quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Juiz do caso Celso Daniel diz que presos não serão soltos. E Lula, Dirceu e Gilberto Carvalho? São inimputáveis?

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STF anulou processo nesta terça-feira. Os seis condenados por executar o ex-prefeito de Santo André, porém, estão na cadeia também por outros crimes

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Celso Daniel, então prefeito de Santo André, em entrevista coletiva sobre escândalo de corrupção no PT em 1997
Celso Daniel, então prefeito de Santo André, em entrevista coletiva sobre escândalo de corrupção no PT em 1997 - Itamar Miranda/Estadão Conteúdo
O juiz Antonio Galvão, da Comarca de Itapecerica da Serra (SP), que preside o processo do assassinato de Celso Daniel, afirma que os seis réus julgados e condenados pelo crime não sairão da cadeia, apesar da decisão do Supremo Tribunal Federal que anulou o processo nesta terça-feira. Segundo ele, os condenados estão presos também pela prática de outros crimes – por isso, não devem ser soltos. 
Galvão afirma que precisa ler o acórdão do STF para saber a extensão da decisão. "Se anular tem que refazer os julgamentos (dos executores)". Sobre a argumentação da defesa do empresário Sérgio Gomes, de que não pode fazer perguntas aos outros acusados, o juiz declarou: "Na sentença de pronúncia (quando mandou os acusados a júri) coloquei que a defesa não alegou isso no momento oportuno. Tiveram várias oportunidades." Galvão observou que o Superior Tribunal de Justiça, antes da decisão do STF, manteve a validade do processo.
Nesta terça, a primeira turma do STF decidiu anular o processo atendendo a um pedido de Sérgio Gomes, conhecido como Sombra, segundo quem sua defesa não participou do interrogatório dos demais acusados na fase de instrução do processo – anterior ao júri. O Ministério Público de São Paulo acusa Sérgio Gomes da Silva de ser o mandante do crime. Pela decisão, a fase de interrogatórios terá de ser refeita.
A votação na Primeira Turma foi apertada: os ministros José Dias Toffoli e Marco Aurélio Mello decidiram aceitar o argumento do réu. Luís Roberto Barroso e Rosa Weber votaram contra – não discutiram o mérito, mas sustentaram que o habeas corpus não era o instrumento correto para esse tipo de questionamento. O empate favoreceu o réu.
Apesar da anulação da ação penal, outras ações de improbidade administrativa abertas após a descoberta de esquemas de desvios de recursos da prefeitura de Santo André.
Segundo o criminalista Roberto Podval, que defende Sergio Gomes da Silva, a decisão de anular o processo só beneficia de imediato o próprio réu, e não os condenados pelo homicídio do ex-prefeito petista. Isso porque, na Primeira Instância, o juiz decidiu abrir uma ação penal para cada réu, e o Supremo só julgou o caso específico do seu cliente. Na avaliação do advogado, porém, a tendência é que os demais réus também peçam a nulidade do processo, o que abre espaço para que também possam invalidar a maior parte do processo.

Único réu que não enfrentou o júri, Sérgio Gomes da Silva faz tratamento contra um câncer e comemorou a decisão.
O crime – Prefeito de Santo André e escolhido para coordenar a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Daniel foi sequestrado ao sair de um restaurante e morto em circunstâncias misteriosas em janeiro de 2002. O caso chocou o país. As investigações também: seguindo um estranho roteiro, a procura pelos assassinos esbarrava sempre em evidências de corrupção. E mais mortes. Sete pessoas ligadas ao crime morreram em circunstâncias também misteriosas, entre acusados, testemunhas, um agente funerário, um investigador e o legista do caso.

Para a polícia, Celso Daniel foi vítima de crime comum: extorsão mediante sequestro, seguido de morte. Essa também é a versão do PT. Já familiares afirmam desde o início do caso que a morte do prefeito é um crime político em torno de um esquema de propina em Santo André que era do conhecimento da cúpula petista – o embrião de esquemas mais sofisticados de corrupção colocados em prática depois que o PT chegou ao poder.​


(Com Estadão Conteúdo)