terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Ambev se mantém como empresa mais valiosa da Bolsa; Petrobras cai para a quarta posição

João Sorima Neto e Ana Paula Ribeiro - O Globo

Valor de mercado da petrolífera encolheu R$ 87 bilhões este ano, segundo a Economática


A fabricante de bebidas Ambev se manteve como a companhia mais valiosa entre as empresas com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, embora tenha perdido R$ 14 bilhões em seu valor de mercado de 2013, quando também ficou à frente do ranking.

A companhia fechou o ano valendo R$ 256 bilhões, menos do que os R$ 270 bilhões do ano passado. Ja a segunda e terceira posição do ranking foram ocupadas pelos dois maiores bancos privados do país: o Itaú Unibanco (com valor de mercado de R$ 183 bilhões) aparece em segundo lugar e o Bradesco (valendo R$ 145 bilhões) ficou em terceiro. Na quarta posição, ficou a Petrobras, com valor de mercado de R$ 127 bilhões, uma perda de R$ 87 bilhões em relação ao ano passado, quando valia R$ 214 bilhões e estava em segundo lugar no ranking das empresas mais valiosas da Bolsa. O levantamento foi feito a pedido do GLOBO para a consultoria Economática.

A queda da Petrobras no ranking reflete a perda de cerca de 40% no valor de suas ações este ano, com a empresa assolada por denúncias de desvio de recursos utilizados para corrupção. O reajuste dos combustíveis abaixo do esperado e a queda do preço do petróleo no mercado internacional também afetaram o desempenho das ações.

- A empresa foi afetada em várias frente: denúncias, preço do petróleo em baixa no mercado externo e reajuste dos combustíveis abaixo do esperado - diz Maurício Pedrosa, sócio da Queluz Asset Management.

Outra que também perdeu espaço foi a Vale, que passou da terceira para quinta posição no ranking deste ano, sendo superada pelos bancos. A Vale foi prejudicada pelo preço do minério de ferro no exterior, que atingiu o menor patamar desde 2009, ficando abaixo de US$ 68 a tonelada.

Para o analista Lauro Vilares, da Guide Investimentos, a Ambev manteve a posição de empresa mais valiosa da Bolsa, mas sem motivo para atrair novos investidores. Isso porque, após um período de forte crescimento, a companhia não apresentou novas frentes de expansão. Depois de um pico de vendas por causa da Copa do Mundo, a Ambev teve um desempenho mais fraco no terceiro trimestre. O lucro antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização foi de R$ 4,09 bilhões no trimestre, uma queda de 3,2% no comparativo anual. A empresa destacou em seu relatório que a queda do Ebitda da unidade de cerveja no Brasil foi a principal explicação para a performance.

- Sem perspectiva de crescimento, as ações da Ambev afastaram um pouco os investidores. Ele não tem motivo para entrar. Os papéis da companhia tiveram queda de 1% no ano - avaliou Vilares.

Vilares lembra que mesmo sendo a mais valiosa da Bolsa, suas ações não são as mais negociadas. O giro médio diário da empresa está em R$ 170 milhões, ante R$ 500 milhões da Petrobras e R$ 300 milhões da Vale. No caso do Itaú Unibanco, as ações da instituição financeira movimento em média R$ 380 milhões a cada pregão e as do Bradesco, R$ 260 milhões.

Já o avanço dos bancos privados no ranking das companhias mais valiosas é explicado pela boa rentabilidade apresentada por essas instituições nos últimos anos.

- Os bancos têm uma diversificação de receitas, que independem da atividade econômica. Este ano, mesmo crescendo menos do que nos anos anteriores, o crédito deve se expandir cerca de 12% no sistema financeiro. Além disso, a inadimplência está em patamares baixos, o que reduziu as provisões para possíveis perdas. E a elevação da taxa de juros também ajudou no bom desempenho dos bancos - diz Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da agência de classificação de risco Austin Asis.

No ano, as ações preferenciais do Itaú Unibanco, que possuem a maior participação individual no Ibovespa, subiram 24,1%. Já as do Bradesco tiveram uma valorização de 23,3%.

Para Lauro Vilares, da Guide Investimentos, essas mudanças de posições no ranking são naturais.

- No início dos anos 2000, eram as empresas de telefonia as principais ações da Bolsa - afirma.

Ele lembra que depois da mudança do cálculo para a composição do Ibovespa, o índice de referência do mercado de ações brasileiro, o valor de mercado das companhias passou a ser levado em conta. Quanto maior o valor, maior o peso no índice.