quinta-feira, 11 de junho de 2020

Qualificado de “racista”, ‘…E o Vento Levou’ é retirado de plataforma de streaming

A obra que romantiza a época da Guerra Civil americana é a mais recente vítima dos protestos que tomaram as ruas de vários países depois do assassinato do segurança George Floyd
Considerado um dos maiores filmes da história pela unanimidade dos cinéfilos, ...E o Vento Levou foi retirado do catálogo da HBO Max por ser qualificado de racista. A obra que romantiza a época da Guerra Civil americana é a mais recente vítima da radicalização dos protestos que tomaram as ruas de vários países depois da morte do segurança George Floyd, assassinado de maneira cruel por um policial de Minneapolis, nos Estados Unidos .
Nesta segunda-feira, 8, uma estátua de Winston Churchill foi pichada durante um protesto antirracista em Londres. Os manifestantes escreveram a frase “era um racista” embaixo do nome do ex-primeiro-minitro britânico, homem que salvou a democracia que a Alemanha hitlerista quase destruiu.
Segundo o jornal The New York Times, o serviço de streaming prometeu trazer o título de volta “com uma discussão sobre seu contexto histórico, enquanto denuncia os erros raciais da obra.” O longa-metragem, de 1939, se passa numa fazenda em Atlanta e ganhou oito prêmios da Academia, incluindo melhor filme e melhor atriz coadjuvante por Hattie McDaniel, a primeira negra a vencer um Oscar.
Baseado num livro de Margaret Mitchell escrito em 1936, o filme narra o caso de amor entre Scarlett O’Hara (Vivien Leigh), filha de um proprietário rural, e Rhett Butler (Clark Gable), um charmoso aventureiro. Os críticos acusam há algum tempo que os escravos são apresentados como bem tratados, contentes e leais a seus senhores.
“...E o Vento Levou é um produto de seu tempo e descreve alguns dos preconceitos étnicos e raciais que, infelizmente, têm sido comuns na sociedade americana”, afimou a HBO, em comunicado. “Essas representações racistas estavam erradas na época e estão erradas hoje. Acreditamos que mantê-las sem uma explicação e uma denúncia seria irresponsável”.
Há alguns anos, a obra literária de Monteiro Lobato também foi rotulada de racista por extremistas do “politicamente correto”. Numa entrevista à revista Veja, em 2012, João Luís Ceccantini, coautor do livro Monteiro Lobato – Livro a Livro, deu uma declaração que vale não apenas para o caso do criador do Sítio do Pica-Pau Amarelo, mas para qualquer tentativa de censura de produções clássicas. “Querer censurar ou modificar em algum grau uma obra cultural é um absurdo”, disse. “Trata-se de analfabetismo histórico, que despreza o tempo em que determinadas obras foram feitas”.

, Revista Oeste