sábado, 18 de setembro de 2021

Previdência social ou privada: qual a melhor para o futuro?

 

(Fonte: Shutterstock)



  • Para garantir a aposentadoria no futuro, os especialistas recomendam ter também um planejamento de previdência privada
  • Segundo Gustavo Taborda, assessor da PHI Investimentos, uma das desvantagens da previdência social é que o benefício possui um teto, com valor máximo em torno de R$ 6 mil
  • No entanto, é bom lembrar que o plano de previdência privada não garante os benefícios do INSS, como o seguro-desemprego e os auxílios em casos de acidente ou invalidez
A previdência é um dos instrumentos mais importantes para a garantia da aposentadoria. No entanto, no Brasil o benefício gera preocupação. A Previdência Social é o sistema público de aposentadorias e funciona em regime de repartição, ou seja, os trabalhadores em idade ativa pagam os benefícios de quem hoje está aposentado.

Porém, o País passa por mudanças demográficas com o aumento da população idosa, enquanto a média de nascimentos diminui, gerando o conhecido “déficit da previdência”. Pensando em resolver essa questão, o governo aprovou em 2019 a Reforma da Previdência, prevendo uma economia de R$ 800 bilhões nos próximos 10 anos. Um dos principais pontos de mudança da reforma foi o aumento no tempo de idade e contribuição de homens e mulheres.

Para alguns economistas, a reforma ainda não é suficiente para resolver o problema. Outros ainda apontam que o problema também está no mercado de trabalho. O número de jovens “nem-nem”, aqueles que nem estudam nem trabalham, vem aumentando ao longo dos anos. O percentual de jovens nessa classificação era de 25,5% em 2012 e chegou a quase 30% no ano passado, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Por isso, para garantir a aposentadoria no futuro, os especialistas recomendam ter também um planejamento de previdência privada. Segundo Firmino Junior, sócio e assessor de investimentos da H3 Invest, a previdência privada é conhecida como uma previdência complementar e, por isso, deve ser utilizada como um adicional na renda da aposentadoria oferecida pelo governo.

Qual escolher?

Os especialistas entrevistados pelo E-Investidor não recomendam escolher uma em detrimento da outra, mas utilizar as duas conforme a necessidade de renda para o futuro. Segundo Gustavo Taborda, assessor da PHI Investimentos, uma das desvantagens da previdência social é que o benefício possui um teto, com valor máximo em torno de R$ 6 mil. “Se a pessoa possui um padrão de vida que exige uma renda maior que essa, o investimento na previdência privada pode auxiliar nesse complemento”, diz.

Além disso, segundo os especialistas, é necessário cerca de 20% a 30% da renda para compor uma boa aposentadoria. Na contribuição para o INSS, o percentual varia de 8% a 11% do salário. Por isso, com a previdência privada é possível aportar quantidades maiores e assim garantir melhores retornos no futuro.

Os especialistas destacam também que a previdência privada é bastante flexível, permitindo que o investidor determine os prazos de quando começar a realizar os pagamentos e quando resgatar o benefício, diferente do INSS.

A rentabilidade da previdência privada também é um dos pontos altos desse tipo de aplicação. “Hoje existem diversos tipos de fundos previdenciários, desde os mais conservadores, expostos a produtos de renda fixa como o Tesouro Nacional, aos mais agressivos, expostos em ações”, diz Junior, da H3 Invest.

Além da aposentadoria, Eduardo Reis Filho, especialista em educação financeira e investimentos da Ágora, destaca que a previdência privada é uma boa opção e em casos de planejamento sucessório e pensão por morte. “É uma estratégia favorável pra quem está pensando em fazer planejamento sucessório. O custo de um inventário é de 20 a 30% do patrimônio e bastante burocrático”, diz Filho.

No entanto, é bom lembrar que o plano de previdência privada não garante os benefícios do INSS, como o seguro-desemprego e os auxílios em casos de acidente ou invalidez.

Junior comenta ainda que a previdência social é um importante instrumento de garantia da aposentadoria ao debitar de forma compulsória o valor de contribuição. “O trabalhador não possui ainda a cultura de poupar, então é importante ter essa garantia pela Previdência Social”, diz.

Diferenças entre a Previdência Social e a Previdência Privada:

Previdência SocialPrevidência Privada
É obrigatória para trabalhador com carteira assinada.É opcional, independentemente de estar ou não trabalhando.
Valor leva em conta o fator previdenciário, que pode diminuir o benefício de quem se aposenta mais cedo.Valor vai depender do quanto acumulou. Você planeja quando e quanto pagar e com qual idade pretende começar a receber.
Regras definidas pelo governo.Regras são definidas entre o investidor e a instituição contratada.
Sem flexibilidade de resgate.Flexibilidade de resgate.
Sem rentabilidade.Rentabilidade com exposição a diversos títulos de investimento.

Luana Meneghetti, O Estado de São Paulo