segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

"O Globo de Ouro, termômetro do Oscar? Está pintando…", por Luiz Carlos Merten

Quando saí do jornal, por volta de 1h30 – só pudemos mudar a capa até 1h15 -, Alfonso Cuarón havia acabado de receber o Globo de Ouro de direção por Roma, que anteriormente já havia recebido o de melhor filme em língua estrangeira. 

Tenho escrito tanto que o prêmio da Associação do Correspondentes Estrangeiros de Hollywood deixou de ser o indicador mais seguro do Oscar, porque esse ‘termômetro’ transferiu-se para os prêmios das guilds, os sindicatos. 

Mas tenho a impressão de que, em 2019, o Globo de Ouro vai ser, sim, parâmetro para a Academia, embora tudo vá depender das próprias indicações. 

A Academia vai indicar Roma para melhor filme estrangeiro ou para melhor filme? 

Só para lembrar, em 1998 A Vida É Bela venceu melhor filme estrangeiro e Roberto Benigni foi melhor diretor. 

Em 2012, outro ‘estrangeiro’, mas falado em inglês, ou com legendas em inglês, porque era mudo, pôde concorrer a melhor filme e levou. Jean Dujardin e Michel Hazanavicius também venceram melhor ator e diretor. 

Este ano, tenho a impressão de que, por ser falado 100% em espanhol (e em dialetos indígenas mexicanos), Roma vai concorrer a filme estrangeiro e Alfonso CUarópn vai levar o Oscar de direção, como no Globo de Ouro. 

Apesar da piadinha de Sandra Oh sobre Bradley Cooper, o homem mais quente da noite foi também o grande derrotado. 

Lady Gaga não quebrou a maldição de Nasce uma Estrela e não levou a estatueta de atriz. 

Nessa altura, já estou misturando Oscar com Globo de Ouro. Indicadas para o prêmio da Academia, nem Janet Gaynor nem Judy Garland ficaram com a estatueta e Barbra Streisand, que não foi indicada para melhor atriz perlo papel, venceu o Oscar de canção, por Evergreen, como Gaga, ontem, por Shallow. 

Derrubado o favoritismo de Bradley Cooper, perdeu filme e ator de drama, e em ambas as categorias levaram Hungarian Rhapsody e Rami Malek, o Freddie Mercury. Glenn Close venceu melhor atriz de drama e está fantástica em A Esposa. Olivia Colman venceu melhor atriz de comédia ou musical, por A Favorita, e também é fantástica. 

O duelo vai ser entre as duas no Oscar de melhor atriz e Gaga só ganha se houver um impasse – como em 1950, quando concorriam Bette Davis (Margo Channing, em A Malvada) e Gloria Swanson (Norma Desmond, em Crepúsculo dos Deuses) e venceu Judy Holliday, por Nascida Ontem. 

Já podemos especular – Nasce uma Estrela e Hungarian Rhapsody, ambos dramas com musica, serão indicados paras o Oscar de melhor filme, mas como Cuarón vai levar a estastueta de melhor diretor – a segunda, após Gravidade -, não será o caso de a Academia premiar Vice como melhor filme. 

Ainda não vi o longa de Adam McKay, sobre o qual fala-se maravilhas, e ele já ganhou o prêmio de roteiro por A Grande Aposta. 

Pode ser… 

Estou aqui delirando. Achei legal o prêmio especial para Carol Burnett, uma figura preedominantemente de TV, mas viajei na lembrança de seus filmes com Martin Ritt e Robert Altman. E tenho de admitir que o prêmio de ‘life achievement’ para Jeff Bridges não me emocionou. 

Entrevistei o cara pelo western dos irmãos Coen, Bravura Indômita, e ele foi tão arrogante cagando – me desculpem a vulgaridade – em John Wayne e Henry Hathaway, que fizeram o filme antigo, que tomei a maior antipatia. 

Enfim, menos um Globo de Ouro e, agora, mais um Oscar a caminho.

O Estado de São Paulo