O presidente Michel Temer deverá sair vencedor na votação da Câmara que decidirá, nesta quarta-feira, 2, se autoriza ou não o STF a abrir processo contra ele por corrupção passiva. Porque Temer conta hoje com mais de 172 apoiadores, número suficiente para evitar o início das investigações e automático afastamento da Presidência da República por 180 dias. Significa que os contrários a ele não têm os 342 votos exigidos para que a ação prossiga, conforme determinação constitucional. Mas dificilmente Temer passará dos 290/300 votos.
Indagado na tarde desta terça-feira, 1, se está confiante na vitória, Temer respondeu: "Seguramente. Quem ganha é o Brasil".
É uma frase forte. Sobre ela deve-se pensar um pouco. Temer, de fato, salvará o mandato. Mas dificilmente a vitória dele pode ser considerada uma vitória do Brasil. Seria se ele obtivesse de 320/340 votos. Não por Temer, mas pelo que vitória de tal expressividade representaria.
No mínimo, o presidente poderia se dedicar novamente à reforma da Previdência, depois à tributária, à política, e assim por diante. Acontece que se ficar com menos de 300 votos, Temer encontrará pela frente enormes dificuldades para tocar as reformas. Portanto, o Brasil não ganha nada. O presidente pode dizer que venceu. Isso é incontestável. Afinal, números são números.
Mas será uma vitória apenas matemática. Sem uma vantagem grande, Temer passa a ser um presidente comum, preocupado em sobreviver. Perderá a força que teve no início do mandato, quando aprovou a difícil emenda constitucional do teto de gastos para o setor público.
*Coordenador do serviço Análise Política do Broadcast Político