Noutros tempos, composição ministerial era um outro nome para guerra partidária. Sob Jair Bolsonaro, os militares substituem os políticos na disputa por espaço na Esplanada. Exército e Marinha medem forças pelo controle da pasta da Defesa.
A disputa foi deflagrada depois que Bolsonaro decidiu reposicionar o general Augusto Heleno. Deslocou-o da poltrona de ministro da Defesa para a de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
O Exército viu no movimento uma chance para reivindicar a manutenção do atual ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna. Mas a Marinha esboçou interesse em acomodar no posto o comandante da força, almirante Eduardo Bacellar Leal.
Para desassossego do Exército, Bolsonaro pende para a Marinha, única arma ainda não aquinhoada com um ministério. Em privado, o presidente eleito alega que é necessário assegurar o equilíbrio entre as três forças.
A Aeronáutica está simbolicamente representada na pasta da Ciência e Tecnologia, que será chefiada pelo astronauta Marcos Pontes, tenente-coronel da Força Aérea Brasileira. Quanto ao Exército, há uma super-representação.
Afora o próprio capitão Bolsonaro e seu vice, o general Hamilton Mourão, são egressos do Exército os generais Heleno (GSI) e Oswaldo Ferreira, que será ministro na área de infraestrutura —no Planalto ou num superministério.
Seja qual for o desfecho da disputa, uma conclusão se impõe: nenhuma outra agremiação ocupará tanto espaço no primeiro escalão da gestão Bolsonaro quanto o PFA ('Partido das Forças Armadas').
Com Blog do Josias, UOL