quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Presidente da Eletrobras diz que empresa não será vendida a preço de banana


O presidente Eletrobras, Wilson Ferreira Junior - Ana Paula Paiva / Valor Econômico/04-05-2017




Ramona Ordoñez - O Globo


Para o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, o processo de reestruturação continua. Ele avalia que a decisão de privatizar a companhia deve ajudar o Plano de Demissão Voluntária, que tem meta de adesão de 2.500 empregados. Confira a entrevista a seguir:

O plano de reestruturação fracassou?
Não, tudo continua sendo feito do mesmo jeito. Todas as ações previstas no plano têm o poder de valorizar a companhia.


Qual o objetivo da privatização?
O Brasil oferece um conjunto de oportunidades para crescimento, tanto que já tem grandes grupos aqui, como a EDP, Enel, EDF. Essas empresas são grandes corporações mundiais com custo capital mais baixo, com agilidade maior, como estamos querendo nos transformar.

Não é um risco passar quase um terço da geração de energia do país ao setor privado?
Quando a transação for concluída, vamos ter uma corporação, como a Vale e a Embraer. O governo continuará com uma participação relevante, da golden share.

Quais são os problemas de gestão?
A origem dos problemas da Eletrobras é que não conseguiu adequar seus custos às suas receitas. Quando se aplicou a medida provisória 579, a companhia teve queda permanente em suas receitas em quase 25%.

Mas a empresa continuou investindo...
Sim, na mesma época tomou decisões de investimentos de grande porte, com taxas de retorno que se mostraram baixas. É uma conjunção de iniciativas que agravaram a situação da companhia.

As mudanças que estão sendo feitas na gestão permitirão reduzir pessoal?
Sim, estamos implantando um modelo de gestão com menos gerências, serviços compartilhados, isso dará condição de reduzir empregados.

O anúncio da privatização pode afetar o programa de demissão voluntária?
Não, pode até ajudar. O Plano de Demissão Voluntária será lançado no fim do ano, para começar em janeiro de 2018, iniciando no Rio de Janeiro, a partir da unificação dos serviços compartilhados de várias empresas do grupo. A previsão de adesão é de 2.500 empregados.

Quando a privatização deverá ocorrer?
Tem um procedimento longo para virar realidade, idealmente até o fim do primeiro semestre de 2018. Não vamos parar a Eletrobras. As iniciativas continuam porque isso vai valorizar a companhia. A empresa não será vendida a preço de banana.