ÉRICA FRAGA
MARIANA CARNEIRO
Folha de São Paulo
MARIANA CARNEIRO
Folha de São Paulo
De modesta retomada a aprofundamento da recessão, os cenários traçados pela maioria dos analistas variam de forma significativa de acordo com o possível desfecho da crise política.
Para economistas, se a presidente Dilma Rousseff permanecer à frente do governo, a derrocada econômica poderá se acentuar, com contração de até 6% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.
Já uma mudança de governo não tiraria o país do atoleiro num passe de mágica, mas poderia trazer um pequeno crescimento, de 1,2%, em 2017 e aceleração vagarosa a partir de 2018.
Ainda assim, isso só ocorrerá se reformas difíceis, que ataquem os problemas que contribuíram para a recessão atual –a pior já vivida pelo Brasil–, forem adotadas.
COM DILMA
A continuação de Dilma Rousseff é vista como porta para o agravamento dos principais problemas econômicos que o país enfrenta: o descontrole das contas públicas e a paralisia dos investimentos.
A avaliação é que, sem apoio parlamentar, dado o impasse político, a presidente não conseguiria aprovar as medidas duras que darão sustentabilidade às contas do governo no longo prazo.
Isso leva a uma percepção maior de risco, que se traduz no congelamento dos investimentos e na alta das taxas de juros (o que prejudica empresas e consumidores).
Para Alessandra Ribeiro, analista da consultoria Tendências, esse quadro levaria a recessão a se aprofundar para 6% em 2016.
"O que está por trás disso é que, se ela sobreviver, sairá politicamente mais frágil e terá que responder à sua base de apoio com aumento de gastos", diz Ribeiro.
Segundo Robert Wood, analista de Brasil da Economist Intelligence Unit, as perspectivas econômicas em um cenário de permanência de Dilma hoje são ainda piores do que há um mês.
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, trabalha com dois conjuntos de projeções completamente diferentes que chama de "realista" (sem Dilma) e "pessimista" (com Dilma).
Na semana passada, ele revisou para baixo as projeções de PIB em 2017 no cenário com Dilma. Antes, achava que o PIB em 2017 cairia 1,1%, caso a presidente permaneça. Agora, prevê contração de 2,5% no próximo ano. Para 2016, ainda nesse cenário, manteve retração de 4,9%.
"Os sinais que vêm do Congresso são os piores possíveis. Isso impediria qualquer conversa mínima de Dilma com o Legislativo", diz Vale.