sexta-feira, 11 de março de 2022

'Bomba e purpurina', por Guilhetrme Fiuza

 

Foto: Montagem Revista Oeste/ Shutterstock


Os não tão inocentes se defendem como podem


A guerra da Rússia contra a Ucrânia sacrifica inocentes. Já os não tão inocentes se defendem como podem:

— E aí, tudo bem?

— Não.

— O que houve?

— A guerra na Ucrânia.

— É. Triste.

— Muito.

— Tomara que acabe logo.

— Não vai acabar.

— Por quê?

— Porque não.

— É, se demorar complica mais ainda. Vamos torcer pelo cessar-fogo.

— Não vai cessar.

— Poxa. Assim você me assusta.

— É a realidade.

— Mudando de assunto: você tá entendendo essa história do passaporte vacinal? Acabou numa parte do mundo, outra parte continua exigindo… Será que estamos numa pandemia regional?

— Zelensky.

— Hein?

— Vai resistir.

— Te perguntei sobre passaporte sanitário.

— Ucrânia livre.

— Não entendi.

— Você não entende a democracia.

— Calma lá. Estou justamente perguntando sobre a suspensão de direitos democráticos na pandemia.

— Sou mais o Biden.

— ?

— Grande estadista.

— Ok. Vamos em frente. Estou preocupado com a revelação do documento da Pfizer. Nove páginas de efeitos adversos. E os casos de miocardite estão aumentando por aí, ninguém investiga a onda de mal súbito em atletas…

— Zelensky.

— Teve mal súbito?

— Vai resistir. A democracia vai resistir. Os direitos humanos…

— Isso. Direitos humanos. Os seres humanos saudáveis que sofreram sequelas ou morreram depois de se vacinar vão ter seus casos investigados?

— Fora Putin.

— Tá bom. Não vou mais falar de vacina. Você viu o Boris Johnson sendo questionado sobre a ineficácia do lockdown? Será que ele vai ter que responder por isso à Justiça?

— Zelensky.

— …

— Foi lindo o pronunciamento do Zelensky ao Parlamento inglês.

— Falei do Boris Johnson.

— Tá com o Zelensky. Macron e Trudeau também estão com Zelensky. Todos pela democracia.

— Democracia? Macron e Trudeau decretaram a ditadura sanitária e desceram o pau na população.

— Viva Zelensky.

— Tudo bem. Viva. Foi um prazer te ver. Vou andando que já estou atrasado.

— Boa sorte, se possível.

— Obrigado. Só uma última pergunta: você já sabe quando vai me devolver aquele dinheiro que te emprestei?

— Estamos numa guerra. Não tenho cabeça pra falar disso agora.

— Entendo. Por falar em cabeça, o que é esse brilho na sua testa?

— Purpurina. Desfilei no bloco pela paz mundial.

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