quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

"Dilma quer distância", por Ilimar Franco

O Globo


A CNB, principal tendência do PT, está tentando entender por que perdeu terreno no governo. Dirigentes petistas avaliam que isso se deve ao envolvimento de quadros da corrente nos escândalos do mensalão e da Petrobras. A presidente Dilma, que vai tomar posse em um ambiente de ajuste fiscal e crise econômica, quer evitar que a Operação Lava-Jato perturbe ainda mais sua gestão.
Diferença de qualidade
Os ministros Ricardo Berzoini e Carlos Gabas são os únicos quadros orgânicos da CNB no segundo governo Dilma. Os demais (Tereza Campello, Aloizio Mercadante, Arthur Chioro e Patrus Ananias) não têm peso no núcleo dirigente. E não chegaram lá pelas mãos da tendência. Alguns até, como Patrus, a despeito do comando mineiro do grupo. Nos governos Lula, ela era hegemônica e tinha quadros como José Dirceu, Antonio Palocci, Gilberto Carvalho, Luiz Dulci e Luiz Gushiken. O predomínio se repetiu no primeiro mandato de Dilma, que tinha Palocci e Gilberto, mais Ideli Salvatti, Fernando Pimentel e Gleisi Hoffmann. A CNB tem cargos, mas perdeu a direção política.
O custo da operação
Vai custar mais R$ 110 milhões a permanência das Forças Armadas no Complexo da Maré até março, quando se inicia a transição para a polícia do Rio. O Ministério do Planejamento resistiu a liberar os recursos o quanto pôde.
A ministra deu sua contribuição, mas é necessária a qualificação da Secretaria de Direitos Humanos com a nomeação de petista ligado à área

Setorial Nacional de Direitos Humanos do PT
Documento que pede a cabeça de Ideli Salvatti
Esperneando
O Setorial de Direitos Humanos do PT publicou documento pedindo a substituição da ministra Ideli Salvatti. O texto diz que ela é estranha à pasta e distante dos movimentos sociais. Reivindica um ministro de esquerda e faz críticas afirmando que a falta de militância de Ideli na área “fez com que nenhuma política específica da pasta avançasse”.
Deita e rola
A oposição se diverte com o pacote que restringe direitos dos trabalhadores. Ela vai votar contra, tentar atenuá-lo e propor votação nominal. O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), resume: “O PT vai ter que mostrar sua cara”.
Quem sabe faz a hora
O futuro ministro Cid Gomes esteve no Ministério da Educação na segunda-feira e sinalizou que, por enquanto, não fará mudanças no segundo escalão. Ele diz que há processos em andamento e que é preciso concluí-los antes de fazer trocas. Petistas da pasta dão como certa a manutenção do secretário executivo, Luiz Cláudio Costa.
O conselheiro full time
Um parlamentar que esteve com Aloizio Mercadante recentemente conta que o ministro atrasou a reunião em 40 minutos porque estava com a presidente Dilma e que, em uma hora de audiência, Dilma telefonou para ele quatro vezes.
Aos derrotados, a compaixão 
Assessores da presidente Dilma debitam aos contrariados a proliferação de informações de que o ex-presidente Lula está descontente com o novo Ministério. Dizem que Lula não arrasta o caixão de ninguém e citam o caso de José Dirceu.
O ministro Henrique Paim (Educação) deve voltar a ser secretário executivo de Aloizio Mercadante (Casa Civil). Eles atuaram juntos na Educação.