouço os especialistas em geopolítica, com suas análises cheias de termos abstratos e impessoalidade, mais me lembro da rave. É, aquela rave atacada pelos terroristas e na qual morreram quase 300 pessoas. Quase 300 jovens que provavelmente acreditavam no mundo utópico da paz, do amor e do prazer incessantes. A rave é a faceta mais explicitamente trágica da guerra. Uma tragédia íntima. Espiritual. Um dia ainda quero escrever mais detidamente sobre a rave.
Largue os livros
Por falar nos especialistas em geopolítica, com suas análises cheias de termos abstratos e impessoalidade, cada vez mais me dou conta de que muita gente prefere enfiar a cara num livro a enfrentar a assombrosa simplicidade da realidade. Mas é a tal coisa: na briga entre o ego (esse demoniozinho que precisa de aspas e referências bibliográficas para se justificar) e a realidade, a primeira vítima é sempre ela, a Verdade.
A guerra dos chocolates
A semana começou com uma briga inusitada: o BIS de Felipe Neto, Randolfe Rodrigues, Humberto Costa, Paulo Pimenta, Wadih Damous e, last but not least, Maria do Rosário contra o KitKat de Bolsonaro & Cia. O problema é que ambas as guloseimas são produto de um capitalismo sem rosto, amoral e, por isso mesmo, monopolista. Mas reconheço: é tão divertido participar dessas querelas sem consequência no mundo real, né?
QUEM PERDEU O TEXTO NA SEGUNDA PEDE BIS: Quem pede comunismo, progressismo e corrupção pede BIS
Quem mexeu no meu pão de queijo?
Quem diria! O senador Rodrigo Pacheco, aquele de quem ninguém esperava nada além do olhar meio perdido, da fala amedrontada e do andar de quem não tem a menor ideia do que está fazendo no Senado, está revoltadin porque mexeram no pão de queijo dele. Por isso, Pacheco resolveu agir para tentar – tentar! – pôr um freio nos delírios absolutistas do STF. Por enquanto, ainda é uma tentativa tímida. Mas, no atual cenário, a gente tem que comemorar, né?
A REALIDADE É PÃO-PÃO, QUEIJO-QUEIJO: Mais simples do que parece: o que explica a inusitada “coragem” de Rodrigo Pacheco
Polzo recomenda
A Gazeta do Povo tem ótimos colunistas. Tem o Roberto Motta, que eu admiro muito. Tem o Luciano Trigo, idem. Tem o Rodrigo Constantino, que continua sob censura, mas que aqui tem voz. Tem o filosófica e lateralmente grande Flávio Gordon! Tem o Marcio Campos, claro. E tem ele, Francisco Escorsim. Que escreveu um texto IMPERDÍVEL sobre o caso da mãe que recebeu voz de prisão por “não ter inteligência emocional”, depois de dizer a um juiz que o homem que matou o filho dela não era “ninguém”.
EU DISSE QUE É IMPERDÍVEL E É MESMO. CLIQUE PARA LER: Sobre a natureza da compaixão
Baú do Polzo
Um dia eu estava à toa na vida, sem amor para me chamar para ver a banda passar, quando me dei conta de que Nero nunca comeu chocolate. Santo Agostinho, por sua vez, nunca sujou as mãos de batata frita. E Sócrates jamais teve a oportunidade de se deliciar com uma pizza daquelas bem queijudas.
Paulo Polzonoff Jr , Gazeta do Povo