sábado, 12 de março de 2022

Ex-deputada Sandra Cavalcanti morre de infarto aos 96 anos

 Ela iniciou a carreira política em 1954 e exerceu mandato até 1995, então como deputada federal


A ex-vereadora, deputada estadual e deputada federal pelo Rio de Janeiro Sandra Cavalcanti morreu nesta sexta-feira, 11, aos 96 anos, vítima de parada cardíaca. A informação foi divulgada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), segundo a qual o velório e o sepultamento serão realizados neste sábado, 12, no cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul do Rio). Sandra iniciou a carreira política em 1954 e exerceu mandato até 1995, então como deputada federal. Em 1960, eleita deputada estadual do então Estado da Guanabara, teve uma atuação marcante como parlamentar aliada ao então governador Carlos Lacerda.

“A lembrança que fica da história da Sandra Cavalcanti é de uma parlamentar altiva, convicta das suas ideias, combativa e defensora das causas sociais. Certamente ela deixou um relevante legado na história política do nosso Estado e do Brasil. Foi uma brilhante deputada”, afirmou o presidente da Alerj, deputado André Ceciliano (PT-RJ).

Formada em Letras pela PUC-Rio, em 1954 Sandra elegeu-se vereadora do então Distrito Federal pela UDN. Na eleição seguinte, em 1960, elegeu-se deputada estadual com 14.513 votos e o apoio da escritora Rachel de Queiroz, que vaticinou: “A quem um voto dado será um voto dignificado”.  Como deputada udenista, Sandra foi a porta-voz de Lacerda, que havia sido eleito governador (1960-1965).

Sandra Cavalcanti morreu nesta sexta-feira, 11, aos 96 anos; ela ocupou os cargos de vereadora, deputada estadual e deputada federal pelo Rio de Janeiro.  Foto: Wilton Junior/Estadão-20-10-2004

Em 1961 Sandra foi convidada pelo presidente Jânio Quadros para ser a embaixadora do Brasil na Unesco, mas recusou o convite e defendeu o fim dos carros oficiais e o direito de os homens serem professores primários.

Como secretária de Serviços Sociais da Guanabara, em 1964, ela removeu inúmeras favelas, transformando-as em conjuntos habitacionais e criando, por exemplo, a Cidade de Deus, a Vila Kennedy e a Vila Aliança. Como presidente do Banco Nacional de Habitação (BNH), Sandra se tornou uma incentivadora das cooperativas habitacionais.

Em 1974 elegeu-se novamente deputada estadual, sendo a mais votada do seu partido (Arena), com 34.516 votos, à Assembleia Constituinte Estadual na nova unidade da Federação (o Estado do Rio de Janeiro). Pioneira, Sandra defendeu a criação do Ministério para Assuntos Femininos.

Em 1986 Sandra se elegeu deputada federal constituinte, pelo então PFL, tendo sido a segunda mais votada do Estado. Ela se reelegeu em 1990, exercendo seu segundo e último mandato até o início de 1995.

Em 1995 assumiu a Secretaria Extraordinária de Projetos Especiais da Prefeitura do Rio de Janeiro, cujo titular era César Maia, tornando-se membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social. Dois anos depois, com Luiz Paulo Conde à frente da prefeitura, Sandra coordenou a visita do papa João Paulo II à cidade.    

Sandra Cavalcanti foi também diretora de um telejornal na TV Tupi, teve participação de destaque no corpo de jurados do programa de TV de Flávio Cavalcanti (de quem era prima) e estrelou o programa Manchete Shopping Show, na TV Manchete. Era botafoguense convicta e não deixou herdeiros.

Fábio Grellet, O Estado de S.Paulo