Parasitas de tragédia, liberais de cativeiro e humanistas de butique estão irmanados com governadores que têm a polícia nos calcanhares
Uma integrante do gabinete do amor foi à porta do Palácio cobrar do presidente as mortes por coronavírus. É o amor nos tempos do cólera, como diria García Márquez. Ali pertinho, as vedetes do STF devem ter pensado: ainda bem que ela não viu a gente.
Na verdade, viu. Mas fingiu que não viu. O gabinete do amor sabe que, se fosse para discutir para valer responsabilidade de autoridades no enfrentamento da epidemia, a conversa teria que começar no Supremo. Mas aí não teria graça. Ninguém se promove batendo em cachorro morto.
O STF deu a caneta mágica aos governadores (e prefeitos) para montarem o Covidão e a quarentena totalitária, combinação devastadora da qual todos os cúmplices achavam até anteontem que sairiam imunes. Agora já começaram a entender que não será bem assim.
O STF deu a caneta mágica aos governadores (e prefeitos) para montarem o Covidão e a quarentena totalitária, combinação devastadora da qual todos os cúmplices achavam até anteontem que sairiam imunes. Agora já começaram a entender que não será bem assim.
O impeachment do governador do Rio de Janeiro começou a caminhar formalmente. Wilson Witzel é do mesmo partido da funcionária do gabinete do amor que foi tentar grudar cadáveres no presidente na porta do Palácio.
Não do mesmo partido político. Do mesmo partido existencial. A razão de viver de Witzel e da milícia do amor colérico é idêntica: surfar no antibolsonarismo — seja lá o que isso for. A contabilidade manual de uma birosca de beira de estrada é mais sofisticada que as mentes desses surfistas da pequena política nacional.
Não do mesmo partido político. Do mesmo partido existencial. A razão de viver de Witzel e da milícia do amor colérico é idêntica: surfar no antibolsonarismo — seja lá o que isso for. A contabilidade manual de uma birosca de beira de estrada é mais sofisticada que as mentes desses surfistas da pequena política nacional.
Pela primeira vez na história da humanidade a ciência foi confundida com batuque de panela em quarentena vip
Quando a vida não te dá proteína espiritual, é alta a probabilidade de você achar que suas chances de progredir estão condicionadas à mistificação. À simulação. À montagem de um campo de batalha cenográfico do qual você sairá inexoravelmente vencedor, porque tudo ali é produto da sua birosca mental. E como a proteína é pouca, você vai se encantar com a hipótese de que todos acreditarão para sempre no seu novelão, e te levarão a sério.
Na linguagem do surfe, o pico é o lugar onde surgem as melhores ondas. Para os surfistas de epidemia, o pico está sempre ali na frente — eternizando a onda da patrulha mórbida que significará, após uma espetacular distribuição de culpas, o sucesso inevitável deles e de suas pranchetas. Os urubus sobrevoaram essa cena e foram embora após um singelo comentário: “Que babacas”.
Os parasitas de tragédia, os liberais de cativeiro e os humanistas de butique estão irmanados na complacência silenciosa para com governadores que estão com a polícia nos calcanhares. Nenhuma dessas libélulas antifascistas viu cidadãs sendo barbarizadas nas ruas por tiranetes. Estavam mais preocupadas em tramar com a “comunidade científica” do PT, do PSOL e genéricos as diretrizes de fundo de quintal para manter todo mundo preso e asfixiar a sociedade. O motivo era nobre: caprichar no acabamento do vilão que justificaria seu heroísmo de proveta.
Pela primeira vez na história da humanidade a ciência foi confundida com batuque de panela em quarentena vip — lugar seguro onde panela vazia é tamborim e não faz coro com estômago roncando.
Pode ser que ninguém tenha notado o silencio do gabinete do amor diante dos milhões desviados em respiradores fajutos, hospitais de fachada e soro fisiológico superfaturado; diante das estatísticas batizadas para potencializar o roubo; diante da deliberada mistura de dados entre vítimas do coronavírus e portadores de outras doenças graves para apavorar a população. Pode ser até que o truque sobreviva um pouco mais — que seja infinito enquanto dure, como se diz no pico do Mandetta — e que Papai do Céu não esteja vendo.
Mas os urubus já viram. E a sentença é definitiva: babacas!
Revista Oeste