Ninguém conhece tão bem a necessidade de manter um segredo quanto aqueles que agiram errado e não querem que ninguém descubra. Poucos cavam segredos escusos com tanta insistência quanto bons jornalistas. Em 2011, a Polícia Federal produziu seu relatório final sobre o esquema do mensalão, após seis anos de investigações e mais de 100 testemunhas ouvidas. ÉPOCA obteve o documento, com exclusividade. Publicada em abril de 2011, “A anatomia do valerioduto” revelou que dinheiro público, desviado principalmente do Banco do Brasil, alimentava o mensalão.
Em 2015, ÉPOCA trouxe uma nova bomba: o Ministério Público Federal acabara de abrir uma investigação contra Lula por tráfico de influência internacional. A reportagem “Lula, o operador” mostrava como, nos quatro anos desde que deixara a Presidência, Lula havia viajado a trabalho. Os destinos eram os mais variados, de Cuba a Gana. A maioria das viagens foi bancada pela construtora Odebrecht. Documentos obtidos por ÉPOCA revelavam que a Procuradoria da República em Brasília havia aberto, uma semana antes, uma investigação contra Lula por tráfico de influência internacional e no Brasil. Ele era suspeito de facilitar negócios da Odebrecht com representantes de governos estrangeiros entre 2011 e 2014. Percebeu-se um padrão: o ex-presidente se encontrava com o líder em exercício de outro país, em viagem paga pela Odebrecht. Depois, a Odebrecht era contratada e o BNDES oferecia um empréstimo que facilitava o negócio.
Três meses depois, ÉPOCA publicou mais uma reportagem com Lula na capa: “Nosso homem em Havana”. A reportagem obteve arquivos sigilosos em que burocratas descreviam as condições camaradas dos empréstimos do BNDES para as obras.
Quando a primeira reportagem foi publicada, o julgamento do mensalão ainda estava no meio. O processo havia começado em 2007, após o Supremo Tribunal Federal aceitar a denúncia do Ministério Público Federal contra os 40 acusados de participar no esquema do mensalão (de compras de votos no Congresso). Foram ouvidas 600 pessoas e quebrados os sigilos fiscais de 38 réus. Destes, 24 foram condenados na última instância. Em 9 de agosto deste ano, o Ministério Público Federal desarquivou o inquérito contra o ex-presidente relacionado ao mensalão.
A capa da edição 882, de maio de 2015, “Lula, o operador”, estampava um documento: uma investigação do Ministério Público Federal por suspeita de tráfico de influência internacional. A reportagem teve repercussão planetária. O jornal americano The New York Times, o britânico The Guardian, o espanhol El País, o francês Le Monde, assim como o site da emissora britânica BBC e a agência de notícias Reuters dedicaram espaço à investigação revelada por ÉPOCA. Por causa dos documentos expostos pela revista, o MPF investigava as visitas de Lula aos países aos quais o BNDES emprestou dinheiro.Quando a primeira reportagem foi publicada, o julgamento do mensalão ainda estava no meio. O processo havia começado em 2007, após o Supremo Tribunal Federal aceitar a denúncia do Ministério Público Federal contra os 40 acusados de participar no esquema do mensalão (de compras de votos no Congresso). Foram ouvidas 600 pessoas e quebrados os sigilos fiscais de 38 réus. Destes, 24 foram condenados na última instância. Em 9 de agosto deste ano, o Ministério Público Federal desarquivou o inquérito contra o ex-presidente relacionado ao mensalão.
A terceira reportagem teve impacto direto na CPI que investigava as operações do BNDES. Na segunda-feira após a revista chegar às bancas, a oposição pedia a convocação do ex-presidente para que ele prestasse esclarecimentos – o que não chegou a acontecer. Meses depois, a CPI acabou sem nenhum pedido de indiciamento e com aquele gosto conhecido de pizza. Mas Lula foi denunciado na Operação Zelotes, também por tráfico de influência. Em abril deste ano, a situação do ex-presidente ficou mais delicada. A delação-bomba de Marcelo Odebrecht confirmou o que os leitores de ÉPOCA já sabiam: o ex-presidente Lula ajudou a viabilizar a contratação do grupo para obras no Porto de Mariel, em Cuba, o que a lei brasileira não permite.