Compromisso é não permitir que recursos repousem no fundo do mar enquanto aguardamos a chegada de uma nova era
O mundo vive um período de mudanças e um desafio coletivo. Para que os impactos mais graves da mudança do clima sejam evitados, é necessário que ocorra uma profunda redução das emissões de gases de efeito estufa – provocadas, em parte, pela produção e pelo consumo de energia fóssil. Ao mesmo tempo, o crescimento populacional segue acelerado e é necessário garantir acesso à energia para o desenvolvimento social e humano.
Neste cenário, é consenso que ocorrerá uma mudança na matriz energética mundial para o uso de fontes menos poluentes – a chamada transição energética. As divergências estão no intervalo de tempo que ainda levará até que o petróleo deixe de ser a principal fonte mundial de energia – hoje, ele ainda é responsável por mais da metade de toda a energia produzida e, mesmo nos cenários que preveem uma transição mais acelerada, continuará sendo utilizado por muitos anos.
Em razão disso, a indústria de óleo e gás está constantemente traçando cenários e investindo em estratégias para a transição. Nenhuma empresa do mundo, no entanto, está na mesma posição que a Petrobras para essa mudança: somos os maiores produtores e grandes conhecedores da principal fronteira exploratória do mundo, o pré-sal. Quanto tempo temos pela frente para produzir e encontrar mercados para esse petróleo?
A certeza da transição leva a Petrobras a ter pressa no pré-sal. O petróleo vindo dessa camada já é responsável por mais de 70% da produção de petróleo da companhia. É muito, mas sabemos que ainda há relevantes reservas abaixo do oceano e da camada de sal, que podem se transformar em recursos passíveis de ser convertidos em ganhos para toda a população.
O investimento realizado pela indústria do petróleo retorna em grande escala para a sociedade, já que a tributação petrolífera no Brasil representa aproximadamente 70% da renda da atividade, bem acima da carga tributária média no País.
Só em 2021, a Petrobras arrecadou para os cofres públicos R$ 203 bilhões em tributos. As participações governamentais, por exemplo, aumentaram mais de 70% no ano passado, em relação ao ano anterior.
Além disso, estudos indicam que cada R$ 1 bilhão investido em negócios de exploração e produção gera cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos. São recursos e oportunidades das quais o País não pode prescindir e que são importantes para financiar a própria transição energética no Brasil.
A produção do pré-sal contribui para a transição: isso porque o petróleo do pré-sal emite muito menos gases de efeito estufa (medidos em CO2 equivalente, CO2e) para cada barril produzido do que a média mundial: 17 kg CO2e por barril produzido no mundo, ante 10 kg no pré-sal. Consumir petróleo produzido com menos emissão é uma oportunidade imediata de reduzir emissões.
Por alguns anos, a Petrobras precisou limitar seus investimentos e, consequentemente, atrasar o desenvolvimento do pré-sal, porque precisava direcionar boa parte de seus recursos para o pagamento de dívidas. Agora, que a empresa tem suas finanças recuperadas, estamos preparados para aproveitar a janela de oportunidade da transição energética e estamos investindo na aceleração do desenvolvimento do pré-sal.
Até 2026, vamos investir quase US$ 40 bilhões em projetos nesta camada. Das 15 novas plataformas de produção que vamos instalar no Brasil neste período, 12 são para produção de óleo do pré-sal. Estamos falando de uma nova geração de plataformas, resultado de mais de uma década de aprendizado no pré-sal. Os novos projetos trarão aumento de capacidade produtiva, mais eficiência e redução de emissões de gases de efeito estufa.
Ao fim, 79% de nossa produção de petróleo equivalente virá do pré-sal. Temos, nesta região, o maior ativo em águas ultraprofundas do mundo, o Campo de Búzios, que estará produzindo 1,7 milhão de barris de petróleo em 2026.
Todo este petróleo vai atender de forma mais competitiva à demanda persistente durante a transição energética. Com o pré-sal, estamos em condições de aumentar nossa participação na oferta mundial de petróleo, oferecendo, ao mesmo tempo, uma fonte de energia menos intensa em carbono. Além disso, os recursos vindos desse petróleo permitirão a nossa preparação para o futuro.
Já anunciamos a ambição de atingir a neutralidade das emissões em nossas operações em prazo compatível com o Acordo de Paris, o que inclui meta de reduzir emissões absolutas em 25% até 2030. E estamos investindo em projetos de descarbonização enquanto avaliamos novas possibilidades de negócio em mercados de baixo carbono.
As oportunidades que o pré-sal nos proporciona são tão grandes como são grandes nossas reservas nesta região. Nosso compromisso público com a sociedade é não permitir que esses recursos repousem no fundo do mar enquanto aguardamos a chegada de uma nova era. É responsabilidade desta geração garantir, enquanto há tempo, os benefícios econômicos e sociais decorrentes da produção de petróleo no País.
O Estado de São Paulo