quarta-feira, 2 de março de 2016

Só há 38 girafas-núbias vivas no Congo


Espécie está sendo caçada por sua pele e carne - Wikimedia


Pedro Mansur - O Globo



Subspécie está à beira da extinção devido à caça


O parque nacional Garamba, na República Democrática do Congo, é o segundo parque mais velho na África, com 12,4 mil quiômetros quadrados. Há 40 anos, servia de casa para 500 rinocerontes brancos do Norte, mais de 20 mil elefantes e 350 girafas-núbias. Hoje, após guerras civis, insegurança crônica e a eterna ameaça de caçadores, os animais estão pagando o preço.

Não há mais rinocerontes: os últimos três da subspécie, que já era rara, estão no Quênia. A população de elefantes caiu para 1.500. E apenas 38 girafas-núbias sobrevivem, neste país onde habita a maioria da subspécie.

Após a guerra civil no Congo (1998–2003), o número era de 86 animais. Muitos morreram desde então nas mãos de caçadores. Eles matam as girafas por sua pele e carne, altamente valorizadas e caras, num país com uma renda per capita anual de menos US$ 388.

Segundo a equipe do parque, a população de girafas ainda é grande o bastante para preservar a espécie, mas está no limite absoluto. No momento, são 34 adultos e quatro filhotes. "No momento, são 1 macho para cada 2,4 fêmeas. É uma população autosustentável. Mas se tivermos azar ou alguma ameaça séria e súbita, basta perdermos cinco girafas que a população talvez não seja mais viável", diz Aimé Balimbaki, chefe de pesquisa e monitoramento no parque ao jornal britânico "Express".

O parque fica na fronteira com o Sudão do Sul, em guerra civil desde sua formação, em 2013. Uma das maiores ameaças ás girafas são refugiados fugindo dos combates, que matam para comer. Organizações de conservação pedem ajuda do governo congolês para o problema dos refugiados, que aumentam em número a cada dia.

Protegê-las é dificil: o parque está apelando para rastreadores. Guardas florestais colocam colares com transmissores nos animais, na esperança que assim possam acompanhar seu paradeiro e mantê-los em segurança, o que já é dificl numa área grande como a do parque. Ano passado, quatro guardas foram mortos por caçadores tentando proteger elefantes.